04 outubro 2012

Jerónimo de Sousa na moção de censura

"O país não pode
esperar até 2015 !"




«(...) O governo que hoje é confrontado com a nossa Moção de Censura, é um governo cada vez mais isolado, um governo cada vez mais desacreditado aos olhos dos portugueses.
Os portugueses afirmam-no todos os dias, enchendo as praças e as ruas deste país como o fizeram no passado dia 29 a convocatória da CGTP, fazendo transbordar o Terreiro do Paço, exigindo o fim deste governo, um ponto final nesta política e do Pacto de Agressão que tudo arruína, como o haviam feito em 15 de Setembro e em muitas outras acções de luta, e, particular nas empresas contra o aproveitamento pelo capital das alterações ao Código de Trabalho.
O clamor de indignação e protesto que se houve por todo o país é porque sente e vê que neste governo a injustiça perpassa por todas as suas decisões. Que é a iniquidade que reina em cada medida tomada. O grito de revolta que atravessa o país resulta de hoje se saber com cristalina evidência que a preocupação central e única deste governo é a descobrir e escolher a melhor forma de transferir os custos da crise para os trabalhadores e para o povo. Não há outras política, não há preocupação senão esta, a de promover o sistemático empobrecimento dos trabalhadores e do povo, cortando salários e reformas, nos direitos laborais e sociais, aumentando impostos sobre o trabalho e sobre o consumo, cortando nos serviços públicos e aumentando os seus preços, retirando e diminuindo o alcance das protecção sociais no desemprego, na doença e na velhice.


Um governo que chegou aonde chegou usando o engano, sem disfarce e sem pudor, na conquista dos eleitores. Na caça ao voto valeu tudo!


Que não havia aumentos de IVA dizia-o o PSD. Nem de impostos afirmava o CDS. Nem cortes no 13º. Mês! Depressa esqueceram tudo, para fazer o contrário. Dizia o PSD no seu Programa Eleitoral, “queremos ser diferentes daqueles que nos governam e que não têm qualquer sentido de respeito pela promessa feita ou pela palavra dada. Assumimos um compromisso de honra para com Portugal. E não faltaremos, em circunstância alguma, a esse compromisso”. O resultado é conhecido!

O sentimento de repulsa que se colhe por todo o lado resulta da impossibilidade de já não haver artificio que possa encobrir a farsa do discurso da equidade nos sacrifícios. De se saber que o anúncio de medidas de agravamento fiscal sobre os rendimentos de capital são meras operações de diversão – areia para os olhos do povo! Que tudo cai e de forma dolorosa sempre sobre os mesmos – sobre os trabalhadores e sobre as camadas intermédias do povo. Da tomada de consciência de que o país competitivo de que falam é com o povo na miséria.
O país não pode esperar até 2015! Os que se apressam a proclamar que a rua não manda, que afirmam que o governo não pode atirar a toalha ao chão porque o governo está legitimado para governar, mostram a sua indiferença sobre o destino do país. Os que dizem que são um referência de estabilidade, quando são sim uma referência da continuidade, não estão a pensar no país, mas tão só neles, na possibilidade de poder lhes cair de podre no regaço para continuarem a mesma política de sempre, indiferentes ao sofrimento do povo e à derrocada do país! (...)» (na íntegra aqui)

Uma afirmação de Domingos Lopes ou...

... conta-me o que mais queres


Em artigo de opinião hoje no Público, de óbvia e legítima promoção do Congresso Democrático das Alternativas, o meu amigo Domingos Lopes, para meu desgosto, consegue escrever que (sublinhado meu) «para agravar esta situação, à esquerda, PCP e BE não dão um único sinal de entendimento nem entre eles, nem de encostar o PS às cordas.»

Diga-se em abono da verdade que, ao escrever isto, Domingos Lopes não está a criar nenhuma originalidade mas antes e  apenas a absorver um persistente juízo que outros, comoda e pouco racionalmente, tem alinhavado no espaço público.

Eu confesso que não percebo:o PCP e o BE têm discursos políticos autónomos (e diferenças de opinião em certas matérias) mas que convergem em numerosos pontos de grande importância; em regra, na AR votam reciprocamente a favor da maioria das propostas de cada um e, para abreviar, exprimem um similar apoio à maior parte das movimentações e lutas sociais, desde logo no que respeita  às grandes iniciativas  organizadas pelo movimento sindical unitário.

Sendo assim, que me resta dizer ? Que, quanto ao encostar o PS à parede, se de facto já não estiver, estou convencido que o PCP e o BE agradecerão as luminosas e fresquíssimas sugestões de Domingos Lopes. E que, quanto à alegada falta de «um único sinal de entendimento» entre PCP e BE, prefiro acreditar ainda que Domingos Lopes não esteja a pensar em soluções que afectariam a identidade e autonomia de cada um dos dois partidos e não se alinhe pelos que sobrevalorizam as coreografias mediáticas e desvalorizam a substância política concreta que descrevi no terceiro parágrafo. 

Acreditem

Nunca vi
um emblema tão deslocado !




Porquê ? Por isto :




Imperdível

Nova mini-crise no governo ?

(vídeo a ver aqui antes que seja eliminado)
(copiado, entre outros, de aqui)

Não, é apenas um parlapatão,
sem escrúpulos e sem pingo
 de vergonha na cara.

03 outubro 2012

Juntando notícias...

... para ficar ainda mais claro
que querem que paguemos
os roubos dos seus amigos !





