... como a inteligência não resolve tudo
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Ou por ressaca das festividades de fim de ano ou por causa dos estilhaços de Charlie, deixei injustamente passar em claro este artigo de Francisco Assis no Público de passado dia 8 que considero um exemplo soberbo do que se diz no título deste post.
Atenção, aviso e juro que as citações acima transcritas não têm nenhuma dose de manipulação minha. Na verdade, foi Francisco Assis que expressamente escolheu o caso do aumento do salário mínimo na Alemanha para fazer a demonstração das alegadas vantagens que a sua cabeça vê nas «grandes coligações ao centro».
Ora, sobre este caso, importará anotar três coisas bastante simples mas que terão escapado à notória e reconhecida inteligência de Francisco Assis:
A primeira é que ele não se deve ter dado conta do reflexo nacional que é escolher um exemplo de uma «grande coligação ao centro» em que a CDU de Merkel ocupa a posição dominante e o SPD a posição menor para não dizer «subalterna».
A segunda é que Francisco Assis escolheu o aumento do salário mínimo como principal exemplo das vantagens das coligações «ao centro» por que suspira e esqueceu-se de nos contar alguma coisa sobre os sapos que gostosamente o SPD terá em contrapartida engolido sobretudo em matéria de política europeia com graves reflexos, como é sabido, nos países da periferia, como é o caso de Portugal.
A terceira é que, em projecção para Portugal, dificilmente poderia haver exemplo mais disparatado do que este do aumento do salário mínimo porque, para ele, um PS hipoteticamente governo nem precisará de coligações.