18 junho 2020

Sempre por cima

Os jogos de cintura
de um editorialista



»A Assembleia da República regressou ontem aos tradicionais jogos de cintura que fizeram fama na legislatura anterior. Ouvindo o que os representantes das bancadas disseram ao longo da sessão, só mesmo os crentes poderiam acreditar que o Orçamento Suplementar iria sobreviver. Mas, apesar das críticas generalizadas à sua insuficiência, à sua falta de ambição, às vistas curtas, aos supostos erros das previsões, aos riscos que abre ao futuro, à opacidade e demais censuras e vilipêndios, o diploma foi aprovado na generalidade. Porquê? Porque, apesar de tantos defeitos, só os partidos mais à direita (CDS, Chega e Iniciativa Liberal) foram capazes de passar das palavras aos actos e transformar as críticas num voto contra.» 


 -Manuel Carvalho em editorial no «Público»

Lida esta magnifica e ácida prosa, o que se impõe a qualquer leitor é uma coisa muito simples. Nem mais nem menos do que imaginar o que Manuel Carvalho teria escrito caso o Orçamento suplementar tivesse sido ontem chumbado logo na generalidade. Por mim estou absolutamente certo que teríamos um editorial igualmente magnifico e ácido a vituperar a terrível irresponsabilidade de quem chumbou um Orçamento em plena situação de pandemia. Em síntese são os «jogos de cintura» dos editorialistas, gente especialmente dotada para criticar tanto uma coisa como o seu contrário dependendo do dia.

17 junho 2020

Ai a pandemia ...

Um espalhafato 
desnecessário

Talvez se pudesse compreender que o PR e o primeiro-ministro numa das suas declarações ocasionais à comunicação social mostrassem o seu agrado (turismo oblige) pela decisão da UEFA de realizar em Lisboa a fase final da Champions. Mas já realizar no Palácio de Belém uma cerimónia pública com a presença das três mais altas figuras do Estado (e escolher a palavra «prémio» aplicada aos profissionais de saúde) é do domínio do provinciano, exagerado e algo pacóvio. Acreditem ou não a pandemia também tem efeitos perversos sobre as instituições da República.

Um livro estrangeiro por semana ( )

Red, Black, White -
The Alabama Communist
 Party (1930-1950)



  • 248 pag., 26.52 $
  • Edição da University of Georgia Press
  •  (2019)

Um ensaio sobre a luta heróica e muitas vezes pioneira dos comunistas norte-americanos contra a segregação racial no Sul dos EUA.

16 junho 2020

Quem o assinou pode limpar as mãos à parede

Mas que belo contrato !

«o contrato de compra previu que em “circunstâncias de extrema adversidade”, como uma pandemia, o Estado é forçado a injectar automaticamente o dinheiro necessário para manter o banco dentro das metas de solidez definidas.» (Público de hoje)

Uma revista que não brinca em serviço

Mais uma grande capa
da "New Yorker"


15 junho 2020

O «omnipres(id)ente»

Ninguém escapa ao
Presidente. Nem na telescola.
"Olá boa tarde, chamo-me Marcelo Rebelo de Sousa e sou professor. E hoje vou matar saudades". Foi assim que o Presidente da República começou a teleaula na RTP Memória. Durante cerca de meia hora, o Presidente da República deu 10 "lições da pandemia" ao alunos da telescola. A intervenção sobre cidadania passou assim a ser uma explicação sobre o covid-19 e a forma como ele chegou a Portugal e apanhou o Mundo de assalto.» (DN hoje)