29 outubro 2020

Só ver as «deputadas não inscritas»

Como dizia o outro,
é fazer as contas

Em editorial no «Público», Ana Sá Lopes acha que «É este o quadro que torna difícil fazer os portugueses entender que só não se deu uma crise política porque duas deputadas não inscritas não o quiseram

Não creio que Ana Sá Lopes esteja a ser boa de contas. Com efeito a maioria na AR são 116 deputados. Ora os votos contra do PSD. do CDS, do BE, do Chega e da I.L. somaram 105. Mesmo que as deputadas não-inscritas tivessem votado contra isso daria 107 votos, ou seja 9 abaixo da maioria e 1 abaixo do número do PS. Portanto  se o OE não foi chumbado (faltavam 11 votos contra para isso) é porque o PCP com 10 deputados e o PEV com 2 se abstiveram (sem isso não haveria debate na especialidade, suiblinhe-se). Conclusão que creio matematicamente irrefutável: as deputadas não inscritas naõ tiveram o papel que Ana Sá Lopes lhes atribuiu.

(recorde-se que na AR é a seguinte a distribuição de deputados : PS 108, PSD 79, BE 19, PCP 10, CDS 5, PAN 3, PEV 2 Chega 1, IL 1, 2 não inscritas)

8 comentários:

  1. O Bloco de Esquerda ao lado da direita. O Bloco de Esquerda vota em conjunto com o Chega de André Ventura. Os extremos unem-se.

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    1. O Bloco de ESQUERDA, votou contra um Orcamento com que discorda. Isso chama-se COERENCIA.Desde 2019 dezenas de vezes, o PS votou ao lado de toda da direita contra as propostas do BE e do PCP, quer dizer que o PS juntamente com o PSD e o CDS se unem?

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    2. Votou ao lado do Chega de André Ventura. É, de facto, uma enorme coerência.

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    3. Não partilho da interpretação que se faz da posição do BE perante o OE. Votar da mesma forma que a direita não é sinónimo de proximidade política, tal como sugeriu o Augusto. E não me parece que os bloquistas não fossem capazes de fazer as contas que o Vítor Dias apresentou. Ou seja, é bastante provável que tenham decidido a sua posição em função da exposição mediática que isso lhes daria, pois a aprovação do OE na generalidade estaria garantida de qualquer maneira. De outro modo, creio que estariam a ser irresponsáveis ao votar ao lado da direita, que certamente não tem a disponibilidade e as preocupações sociais que o PS tem tido, mesmo que insuficientes.

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    4. Sim, votar ao lado da direita é uma coisa; votar ao lado de André Ventura é outra. O BE fez as duas.

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    5. O PCP também só não votou contra porque sabe que não virá nada melhor da direita e porque antevê alguma margem de manobra na especialidade. E sou velho o suficiente para me lembrar da retórica do PS sobre o BE, PCP e PEV quando estes votaram contra o PEC4. Não votaram então todos 'ao lado' do PSD? Terá sido um sinal de proximidade política? Não será mais lógico que simplesmente não tenha existido disponibilidade do PS para adoptar uma solução de esquerda (renegociação da dívida, soberania monetária, etc)? Há certos tipos de retórica qie não esclarecem ninguém. Procuremos antes construir pontes e falar das coisas que interessam.

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    6. Na altura do PEC4 não havia André Ventura e «Chega». Na verdade, o BE conseguiu a proeza de votar uma moção ao lado do «Chega» de André Ventura. Nunca houve maior aproximação possível, mas com o BE tudo é possível.

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