02 maio 2022

Ligeireza e má-vontade

Pontos nos is numa
campanha insidiosa

«Segundo o jornal, pelo menos 160 refugiados ucranianos terão sido recebidos por Igor Khashin, da Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo), e pela mulher, Iulia Khashin, funcionária do município, que terão, alegadamente, fotocopiado documentos de identificação dos refugiados ucranianos, no âmbito da Linha de Apoio aos Refugiados da Câmara de Setúbal.» («Público» online)

Dezenas e dezenas de notícias sobre o caso «refugiados em Setúbal» continuam a referir como grande queixa contra os procedimentos do respectivo gabinete de apoio aos refugiados em Setúbal o facto de terem sido fotocopiados os seus documentos de identificação.

Ora, para além de já ter sido esclarecido que esses actos de fotocopiar documentos de identificação corresponder ao protocolo existente que vincula todos os órgãos de administração, só um empedernido espirito de campanha política pode explicar esta continuada tentativa de transformar em algo escandaloso o que se mete pelos olhos adentro que é um procedimento natural e indispensável.

E cabe mesmo perguntar : s
erá que todos o que tratam como escândalo e perigosa prática as fotocópias de documentos de identificação dos refugiados imaginam porventura que o processo de regularização dos refugiados se pudesse fazer apenas na base de «trinta e um de boca» ? 

P.S.: Sobre a guerra ler aqui no DN uma resposta de António Filipe a Daniel Oliveira.

29 abril 2022

Uma campanha miserável

  O «Expresso» leva
a manchete uma
intrigalhada sem pés
nem cabeça !

Esclarecimento da Câmara Municipal de Setúbal

1. A Câmara Municipal tem em funcionamento, desde o início da invasão russa da Ucrânia, um serviço de atendimento a refugiados ucranianos e tem prestado todo o apoio necessário ao acolhimento destas pessoas, em direta e permanente articulação com diferentes entidades, nomeadamente a Segurança Social, Alto Comissariado para as Migrações, Instituto de Emprego e Formação Profissional e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
2. O sr. Igor Kashin, citado na notícia do Expresso, colabora, regularmente, há vários anos, com várias entidades da administração central, entre as quais o Instituto de Emprego e Formação Profissional, o Alto Comissariado para as Migrações e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, tendo prestado esta colaboração já este ano, em instalações de alguns destes serviços em Setúbal, no contexto do acolhimento de refugiados da guerra da Ucrânia. Esteve também a dar apoio, no contexto das relações existentes, desde 2005, entre a CMS e a EDINSTVO, associação de imigrantes de leste, nos serviços municipais responsáveis pelo acolhimento de refugiados.
(...)
4. A Câmara Municipal de Setúbal irá solicitar ao Ministério da Administração Interna que adote, de imediato, os necessários procedimentos no sentido de averiguar a veracidade das suspeitas veiculadas pelo jornal "Expresso", manifestando total disponibilidade para prestar toda a informação necessária.
5. Face à situação criada, a Câmara Municipal, retirou do acolhimento de cidadãos ucranianos a técnica superior citada na notícia até ao total e inequívoco esclarecimento desta situação.
6. A Câmara Municipal de Setúbal repudia com a veemência qualquer toda e qualquer insinuação de quebra de sigilo no tratamento de dados de cidadãos ucranianos acolhidos nos seus serviços.
7. No atendimento que é realizado a estes e a outros cidadãos, como foi explicado ao jornal "Expresso", são cumpridos todos os requisitos técnicos inerentes a um atendimento social. A recolha de informação só é feita com autorização expressa por escrito dos próprios e é realizada por dois técnicos superiores da Câmara Municipal de Setúbal. Trata-se de um procedimento reconhecido e utilizado pelas entidades que, em Portugal, fazem este tipo de trabalho. A informação recolhida serve para instruir os processos de formalização do pedido de acolhimento destes refugiados. »

25 abril 2022

25 de Abril sempre !

 A melhor prenda
do dia: tanta gente nova
no desfile da
Avenida da Liberdade

Público online
Passados 48 anos, a vitalidade das  comemorações populares do 25 de Abril é um acontecimento de excepcional significado.




23 abril 2022

Já se esqueceram

 Em 1 de Setembro de
 201
4 o «Público» falava assim

- em peça da autoria do jornalista Alexandre Martins

Inadmissível


 Ora batatas para
 o Provedor do Leitor
 do «Público»

Na sua coluna hoje no «Público»,o Provedor do leitor do jornal José Manuel Barata-Feio, dá conta dos numerosos protestos recebidos quanto à foto de Jerónimo de Sousa que ilustrou recentemente uma primeira página do jornal e depois conclui que não se tratou de uma fotomontagem e que não houve ponta de mau-gosto ou hostilidade na escolha da foto e que ela ilustra «bem» o teor da peça em causa. Como se o facto de não ser uma fotomontagem alterasse alguma coisà à patente má-vontade da escolha da foto e como se a insinuação de que Jerónimo estaria cego  fosse algo de admissível ou legitimo. Neste caso os leitores do «Público» ficaram desprovidos de Provedor.

17 abril 2022

O «Público» contra o PCP

 Bom gosto,
elegância e delicadeza


Esta é uma imagem tirada da capa da edição impressa do «Público» de hoje, Dão-se alvissaras a quem for capaz de explicar que coisa é que o «Público», num exemplo de inexcedível bom gosto e imparcialidade, resolveu colocar à frente dos olhos de Jerónimo de Sousa.

14 abril 2022

Desmentindo uma ideia feita

 Não, a inflação não atinge
 todos da mesma maneira


«O aumento de preços, inédito nas últimas três décadas, não é sentido por todas as pessoas da mesma forma. Esta é a conclusão do relatório “Despesas essenciais e rendimentos das famílias: efeitos assimétricos da inflação”, que publiquei ontem com o Bruno P. Carvalho e a Mariana Esteves. O relatório faz parte do nosso projeto “Portugal, Balanço Social”, uma parceria com a Fundação La Caixa. Analisamos os dados do Inquérito às Despesas das Famílias de 2015/16, que é o último que está disponível, para caracterizar o peso de cada categoria de despesa na despesa total das famílias, consoante o seu nível de rendimento.

Em Portugal, o peso da despesa em alimentação na despesa total é de quase 25% para as famílias mais pobres; nas mais ricas, fica abaixo de 10%. A despesa em carne varia entre os 6% do orçamento dos mais pobres e menos de 2% para os mais ricos. Para o pão e cereais, o peso é também de praticamente 6% na despesa total dos mais pobres, mas cifra-se em apenas 1% para as famílias mais ricas. Também na eletricidade e gás se nota esta discrepância: estes bens energéticos representam 12% da despesa das famílias mais pobres, contra apenas 4% para as mais ricas.

Estes e outros números do relatório ilustram o que o aumento de preço dos bens essenciais significa para as famílias mais vulneráveis. A situação de partida dos mais pobres é delicada. Em 2015, as famílias dos indivíduos que estão entre os 20% mais pobres gastaram uma média de 2200 euros em alimentação. Este valor equivale a 2300 euros em 2021 - para 12 meses! Por outro lado, o que ganham não chega: gastaram 120 euros por cada 100 de rendimento. Não têm “almofada” para absorver a inflação, contrariamente às mais ricas, que conseguem poupar. Com elevada probabilidade, já passavam privações. É claro não estamos em 2015, mas a taxa de pobreza de 2020 (22%) é superior à de 2015 (19%). ( ...)

-Susana Peralta no «Público de hoje