Pedro Sousa Carvalho a
favor do «escrutínio de ladrões»
Manchete de L'Unità em 1953 sobre a
derrota da «legge truffa»
Em artigo de opinião hoje no Público, o jornalista Pedro Sousa Carvalho sentencia a dado passso o seguinte :«(...)No caso português, tal como já acontece na Grécia e em Itália, talvez faça sentido introduzir o sistema do prémio de maioria, em que o partido mais votado ganha automaticamente um bónus de n deputados que lhe permita chegar à maioria absoluta. Sendo um sistema que distorce a representação proporcional, é útil para gerar estabilidade governativa em sistemas em que existe alguma dispersão de votos, ma non troppo.(...)».
A sentença merece-me apenas três observações:
1. Grandes democratas estes que, em nome da chamada »governabilidade» se estão completamente lixando para os eleitores e para a representação autêntica da sua vontade eleitoral.
2. Como tantos outros, Pedro S. Carvalho nunca deve ter reparado que quer em sistemas maioritários quer em sistemas de bónus há dezenas de milhares de votos que não elegem os deputados que deviam eleger e há dezenas e dezenas de deputados que acabam eleitos graças aos votos roubados à representação parlamentar de outros partidos, provocando uma infame desigualdade na eficácia de voto dos cidadãos.
3. E também não deve ter reparado que, mesmo no sistema eleitoral português (proporcional restrito por causa do método de Hondt e da existência de 20 círculos):
- cada deputado da PAF custou 19.500 votos;
- cada depoutado do PS custou 20.300 votos;
- cada deputado do BE custou 28.000 votos;
- cada deputado do PCP e do PEV custou 26.200 votos.