12 agosto 2012

Classe média no Brasil

A entender com prudência


A capa e uma extensa peça da revista do Público de hoje são dedicados ao crescimento da «classe média» no Brasil. A mim, não me passa pela cabeça negar os assinaláveis progressos que nos últimos anos têm sido feitos no Brasil no sentido da redução da pobreza. Só venho lembrar que quer o conceito de pobreza quer o de classe média são relativos de país para país. Assim, é de referir que, na própria peça da revista do Público, se explica que «segundo os mais recentes critérios do Governo brasileiro, classe média é o grupo composto por famílias com rendimento per capita entre 291 e  1019 reais.  No total, 54% da população».
Ora, atenção, se não me engano nas contas, 291 reais correspondem a  118 euros e 1019 reais a  442  euros. E, se assim for, os beneficiários portugueses da pensão social e os que auferem o salário mínimo em Portugal seriam «classe média» no Brasil.

Documentos ao fundo

Já vi este título mas...


 ... ainda não vi este !


11 agosto 2012

Porque hoje é sábado (285)

Wadada Leo Smith
A sugestão musical de hoje destaca  o
 grande músico e trompetista norte-americano
Wadada Leo Smith.



10 agosto 2012

Hoje, centenário de Jorge Amado

Nunca se retratará 
bem quanto lhe devemos


Completam-se hoje cem anos sobre o nascimento de Jorge Amado e não me passa pela cabeça estreitar, esquecer ou desvalorizar as dimensões artística e humana globais da sua obra e da sua intervenção e muito menos regressar a um hoje em dia obsoleto confronto entre forma e conteúdo. Mas julgo-me no direito de, com esta ressalva, lembrar que o curso das ideias, da acção dos homens e da vida da humanidade beneficia de muitos afluentes e que o ciclo das obras iniciais deste grande escritor brasileiro pode não ser o mais marcante em termos de qualidade artística mas, em todo o mundo, ajudou a trazer milhões de homens e mulheres para a causa da liberdade e da emancipação social. E, neste dia, só tenho pena de, por desarrumação de papéis,  não encontrar o discurso de Jorge Amado na recepção a Dias Gomes na Academia Brasileira de Letras, onde já depois do fim da União Soviética e sem evidentemente renegar a sua própria  evolução político-ideológica, reafirmava a sua confiança e vinculação a grandes ideais libertadores de progresso e transformação sociais.

Jorge Amado escrevendo Tocaia Grande


Justiça seja feita  ao

e à D. Quixote
que tem em curso a edição das Obras Completas de Jorge Amado, após um vasto trabalho de fixação final de textos por diversos especialistas, sob a direcção de Paloma Amado.

09 agosto 2012

Perto da meia-noite os

Cowboy Junkies





Mais uma de Zita Seabra mas...

... eu devo alguma coisa à "piquena"...


Eu sei que não devia dar confiança à senhora, até porque é disto que ela mais gosta, mas compreendam, é Agosto e o parvo do DN é mais lido do que eu. Mas estejam descansados  que apenas venho dizer que só comentarei mais esta perturbada efabulaçãozita quando a dama resolver responder  ás dezenas de mentiras que lhe tem sido apontadas (meia dúzia das grossas entraram na defunta versão deste blogue).  Quando isso acontecer, até prometo mais, ou seja, usar toda a minha conhecida influência nesses meios, para conseguir a sua desejada admissão na Opus Dei.
Verdade seja dita que também tenho outra razão para ser sóbrio desta vez. É que é a Zita Seabra que devo o mais curto, o mais seco e mais cruel comentário público feito em toda a minha «carreira» política. De facto, quando ela aderiu ao PSD, órgãos de comunicação pediram ao PCP uma reacção e, em seu nome, eu declarei simplesmente : « a evolução verificada e a decisão agora anunciada falam por si».

