21 março 2014

Para que o barulho das luzes não esconda o essencial

Correspondendo ao
apelo do senhor Presidente
da República...


... para uma campanha eleitoral «sem crispações», informo desde já com lisura e lealdade que estas e outras imagens serão repetidas neste blogue poucos dias antes da votação de 25 de Maio.

19 março 2014

Sobre a sensibilidade tipo «flor de estufa»

Resposta a Raquel Varela

http://5dias.wordpress.com/2014/03/19/vitor-dias-e-a-manipulacao-da-historia-ao-servico-da-politica/

No «cinco dias», Raquel Varela, como é natural e era seu inquestionável direito, resolveu dirigir-se-me directamente em relação a este meu post. Sobre essa sua missiva pública, entendo bastante responder o seguinte:

Cara Raquel Varela :

1. A Profª escreve um post em que, quanto ao 25 de Novembro, põe praticamente o PCP no mesmo lado que o PS e PSD quanto à atitude face ao que chama «os oficiais revolucionários» (dando-se ao cuidado de, de imediato, acrescentar, que depois «foram presos») e depois eu é que tenho "má educação", «raiva», sou «exaltado», exerço "pressão psicológica" sobre si e tenho uma postura «estalinista» ( e conhece tão mal quem eu sou e deduz tão mal sobre o que eu escrevo que até põe a hipótese absurda de algum dia eu lhe vir a chamar «agente da CIA» !).  Desculpará mas, por esta via e com este truque, só confirma que avisado andei quando citei Brecht sobre a violência dos rios e a violência das margens.

2. Fique descansada que eu nunca a acusei, acuso ou acusarei de escrever por encomenda de quem quer que seja. O que já disse e mantenho é que, quando escreve sobre o PCP, a historiadora Raquel Varela fica quase absolutamente refém da sua  formação e concepções ideológicas  abundantemente marcadas por uma variante de esquerdismo e esquematismo impressionantemente miméticos dos que defrontei há 45 anos.

3. Por outro lado, considero que o seu problema não é não consultar ou não citar suficientemente os discursos de Álvaro Cunhal ou os documentos do PCP mas sim o de deles tirar ilações e deles fazer interpretações e descrições simplistas, ilegítimas e torcidas, em que se torna patente que a Raquel ou treslê ou não conhece a semântica do discurso comunista. Aliás, nesta sua resposta, dá um cristalino exemplo disso mesmo. Com efeito, salienta que (sublinhados meus) «Álvaro Cunhal a seguir ao 25 de Novembro diz-se descansado por os oficiais revolucionários – a quem Cunhal chama irresponsáveis e aventureiros –  terem sido controlados, o que permitira ao PCP refazer o acordo com o PS e o Grupo dos 9. Diz mesmo que é altura de refazer o Quadro Permanente das Forças Armadas e diz que os oficiais revolucionários fugiram ao controlo do PCP.». E, em busca de autoridade de fontes, logo acrescenta que «A minha afirmação foi retirada dos discursos de Álvaro Cunhal, do comício do PCP no Campo Pequeno a 7 de Dezembro, do livro A Revolução Portuguesa de Álvaro Cunhal e da reunião do comité central do PCP de 13 de Dezembro de 1975. Ora, quem tiver um módico de espírito crítico e de seriedade intelectual e for ler o materiais citados  por si, lá não encontrará nada do que o resumo acima feito por si contém.  A este respeito, não posso deixar de observar quão conveniente e cómoda é para si a referência aos «oficiais revolucionários» já que isso lhe permite escamotear a diferença de apreciações, de termos e juízos que o PCP e Álvaro Cunhal usaram e fizeram sobre a  «Esquerda militar» e os militares «esquerdistas».

4. Finalmente, desculpará mas podia-me ter poupado ao fadinho sobre os «arquivos do PCP» que sempre inculca a falsa ideia de que estão fechados  (quando o que, como todos os arquivos públicos, têm é as suas regras próprias, além de limitações técnicas que muitos teimam em não querer compreender) ou, como seria patente a respeito do 25 de Novembro, sempre imaginando que a principal tarefa do PCP ao longo de  nove décadas foi guardar papéis.                                                                               
Cumprimentos
Vítor Dias                       
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sobre as minhas anteriores
críticas a Raquel Varela, ler
aqui, aqui  (ambos sobre o 25 de Novembro),
aqui
, aqui  e aqui e também,
porque o considero esclarecedor,
este meu comentário publicado no blogue
«entre as brumas da memória» de

Joana Lopes          


                                                        

Uma bela ideia

Just in Time
hoje no Hot Clube




"Just in Time" @HotClube - Apresentação 1º CD da etiqueta discográfica @HotClube

Hot Clube - Praça da Alegria, 48.
Concerto às 21h30, entrada gratuita.
Paula Oliveira - voz; TóZé Veloso - piano; "Binau" Moreira - contrabaixo; Manuel Jorge Veloso - bateria + convidados.

