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21 setembro 2012

Conselho de Estado

Reunião "histórica" 
mas por causa do "intruso"


Eu sei que  até o Vasco Pulido Valente e porventura outros já manifestaram a sua estranheza mas neste ponto não me importo nada de os imitar.
Na verdade, reúne hoje o Conselho de Estado e, pela primeira vez na sua história, com a audição ou participação em parte da reunião, de um ministro - neste caso, o das Finanças - que não é membro deste  órgão político de consulta do Presidente da República.
Não sei se a original  ideia foi de Cavaco Silva ou de Passos Coelho mas o que resulta desta presença insólita do ministro das Finanças é, para mim, uma notória desqualificação e menorização do prmeiro-ministro que é membro do Conselho por inerência constitucional.
Face a isto, tenho o direito de pensar  que ou Vítor Gaspar não foi capaz de escrever um argumentário que servisse para a intervenção e respostas a perguntas por parte de Passos Coelho ou este entendeu que não era capaz de o assimilar.
De qualquer  modo, perdoem o desabafo que alguns acharão excessivo, mas vejo esta ida de Vítor Gaspar ao Conselho de Estado como uma espécie de símbolo do que se costuma chamar «a ditadura das Finanças» (termo que não está necessariamente ligado a regimes ditatoriais).
Entretanto, deixo aqui um apelo aos membros do Conselho de Estado hoje reunido: por favor, lembrem-se que são apenas (o que não é pouco) um «órgão político de consulta» do PR e não se ponham a emitir ou assinar, como há tempos aconteceu, um comunicado final com vastas considerações políticas, designadamente com apelos ao «consenso político e social», coisa que aliás só podem fazer porque, como é sabido, há certas «lacunas» na actual composição do Conselho de Estado.
E, por fim, ainda quanto à ida de Vítor Gaspar ao Conselho de Estado, eu não desejo nenhuma revisão constitucional mas futuramente, se e quando ela acontecer, talvez seja de ponderar estas alterações (a castanho):
Entretanto, 
hoje à tarde em Belém foi assim


01 setembro 2012

Polémica Manuel Loff- Rui Ramos ou...

... quando o assunto 
chega a Filomena Mónica

Ao coro direitista e anexos que se tem juntado em defesa de Rui Ramos contra os justas observaões de Manuel Loff. chegou hoje a vez, através de artigo no Público da historiadora ( e fala-barato) Maria Filoménica Mónica. Como era de prever, aos quesitos essenciais em debate , a senhora nada tem para dizer de novo, mas diz algo muito de greve e que não pode passar em claro. Afirma, por exemplo. que «dada a sua reputação, espanta-me que a direcção do do Público tenha dado voz a alguém como Manuel Loff, que assina-se, note-se. como historiador, . Melhor seria ter usado a palavra militante , pois os textos que aqui publicou, revelam uma fanatismo que eu julgava ultrrapassado na disciplina».


Neste ponto, obviamente que Maria Filomena Mónica se esquece que Rui Ramos também assina como historiador e nem por isso deixa de espalhar por diversos meios de comunicação as suas opiniões sobre os mais diversos assuntos e que ela própria, apresentada como socióloga ou como historiadora, nem por isso deixou de opinar no DN sobre o relevantíssimo tema dos penteados de Passos Coelho e de Vítor Gaspar.


Acrescenta  Filomena Mónica  que «nunca ouvira falar de Manuel Loff e teria vivido bem sem com ele me ter cruzado nas páginas deste jornal. Suponho que a direcção do jornal não o chama à pedra devido ao medo de ser acusada de censura». Pena, para a matéria em apreço. que Mónica não tenha lido o essencial ensaio de Manuel Loff intitulado «O Nosso Século é Fascista - Mundo Visto por Salazar e Franco (1936-1945)».