Informação auxiliar: «A mitomania (ou mentira obssessivo-compulsiva) é a tendência patológica mais ou menos voluntária e consciente para a mentira. Normalmente, as mentiras dos mitomaníacos estão relacionadas a assuntos específicos, porém podem ser ampliadas e atingir outros assuntos em casos considerados mais graves . ( ...)De um lado, o mitómano sempre sabe no fundo que o que ele diz não é totalmente verdadeiro. Mas ele também sabe que isso deve ser verdadeiro para que lhe garanta um equilíbrio interior suficiente. Em determinado momento, o´sujerito prefere acreditar em sua realidade mais que na realidade objectiva exterior. Ele tem necessidade de contar essa história para se sentir tranquilizado e de acordo consigo mesmo.» (Wikipédia)


...ou ainda este sol  faz mal ao Sol


Ah sim, deve ter sido uma «escandalização» das grandes para todo o pessoal que, enojado, anda há vinte anos a apanhar com as patranhas doentias da propangandista dos vinhos do Pingo Doce. Consta mesmo que Jerónimo de Sousa interrompeu as férias, que a Comissão Política reuniu de emergência em vídeo-conferência e que milhares de militantes, entre os quais o dono desta chafarica, tiveram atormentadas insónias. É Agosto e, pura e simplesmente, o Sol, falto de notícias, transformou os dislates da senhorazita na «Citânia de Briteiros» a que, nesta época recorriam os jornais de há 40 ou 5o anos.

Histórias de trocos ou...

... como eu gosto de pormenores




Não deve causar admiração que goste tanto de pormenores quem, como eu e ao contrário de outros, não tem gabarito intelectual e político para delinear linhas mestras para uma «refundação democrática» nem tem no bolso nenhuma receita instantânea, rápida e «credível» (o envenenado adjectivo que alguns à esquerda usam objectivamente a favor da política de direita) para a alternativa que faz falta.

Hoje gosto do pormenor inserto em peça do Público, baseada numa auditoria do Tribunal de Contas,  sobre a compra de 12 helicópteros Puma (para as Forças Armadas) de que «em 2001 [então não nos bombardeavam com a crise e a dívida], o Estado contratualizara por 10 helicópteros o pagamento de 244 milhões de euros. Em 2012, feitas todas as contas, os mesmos 10 helicópteros representam um custo de mais de  364 milhões» ; (...)«Três anos após a entrega do primeiro helicóptero - 2008 - já havia notícia de aparelhos em terra por falta de manutenção. Isto porque a entidade encarregada da manutenção - Defloc - não recebia do Ministério da Defesa  as verbas necessárias para pagar as reparações e substituições de peças»;(....) As críticas feitas pelo TC atingem  uma sucessão de ministros da Defesa, tanto do PS como da coligação de direita».

Parafraseando uma perversa afirmação que  têm sido muito atirada à cara dos cidadãos, é caso para dizer  alguém andou a desleixar-se acima das nossas possibilidades.

Páginas de história

Se não sabe o que foram
os Freedom Riders...



... então veja aqui em
«os papéis de alexandria»

08 agosto 2012

Fim de dia com o piano de

Jessica Williams


Poem 

 Rosa Parks

Soprando nevoeiro ou...

... ambição e ligeireza



Francamente e sem nenhuma sobranceria, tendo em conta o que já aqui escrevi várias vezes (*) sobre ideias ou afirmações de Rui Tavares e depois da sua por demais esclarecedora entrevista ao Sol (onde, com singular perícia  e criatividade, repete ipsis verbis frases inteiras de crónicas suas no Público), eu devia desligar e ir dar pão aos pombos.
Acontece que, por causa da sua crónica de hoje no Público, não consigo  resistir a assinalar como, no caso deste personagem político, a ambição (a da «refundação democrática») é directamente proporcional à ligeireza e à falta de rigor.
Com efeito, a terminar a sua crónica, Rui Tavares afirma que, entre as várias coisas que fazem falta, está «uma Assembleia da República apetrechada para fazer leis sozinha sem recurso a escritórios de advogados».
Ora, por mim desconheço completamente que a Assembleia da República recorra a escritórios de advogados para fazer leis.
As leis da AR só podem resultar de projectos de lei apresentados pelos partidos ou de propostas de lei apresentadas pelo governo.
O facto certo e verdadeiro de o Governo recorrer a escritórios de advogados para elaborar propostas de lei e até o facto, que não conheço mas pode ser real, de haver alguns partidos que fazem o mesmo não autorizam ninguém a escrever que o órgão de soberania Assembleia da República recorre a escritórios de advogados para fazer leis.
Um campeão de uma suposta «refundação democrática» devia ser o primeiro a ter a coragem de chamar os bois pelos nomes em vez de amesquinhar um órgão de soberania que é plural e onde há distintos comportamentos e em que, por detrás das suas decisões - coisa muito esquecida por vezes - ,há sempre e só uma determinada maioria que as vota e aprova.

(*) Designadamente aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.