Por uma vez, é assim mesmo. Não me importo nada que os leitores achem que fiquei, gelado e contraído, sem argumentos contra este texto de Daniel Oliveira publicado no Expresso online e reproduzido no «arrastão». Não me importo nada que os leitores me achem incapaz de fazer a simples e cândida pergunta sobre qual é o mal ou a estranheza de um partido evocar e celebrar o legado de um seu grande dirigente e o fazer pelos seus próprios olhos, critérios ou até conveniências políticas, já que isso não impede a expressão de outros olhares e outras opiniões. . Não me importo nada que os leitores julguem que eu nem sequer sou suficientemente penetrante para demandar a D.O. que me mostre onde é que algum responsável do PCP pretendeu equiparar Álvaro Cunhal ao nível teórico de «Gramsci, Rosa Luxemburgo, Lukács, Trotsky, Lenin e tantos outros», sem que isso lhe retire um milimetro a qualidade de «ideólogo» com a elevada dimensão que D.O. lhe pretende negar. Não me importo nada que os leitores me julguem desprovido daquele elementar bom-senso que me levaria a desmontar o baralhanço político ou «espírito de classe» que leva D.O. a sustentar e dar relevância a que Jerónimo de Sousa (e «à generalidade dos funcionários que o rodeiam», lá tinha de vir o temível labéu [*]) não teria a «capacidade de liderança intelectual» que Cunhal tinha ou a perguntar-lhe quem é que a tem no campo da concorrência. E até não me importo que os leitores julguem que eu não tenho a informação e a memória suficientes para, sem negar deficiências ou dificuldades do tempo presente, arrasar a tese de D.O. de que o PCP seria quase um deserto de quadros intelectuais com uma numerosa lista de qualificados intelectuais que ou são membros do PCP ou são seus companheiros de luta de muito próximos (embora "naturalmente" sem um centésimo da exposição mediática de Daniel Oliveira).
Não, por uma vez não me importo com nada disso e, por isso, aqui venho dizer que, pura e simplesmente, não discuto com quem alinhava um título assim para um seu texto. É que, feliz ou infelizmente, a mim não me tocou ganhar a vida como comentador profissional e, em consequência, não preciso de arranjar títulos «jeitosos» e «chamativos» para o Expresso online.
[*] Declaração de interesses: para quem porventura não o saiba, esclarece-se que o autor deste post e titular deste blogue foi funcionário do PCP durante 29 anos. E com muita honra.
[*] Declaração de interesses: para quem porventura não o saiba, esclarece-se que o autor deste post e titular deste blogue foi funcionário do PCP durante 29 anos. E com muita honra.
Sobre um tema central que, a meu ver,
acaba por situar as próprias comemorações
do Centenário de Álvaro Cunhal
ler esta intervenção no Congresso:
acaba por situar as próprias comemorações
do Centenário de Álvaro Cunhal
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