@ HotClube (por António Curvelo - HotNews 8)
Não podendo ressuscitar memórias antigas, resolveu o Hot que é hora de começar a registar o presente para memória futura. Na história do Hot Clube, 2014 será lembrado, entre outras prováveis boas razões, como o ano do nascimento da etiqueta discográfica @ HotClube.
"Just in Time" (cd)
Quando o disco começar a rodar nos ouvidos de todos nós, lá estarão, just in time, os "veteranos" Bernardo Moreira e Manuel Jorge Veloso (contrabaixista e baterista fundadores do QHCP), o piano de António José Barros Veloso (ainda hoje presença regular no Clube) e, claro, a voz de Paula Oliveira. Um outro quarteto, a que se juntarão pontualmente, num cruzamento de sucessivas gerações, outros doze nomes protagonistas do tal momento inédito e excitante que é a hora presente do jazz em Portugal.»(aqui)

Viva a sinceridade acima das fitas

Merkel afirma e PS confirma



 Sobre esse notável, precioso e
esperançoso instrumento de criação
de emprego, crescimento económico
e justiça social que é o Tratado Orçamental
ler aqui:


18 março 2014

A violência dos rios e a violência das margens

Aguardando que Raquel Varela
descubra que foi o PCP que,
em aliança com o PS e o PSD,
afundou o Titanic


Esta parte devidamente sublinhada de um post de Raquel Varela no «cinco dias» devia dar-me todo o direito a uma saraivada de violências verbais e até mesmo de impropérios mas não quero ir por aí até porque sei que, citando Brecht,  quase sempre se repara na violência das águas dos rios e ninguém fala da violência das margens que o oprimem. Por isso me limito a dizer que 40 anos depois do 25 de Abril deveria haver já a serenidade e isenção suficientes para que um historiadora não cultivasse a calúnia grotesca e a infâmia desavergonhada.

Sondagem da Eurosondagem

Decididamente,
um governo a falar sózinho




Um livro estrangeiro por semana ( )

Las Tres Bodas
de Manolita


 Edição da Tusquets, 22,90 E.


Fiesta de la Merced en la cárcel de Porlier,
el 28 de septiembre de 1940. / Efe / Cortés

»Almudena Grandes retoma en Las tres bodas de Manolita, el tercer volumen de sus Episodios de una guerra interminable, la fibra narrativa y el largo aliento galdosiano que atesoró el primero, Inés y la alegría (2010). En el segundo volumen, El lector de Julio Verne (2012), Grandes situaba el punto de vista de la narración en el corazón de la represión franquista contra el maquis. Una novela de aprendizaje entre las tinieblas de la clandestinidad y el miedo, un relato más lírico que épico. Ahora, el tercer volumen, cuyo subtítulo es ‘El cura de Porlier, el Patronato de Redención de penas y el nacimiento de la resistencia clandestina contra el franquismo, Madrid, 1940-1950’, abarca la descripción de una década de infamia física y moral bajo la etapa más cruel y vengativa del nacionalcatolicismo franquista.» (El País)

O 25 de Abril e...

... as reescritas da memória

Esclarecendo uma vez mais que nunca fui de amarrar ninguém ao seu passado mas o que, ao mesmo tempo, não tolero são as reescritas de histórias pessoais, encontrei ontem no DN, que tem em curso um inquérito que, em homenagem a Baptista-Bastos, pergunta a diversas personalidades «onde estava no 25 de Abril?», um José Miguel Júdice a contar o seu regozijo com esse dia histórico. Na sequência disso, também encontrei um antiga entrevista de J.M.J. em que declarava nunca ter tido nada a ver com a ditadura. Face a isto, só venho aqui acrescentar duas coisas: uma é que os seus colegas no seu tempo na Universidade de Coimbra muito se devem ter rido; e a outra é que se nunca teve «nada que ver com a ditadura» só se for do ponto de vista de que ainda estva mais à direita que o marcelismo. Como se pode ver por estas duas passagens de um ensaio de Riccardo Marchi na Análise Social:



(...)