11 junho 2012

Aqui volta-se sempre a




 "Amalia", do seu novo álbum "Absence"
(Melody cantará em Cascais em 18 de Julho)

Estimada e preclara Clara

Está desde já convidada !


Graças ao sempre muito atento Fernando Penim Redondo, descubro o último capricho da pluma em que, para não variar, se misturam coisas bem ditas com umas generalizações, caricaturas e cegueiras (ver círculo a vermelho) que são hoje muito típicas em pessoas com um certo estatuto social e intelectual e que nunca se querem comprometer muito por causa das conotações.

Se a CGTP não se importa (e como poderia importar-se ?), resolvo o problema, daqui convidando a Clara Ferreira Alves a vir protestar com muitos mais no próximo sábado, às 15 hs., a partir do Marquês de Pombal.

Esteja descansada, vai lá haver mais gente vestida com elegância e bom gosto. Se souber que vai mesmo, até eu prometo aperaltar-me.

Elogio da coragem política ou...

... perder com honra


A imprensa francesa, e por contágio a imprensa portuguesa, destacam o desaire de Jean-Luc Melenchon, candidato do Front de Gauche (PCF+PG et alia) na circunscrição de Henin- Beaumont (Pas de Calais) onde se candidatou com o propósito afirmado de derrotar Marine Le Pen e de impedir a sua entrada no Parlamento. Tratava-se uma cartada muito arriscada e que, como acontece com algumas delas, não funcionou. Na verdade, ao invés do que as sondagens tinham enunciado, Melenchon (por meros 2 pontos percentuais !) não conseguiu o segundo lugar mas o terceiro com 21,48% dos votos (em 2007, o candidato do PCF tinha aí obtido 8,47%), antecedido por Phillippe Kermel do PS com 23,50% e Marine Le Pen com 42,36%. Diga-se a este respeito que, ao contrário do que se afirma hoje no Público, Melenchon não foi «afastado» da 2ª volta pois qualquer candidato com mais de 12% pode participar nelas. Melenchon e o Front de Gauche não o fazem, não por impossibilidade legal, mas por uma política de respeito pela chamada «disciplina republicana» na 2ª volta.  Entretanto, é bem possível, e talvez até compreensível, que este desaire de Melenchon se tenha ficado a dever ao facto de um segmento dos eleitores à esquerda ter pensado que um candidato do PS era mais agregador e menos passível de preconceitos na hora de tentar vencer Marine Le Pen na 2ª volta.

Quanto a mim, esta aposta do Front de Gauche e de Melenchon tem de ser entendida num quadro de orientação política, já absolutamente notória nas presidenciais, de não dar tréguas à Frante Nacional. Com efeito, nenhuma outra força política combateu tão forte e persistentemente a FN como o F.G. e os partidos que o integram. E se ainda percebo alguma coisa de política e de eleições, atrevo-me a dizer que o fizeram por dever e coragem política e não tanto por cálculos de ganhos eleitorais, já que não foi certamente por acaso que tanto o PS como a UMP sempre foram muito discretos nos ataques à FN. Quero com isto dizer que o ataque político em devida forma a Marine Le Pen e à FN, pode e deve ser um imperativo democrático mas também comporta o risco de crispar e indirectamente hostilizar a ampla e popular base eleitoral da FN.

Considero importante escrever isto porque, tanto nas presidenciais como nestas legislativas, não pouco imprensa se empenhou em apresentar desonestamente Melenchon/ Front de Gauche e Marine Le Pen/FN como duas faces da mesma moeda populista, demagógica e anti-europeia. Para os que porventura ainda tenham dúvidas está aqui, em PDF, o argumentário anti-Frente Nacional elaborado pelo PCF.


Adenda em 12 de Junho:
Parecia que estava a adivinhar: no Público de hoje até um jornalista, Jorge Almeida Fernandes, com vasta experiência em política internacional considera que «Marine trucidou literalmente Mélenchon» e que «o líder [?] da Frente de Esquerda não passou sequer à segunda volta». E viva a seriedade, rigor e  profundidade de análise !

