18 agosto 2020

Sobre fanatismo e fantasmas

António Barreto ou como 
o pior se agrava com a idade

« Outros acontecimentos recentes puseram em causa a democracia, sobretudo o receio dos democratas. Estes têm medo do partido comunista que quer fazer  uma festa em condições de privilégio quando as actividades colectivas culturais, religiosas, recreativas, associativas e outras estão praticamente interditas! Não é evidentemente a provocação deles que é uma ameaça, o que é perigoso é a reacção das instituições. Os comunistas sempre tiveram a certeza de merecer um estatuto especial na sociedade e um privilégio indiscutível. Nunca se imaginou que esse conceito fosse tão alargado até englobar regras sanitárias especiais! Nem que as autoridades cedessem

Este envinagrado naco de prosa faz parte do artigo que António Barreto perpetrou    no «Público» de domingo. Podia ignorá-lo porque pouca gente o terá lido num domingo mas resolvi oferecê-lo na integra aos leitores para que, em consciência, possam avaliar  até onde pode ir o fanatismo contra os comunistas e a desonestidade intelectual.
Na verdade, A. Barreto começa por cometer a inolvidável façanha de considerar que a Festa do Avante! 2020 põe «em causa a democracia» quando a mesma, divergências à parte, constitui uma forma de exercício de liberdades democráticas que, recorde-se, não estão nem suspensas nem canceladas.
Depois acusa os comunistas de, com a realização da Festa,estarem a gozar de «privilégio» por supostamente a generalidade das actividades colectivas estarem  «  praticamente interditadas». Acontece que tal afirmação constitui uma rematada mentira porque «as actividades colectivas» não foram interditadas, estão sim sujeitas a regras de segurança sanitária que a Festa do Avante assegura cumprir escrupulosamente.E, se há actividades (como os mais conhecidos festivais de verão) que foram canceladas, foi apenas porque os seus promotores entenderam voluntariamente que o respeito dessas regras inviabilizavam economicamente os seus projectos. 
Mais à frente, vem A. Barreto falar como se a Festa fosse de beneficiar de «regras sanitárias especiais». Só que ele o escreve a pensar em regras mais ligeiras e mais atenuadas quando a verdade é que as terá com um   carácter mais limitativo e exigente.
Finalmente é verdadeiramente assombroso que A. Barreto consiga achar que o PCP sempre reclamou «um estatuto especial na sociedade» pela simples razão de que, passando em revista 46 anos de liberdade, o que ressalta não são «privilégios » dos comunistas e do PCP mas sim insistentes marginalizações e discriminações. como é patente, por exemplo, no espaço mediático que A. Barreto e outros hegemonizam há décadas. 
Em resumo, A. Barreto soterra os factos reais como forma de poder dar livre curso aos seus preconceitos. Esmaga e sonega verdades essenciais para poder exibir os fantasmas que lhe povoam as meninges. E,talvez pior que tudo, chega ao ponto de, qual menino queixinhas, fazer pressão sobre as autoridades de saúde e o governo para que façam o que, em termos democráticos. seria um escândalo que fizessem.


16 agosto 2020

15 agosto 2020

Conclusão lógica

O que a Bonifácio
de facto nos veio dizer

Se
Se, ao considerar  em entrevista ao «Público que a revolução liberal de 1820 é «uma referência para a esquerda radical», Maria de Fátima Bonifácio julgou que estava a hostilizar por exemplo o PCP e o BE, enganou-se redondamente. Pelo menos o PCP terá assumido orgulho em ter como referência mais longínqua o património progressista que à época representou a revolução liberal de 1820. 
Bem vistas as coisas, Bonifácio não se deve ter dado conta da consequência lógica da sua afirmação. É que, ao falar da revolução de 1820 (que na entrevista erradamente desvaloriza)   como uma herança só para a «esquerda radical», ela deixou de fora dessa herança o PSD e o CDS que assim ficam no campo do absolutismo e do reaccionarismo dos miguelistas. E, se assim é, então bem se compreende que Bonifácio tenha concluído que « Hoje, é difícil ser de direita em Portugal. Eu sei por experiência própria. » 

Veneno em forma de artigo

Chega de parvoices

No «Público» de hoje, pelo meio de um artigo estuporado (mais um) sobre a Festa do Avante!, João Miguel Tavares volta a uma efabulação espalhada por José Miguel Júdice logo a seguir às legislativas de 2019.
Trata-se da milonga de que, como os melhores resultados do Chega foram no Alentejo, logo isso teria sido à conta de deslocações de voto de anteriores eleitores do PCP.
Já em 9 de Outubro de 2019 tive oportunidade de aqui espatifar essa venenosa conjectura ao lembrar que :
Acresce que o melhor resultado do Chega em % foi em Portalegre e que esse é precisamente o distrito alentejano onde a CDU tem uma menor votação (10,6%).E acresce ainda que, se deixarmos de lado as percentagens e formos ao número de votos, o que se conclui é que foi em Lisboa e não no Alentejo que o Chega elegeu deputado e que a sua votação no Alentejo apenas representou 6,5% da sua votação nacional.

Porque hoje é sábado ( )

Kathleen Edwards

14 agosto 2020

Brasil

Pandemia 
e privatizações

« (...)  Bolsonaro apoiou sua campanha eleitoral em promessas de privatização de empresas públicas. Em agosto do ano passado, seu Governo chegou a apresentar um ambicioso pacote de privatizações. Nesta terça-feira, ao comentar a saída de seus secretário, Guedes voltou a externar seu desejo de privatizar ―e mencionou diretamente os Correios, a Eletrobras, o Porto de Santos e a PPSA, responsável pelos contratos de exploração do pré-sal―, mas admitiu que a prometida agenda não avançou até agora. “Eu, se pudesse, privatizava todas as estatais. Mas, para privatizar todas, tem que privatizar primeiro duas ou três. E nós não conseguimos privatizar duas ou três. É preocupante. O trabalho não está andando nessa dimensão. É natural que o Governo esteja preocupado”, admitiu.(...)» (em «O Estado de S. Paulo».

O que Paulo Guedes, Ministro da Economia do Brasil, acaba de declarar é que há vida para além da pandemia e dos seus milhares de mortos no país. Sobretudo se essa vida se chamar privatizações.

13 agosto 2020

Um vicio antigo


A mania das 
generalizações abusivas
Este editorial   refere-se aos vetos presidenciais aos diplomas parlamentares que reduziram o número     de debates sobre temas europeus e elevaram o número de assinaturas exigido às petições.E nele Manuel Carvalho sempre refere que o PR deu uma lição de democracia «aos deputados».Mas é tempo de dizer que. quando muito,a deu aos deputados que votaram  a   favor desses diplomas e não a todos os deputados. Manuel Carvalho parece gostar de «lições de democracia» do PR mas foi incapaz de perceber que também lição de democracia deram os deputados que votaram contra e que lição de democracia seria o seu editorial explicar aos leitores quem votou como naquelas matérias.

Uma má notícia

Péssimo sinal

Jornal de Negócios