E Filomena Mónica  ainda conclui a sua crónica sentenciando que «só tenho pena que o meu jornal tivesse sido o veículo através do qual um «historiador» tenha podido mentir com  impunidade», o que constitui um indisfarçável apelo ao saneamento de Manuel Loff como colunista do Público

Ora, a este respeito, convém lembrar que, uma vez em entrevista José Manuel Fernandes anunciou com todas as letras que o jornal previligiava  as opiniões de pessoas do «bloco central», que salvo outras colaborações esporádicas, Manuel Loff é o único colunista de esquerda e quinzenal ( Paulo Rangel, Correia de Campos, Francisco Assis  e Pacheco Pereira são semanais) e que, em pouco mais de 20 anos de existência,  o Público só teve dois colunistas semanais comunistas - o Luís Sá e eu eu proṕrio, cerca de um ano cada um.

Mas, para a douta Maria Filomena Mónica, estará tudo bem assim e não poderia ser de outra maneira, como diria o ditador de Santa Comba.
(Os eventuais interessados numa matéria mais vasta que a abordada na polémica Manuel Loff-Rui Ramos, ou seja,  a natureza e qualificação do regime vigente de 1926 a 1974, podem visitar os revisitar aqui e aqui os meus artigos no Público em 2007 em  polémica aberta com Vasco Pulido Valente.)

01 agosto 2012

Refundação ou «afundação» ?

Ou como Daniel Campelo
foi um herói antes de tempo


Ao ler hoje o nº5 do folhetim de Rui Tavares no Público sobre as suas propostas ou ideias para uma «refundação democrática» decido nem esperar pelo 6º dedicado aos partidos pois já li o suficiente para ter uma nova confirmação de que uns têm a fama do esquematismo, da superficialidade e do dogmatismo mas outros é que têm o proveito.

Quanto ao folhetim de hoje basta-me citar, que num espírito de absoluta generalização que só por si devia envergonhar um intelectual como Rui Tavares, este afirma que (sublinhados meus) «se a democracia implica a possibilidade de cada cidadão eleger e ser eleito, a República Portuguesa é, na prática, uma meia -democracia. Todos podemos votar, de vez em quando, mas num universo de 500 pessoas que, por sua vez, foram escolhidas por apenas cinco. Todo o cidadão pode eleger, mas só uma minoria mastigada pelos aparelhos partidários e vetada pelo senhor feudal que manda no partido pode aspirar a ser eleita.».

Deixando de lado a questão sobre como é que, num momento da sua vida, Rui Tavares aceitou ser escolhido apenas por um «líder»e ainda por cima senhor feudal e deixando de lado saber se este juízo o colheu RT de por onde passou, o que eu posso testemunhar que passei 37 anos da minha vida político-partidária a não ver nada disto e antes a ver as decisões sobre candidatos (e só mais as mais relevantes) a serem decididos por órgãos colegiais centrais exercendo competências estatutárias e sempre em diálogo com as organizações distritais e com largo papel destas.

Mas isto para mim são trocos quando comparados com o que Rui Tavares escreveu no nº 4 (30/7) do folhetim, numa triste imitação do que estamos fartos de ouvir de Vasco Pulido Valente, António Barreto, Maria Filomena Mónica e outros, a saber isto : «A isto poderíamos acrescentar que os partidos impõem a disciplina de voto à revelia da Constituição, o que deveria ser uma vergonha nacional, porque significa que os deputados que têm exclusividade também não são mais livres. Se levantam ondas não estão nas próximas listas eleitorais. De forma que estamos perdidos se não conseguirmos duas coisas simples: deputados que façam aquilo para que foram eleitos em exclusividade (...) e que depois votem em total liberdade».

Sem deixar de reconhecer  ser humano e politicamente compreensível que cada um adora a indisciplina de voto nas bancadas alheias mas não na sua, é sobre estes pontos de Rui Tavares que quero deixar as seguintes observações soltas e não hierarquizadas :

Levando à letra o pensamento de Rui Tavares, parece que os partidos, em vez de serem associações de mulheres e homens livres que se decidem voluntariamente associar em torno de uma identidade e de um projecto políticos, deviam ser uma espécie instrumento à disposição de  candidatos a deputados para lhes permitir depois exprimirem na AR as suas idiosincracias e opiniões estritamente pessoais e votarem como na real gana lhes desse.

