18 junho 2020

Sempre por cima

Os jogos de cintura
de um editorialista



»A Assembleia da República regressou ontem aos tradicionais jogos de cintura que fizeram fama na legislatura anterior. Ouvindo o que os representantes das bancadas disseram ao longo da sessão, só mesmo os crentes poderiam acreditar que o Orçamento Suplementar iria sobreviver. Mas, apesar das críticas generalizadas à sua insuficiência, à sua falta de ambição, às vistas curtas, aos supostos erros das previsões, aos riscos que abre ao futuro, à opacidade e demais censuras e vilipêndios, o diploma foi aprovado na generalidade. Porquê? Porque, apesar de tantos defeitos, só os partidos mais à direita (CDS, Chega e Iniciativa Liberal) foram capazes de passar das palavras aos actos e transformar as críticas num voto contra.» 


 -Manuel Carvalho em editorial no «Público»

Lida esta magnifica e ácida prosa, o que se impõe a qualquer leitor é uma coisa muito simples. Nem mais nem menos do que imaginar o que Manuel Carvalho teria escrito caso o Orçamento suplementar tivesse sido ontem chumbado logo na generalidade. Por mim estou absolutamente certo que teríamos um editorial igualmente magnifico e ácido a vituperar a terrível irresponsabilidade de quem chumbou um Orçamento em plena situação de pandemia. Em síntese são os «jogos de cintura» dos editorialistas, gente especialmente dotada para criticar tanto uma coisa como o seu contrário dependendo do dia.

2 comentários:

  1. No essencial e fundamental sempre a defenderem o grande capital!

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  2. O que eu acho estranho, é ouvir algumas pessoas a dizer que a comunicação social é de esquerda.
    As provas estão aí e são quase diárias.

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