Depois do Gaspar de hoje

Consintam-me na repetição



Num dia assim e em vésperas do C.D.A.

Um desnecessário
floco de nevoeiro político 




Porque o debate democrático de ideias não pode abdicar da frontalidade e franqueza, lamento tão sincera quanto profundamente que, em conferência de imprensa hoje realizada, o Prof. José Reis, respeitável personalidade que é um dos mais destacados promotores do Congresso Democrático das Alternativas, tenha incluído nas suas declarações, em geral justas e pertinentes, um apelo a que os partidos de oposição "aceitem sair das suas trincheiras" (aqui aos 15 m.) e passem a um diálogo ainda que crítico. 

A este respeito, começo por voltar a lembrar que o diálogo entre forças políticas não é apenas coisa de negociações formais ou salas de reunião, antes acontece no espaço público e à vista de toda a gente através da manifestação das posições de uns sobre as propostas de outros e vice-versa, assim se evidenciando as convergências ou as discordâncias , como tem estado bem patente nestes dias.

Acontece que, a meu ver, é nanifestamente pouco feliz esta referência às «trincheiras» e que se trata de é um apelo de efeito fácil mas que releva de um carácter salomónico e superficial, filho de uma equitativa distribuição de responsabilidades que, como o Prof. José Reis saberá tão bem como eu, é injusta e sem aderência à realidade.

Com efeito, o Prof. José Reis não pode deixar de saber, bem no concreto, de que diferentes e distanciadas orientações, propostas e valores se faz aquilo a que chamou de "trincheiras". Mais: ele próprio e os outros promotores do C.D.A. terão em relação a elas, as suas próprias simpatias ou antipatias, concordâncias e discordâncias, proximidades e distâncias.

Talvez haja uma pergunta que possa iluminar esta questão: que diria o Prof. José Reis se, em resposta ao seu apelo, o PS lhe respondesse assim: "Sair das trincheiras ? Então porque não sai o Congresso Democrático das Alternativas da sua [justíssima, digo eu] trincheira da posição anti-memorandum que é um elemento fundador e estrutural da convocatória dessa iniciativa ? ".

Estou quase certo que, em tal caso, o Prof. José Reis,  por sua vez, responderia algo assim:" primeiro, não é adequado, para não dizer que não é sério, chamar "trincheira" ao que são firmes convicções de esquerda; segundo, não há nenhum desejo de entendimento à esquerda que possa ser alicerçado no rasgar de convicções que a própria realidade se está encarregando de mostrar a sua justeza".

Mais coisa menos coisa

Coisa boa não pode sair da boca 
do Governador-Geral-adjunto do
território


manchete do Diário Económico

e aposto que disto
(e do que este valor representa)

não falará Vítor Gaspar



O sempre inesquecível Bebiano ou...

... o formidável tiro de canhão


Aqui, Rui Bebiano ( o mesmo que aqui, com uma incomparável sensatez e modéstia, atribuía ao Congresso das Alternativas a missão de «unir para construir e propor (...) uma alternativa real de governo ), considera asperamente que as moções de censura do PCP e do BE são tiros de «pólvora seca» e depois escreve (sublinhados meus) «(...) Neste cenário, a abstenção deste partido [o PS] , agora proposta pelo seu irresoluto secretário-geral, seria e será inevitável. Mas como poderia deixar de o ser? No entanto, o inevitável não seria evitável com a apresentação de uma moção única que servisse mais para unir a oposição ao governo do que para demarcar fronteiras? (...)».

Já estou a ver o tiro de canhão que seria uma moção de censura que, para agradar ao PS, excluísse qualquer referência ao memorando com a troika e se alinhasse pela maior milonga dos tempos que correm e que é a da virtuosa harmonização entre austeridade e crescimento económico e criação de emprego. Tudo, para, no fim, o PS não assinar na mesma, como Rui Bebiano muito bem sabe.

Resposta atrasada a José Neves

Para que se saiba


Neste post aqui (reprodução de artigo no i) do estimável e inteligente José Neves, datado de 27/9, consta o seguinte parágrafo (atenção à parte sublinhada):


Mais coisa menos coisa, na respectiva caixa de comentários, respondi-lhe assim (tendo-me então esquecido de explicar que, no corpo das manifestações, nunca vejo quadrados [*] nenhuns):


«Lamento que José Neves tenha caído no acinte e na difamação política ao escrever que «o partido parece cada vez menos capaz de sair do quadrado em que, nas manifestações, os seus próprios serviços de ordem tendem a encerrar os próprios militantes comunistas».

Embora com graus de certeza diferente (num caso, falo de outros, noutro falo de mim), há duas coisas que lhe posso garantir:

- a primeira é que, nas manifestações, os militantes comunistas não se sentem encerrados por coisa nenhuma e tudo o que nelas fazem é o que corresponde à sua cultura política e à sua vontade;

- a segunda é que, em 38 anos de manifestações, com excepção de um 1º de Maio em que fiz parte da delegação oficial do PCP, mesmo nos 14 anos em fui membro da Comissão Política, sempre andei pelas manifestações como mais me apeteceu, para baixo, para cima, para o lado  and so on.

Decididamente, um pouco menos de ligeireza era bonito e ficava-lhe bem.» 

[*] Talvez seja de lembrar que, na manifestação contra a Nato, quem queria um «quadrado» próprio era um certo grupo então muito apoiado por José Neves.