Ora, ao contrário do que disse Rui Tavares, o que seria uma vergonha nacional seria e é  alguém candidatar-se pela lista de um partido (onde alías constam a sua designação e símbolo e não as fotos dos candidatos), ter aceite o respectivo programa eleitoral, ter beneficiado do esforço e espírito de sacrifício de milhares de militantes e simpatizantes e, depois de eleito, se borrifar em tudo isso e passar a agir e a votar liberto de quaisquer vínculos de pertença política e de solidariedade ou respeito para com os eleitores que o elegeram.

Eu sei que a memória é curta mas estas ideias de Rui Tavares no fundo representam a glorificação e reabilitação do «danielcampelismo», fenómeno que na altura foi geralmente condenado e exautorado. E pode não ser o caso de Rui Tavares, mas não me admiraria nada que se elas fossem postas em prática rapidamente se ergueria um coro contra a «balcanização» do Parlamento e as instabilidades legislativas e governativas que podiam vir atrás.

Finalmente, se por enquanto de forma velada, Rui Tavares pretende fazer a defesa de candidatos «independentes» (mais rigorosamente, de candidatos propostos por cidadãos eleitores) à AR, o que actualmente - e a meu ver bem - está legalmente vedado, então isso só seria possível com a criação dos famigerados círculos uninominais, expressão máxima do que tenho chamado «escrutínio de ladrões».  E é assim porque, quer o sistema eleitoral se baseasse apenas num círculo nacional ou em círculos distritais ou nos dois, a verdade é uma lista com 12, 24 ou 50 candidatos ditos «independentes» (insisto, propostos por cidadãos eleitores) deixaria de o ser porque quando 12, 24 ou 50 candidatos se associam para se candidatarem à AR é porque tem as suficientes afinidades programáticas entre si, já não há a candidatura individual, o que há é um partido informal que não quis ter nem o trabalho nem as obrigações de ser um partido a sério.

15 junho 2012

Fragmentos

Jornal do incrível 



Notícia «piquenina» hoje no
Público

Vasco Pulido Valente hoje no Público:
«O que, por exemplo, o PCP e o Bloco
oferecem aos portugueses, tirando uma retórica
sem sentido, não interessa ninguém e não
 levará ninguém à mais ténue
 forma de militância
»
Passou impune e entre os intervalos da chuva a afirmação feita por Vítor Gaspar na AR de que ele e o governo português não conheciam nada de mais detalhado sobre o resgate a Espanha, apesar de naquele dia estar numa reunião dos ministros do Eurogrupo. Ou seja, a UE  toma uma decisão que tem vastas repercussões à escala europeia mas nem um telefonemazinho para os ministros das finanças nacionais a dar um cheirinho sobre a natureza  e os detalhes essenciais da coisa. É caso para dizer: que rica União !.

30 novembro 2011

Ainda e sempre a chegada de A. Cunhal à Portela

Descubram o marinheiro !


(um camarada de Sacavém dá a mão a Luísa Amorim)

Aviso prévio
: este «post» é um supremo enjoo para os leitores mais antigos de «o tempo das cerejas» que porventura se lembrarão quantas vezes, a propósito de fantasias de Vasco Pulido Valente, Zita Seabra e outros, reconstituí de forma testemunhal o que efectivamente se passou na chegada de Álvaro Cunhal ao Aeroporto da Portela.

Acontece que o Público de hoje insere uma peça onde são feitas múltiplas citações de um livro recente de Mário Soares de que, no que toca a este assunto, extraio a seguinte passagem (sublinhados meus): «(...) À saída do aeroporto estava uma pequena multidão à espera de Cunhal. E, paradoxalmente, havia um tanque estacionado. Para quê pensei eu ? Cunhal subiu para o tanque e, salvo erro entre um soldado e um marinheiro, retirou um discurso do bolso e começou a falar. Um dirigente comunista, que não recordo quem fosse, convidou-me a subir para o tanque o que fiz com alguma relutância, diga-se. Quando Cunhal se apercebeu que eu estava ao lado dele, disse qualquer coisa a um camarada, o qual pouco depois me pediu  para descer porque - como disse - houve um equívoco. Desci com grande gosto, porque percebi o cenário: Cunhal entre um soldado e um marinheiro, em cima de um tanque, era algo que lembrava Lènine, no seu regresso a Moscovo...(pág. 183)».