10 de Junho - o outro discurso

Pare, escute e pense


 
Propositadamente separado do post sobre o discurso de Cavaco Silva, aqui fica o muito diferente discurso no 10 de Junho de António Sampaio da Nóvoa, Reitor da Universidade Clássica de Lisboa.

Muito a propósito

Unemployment Blues



Mike Anderson

JJ Cale


Beating down the pavement, 
Looking for a job
I'll do anything except steal and rob
Unemployment is something I can't use
If you can't use me, 
Can you tell me some good news
I'll be pretty simple, 
Hear just what I say
I'll do anything to send these blues away
Unemployment is something I can't use
If you can't help me, 
Can you tell us some good news
You won't have to pay me overtime, 
Overtime and all that
You just tell me what time and where at
Unemployment is something I can't use
If you can't help me, 
Can you tell me some good news
I'll do anything at all, 
Anything at all to be a friend
You know I'm real prompt, 
I'm right on time
Unemployment is something I can't use
If you can't help me, 
Can you tell me some good news

França - por detrás dos números

Quem votou em quem e porquê
Como habitualmente, a IPSOS oferece aqui a sua sondagem à boca das urnas sobre as motivações e outras componentes etárias, sociais e profissionais do  voto na 1ª  volta das legislativas francesas. E, em texto de análise, desenha, com base nela,  perspectivas para a segunda volta. Entretanto, devo avisar que estudos deste tipo são absolutamente desaconselháveis àquelas santas almas que julgam que os fenómenos eleitorais são coisas simples e que se  as coisas não correm melhor para a esquerda mais consequente é apenas porque não puxa suficientemente pela cabeça.



10 junho 2012

1ª volta das legislativas francesas

Mais ou menos como previsto
(ler anterior post aqui)



Os resultados finais:



Os resultados da 1ª volta de 2007




Sol na eira e chuva no nabal ou...

... ser sócio do mal e
entrar  no coro da caramunha




Cavaco Silva, no 10 de Junho

Em boa verdade, estou cansado de escrever sobre o mesmo mas a alternativa é render-me pelo cansaço e pela irritação. Leio e olho esta passagem do discurso presidencial de hoje e só posso sentenciar que, de facto, é preciso muita desfaçatez. É que, quase tão insustentável como os níveis de desemprego é nada disto ter sido dito quando Cavaco Silva abençoava o memorando com a troika estrangeira e fazia de Presidente da Comissão de Honra da troika nacional. Insustentável é, passado um ano, vir-se reconhecer não explicitamente tudo o que outros avisaram a tempo e foram tratados pelo PS, PSD e CDS como radicais irresponsáveis e impenitentes catastrofistas. Insustentável é vir assinalar um novo curso (semântico) no discurso dos mais importantes líderes europeus e não haver memória do mais pequeno sinal de divergência ou conflito público entre o governo português e o directório franco-alemão em qualquer das muitas cimeiras europeias do último ano. Insustentável, por fim e para não gastar mais cera com tão ruins defuntos, é que o celebrado Prof. de economia que é Presidente da República continue a agarrado à ideia de casar a brutal austeridade com o crescimento e o emprego, ou seja que, na capela privada de Belém, continue a rezar para que, 95 anos depois, ocorra um ainda mais esplendoroso milagre de Fátima.

Uma grande artista e democrata


Um adeus a Maria Keil


Com  a morte de Maria Keil desaparece uma talentosa artista que marcou muitas décadas das artes plásticas em Portugal  e uma mulher cuja vida foi sempre marcada por um sólido, profundo e consequente compromisso com os ideais da democracia e do progresso social. Fica a sua obra e a sua grata memória e exemplo.

(informação: o funeral de  Maria Keil realiza-se hoje, segunda-feira, pelas 15 hs, da igreja de São João de Deus (onde decorrerá o velório), em Lisboa, à Praça de Londres, para o Cemitério da Apelação, no concelho de Loures.)
(imagens copiadas de «o cantigueiro»)




ver vídeo de Rita Pimenta aqui.