Com pedido de desculpa aos leitores que já conheçam a história de cor e salteado, não tenho outro remédio se não repetir ou observar:

1. Já expliquei várias vezes que nem Álvaro Cunhal nem Domingos Abrantes (que com ele viajou de Paris) faziam a mais pequena ideia do que se ia passar uma vez transpostas as portas do aeroporto e de que sítio iria Cunhal falar e já contei, como testemunha visual, que foram os militares (chefiados quanto a mim por Jaime Neves) que propuseram a Álvaro Cunhal que subisse para cima da chaimite.

2. Quanto a alguém ter pedido a Soares para descer da chaimite, como estava atrás desta e não à frente, nada posso garantir, a não ser que; como a imagem mostra, já Cunhal discursava e Mário Soares ainda estava em cima da chaimite; não conheço nenhuma imagem do momento em que Soares não figure em cima da chaimite; e, por fim, parece inacreditavelmente que, segundo a descrição de Soares, Álvaro Cunhal teria interrompido o discurso para sussurrar a um seu camarada: « tirem dali o Soares».

3.
Dou generosas alvíssaras a quem na foto de cima descobrir o famoso marinheiro de que Mário Soares fala.



Imagem da chegada de Mário Soares a
Santa Apolónia (aí a multidão já
devia ser imensa) em que este está
acompanhado à esquerda por um
nada
relutante Dias Lourenço e por
dois militares
(um dos quais abraça no frame
a seguir deste vídeo do INA francês).

P.S.: Fazendo justiça a uma obra injustamente silenciada e esquecida, lembro que nas bibliotecas será possível encontrar este Dicionário Político de Mário Soares, da autoria de Pedro Ramos de Almeida, que ilustra de modo arrasador a constância e coerência de opiniões de Mário Soares nos primeiros anos após o 25 de Abril.

18 novembro 2011

Vejam como eu sou delicado

O tremendismo do dia




 
 










"(....) Uma noite no D. Maria é uma noite soturna. Francisco José Viegas cortou o orçamento (um milhão de euros) deste longo equívoco. Foi inteiramente justo. E, quando Diogo Infante resolveu recorrer à intimidação, não hesitou em o demitir. Chegou a altura de acabar com este rídicula ilusão que em Portugal se chama «teatro»." - Vasco Pulido Valente, hoje no Público.

25 setembro 2011

Voltando à vaca fria ou até enjoa


Lamúrias

e autoflagelação (arrastando outros)


Só mesmo a falta de assunto mais vivo e interessante pode ter levado Vasco Pulido Valente a, na sua crónica hoje no Público, voltar a remoer lamúrias e a exercitar autoflagelações em relação à chamada «geração de 60», a dele, a minha, a de tantos outros, a que ele chama tristonhamente «uma geração perdida» . E também só por falta de assunto, e para supremo aborrecimento de leitores mais fiéis é que, num dia tão bonito como este, volto a responder a uma mistificação e a uma descarada e absurda amálgama em torno da «geração de 60», coisa que aliás já fiz há tempos no perdido «tempo das cerejas», mas em resposta a Helena Matos, sob a fictícia e irónica forma de «carta aberta à geração de 60» (e antes disso, em 2006, em artigo no Público)

É que, francamente, parece que vou morrer sem conseguir entender porque é que cidadãos e cidadãs diversos, com orientações e percursos políticos e ideológicos tão variados hão-de entrar, quase quatro décadas depois, na mesma caldeirada de culpas, responsabilidades e fracassos só porque nasceram entre 1940 e 1950 e tiveram na década de 60 e pelo menos até ao 25 de Abril um determinado protagonismo cívico e político (ele mesmo com traços diversos) de sentido antifascista.

Vasco Pulido Valente, metendo tudo no mesmo saco, chama-lhe pois «uma geração perdida». Eu, por mim, limito-me a plagiar Pablo Neruda ditando modestamente para a acta que «confesso que vivi». E, naturalmente, de modo diferente de Vasco Pulido Valente.