Um adeus a
José Tengarrinha
em plena batalha da farsa eleitoral
de Outubro de 1973
Embora tristemente esperada, chega a notícia da morte, aos 86 anos, de José Manuel Tengarrinha. Nesta ocasião, não me apetece inovar e por isso aqui reproduzo o que escrevi na altura do almoço de homenagem pelos seus 80 anos. Disse então que «Muitos
e diversos serão os laços, os afectos e os pontos de referência que
cada um dos participantes nesta homenagem sentirá em relação ao
homenageado. Entretanto, arrisco que, a par dessa legítima e
compreensível diversidade, entre todos haverá como traço comum o
reconhecimento de que José Tengarrinha é um figura destacada da
resistência antifascista e da construção da democracia, um historiador e
intelectual de grande mérito e seriedade e um homem de carácter, de
convicções e de serena firmeza.» E acrescentei: «Não
me sinto capaz de, em forma justa, dar um testemunho pessoal sobre os
anos (sobretudo de 1969 a 1976) em que, de forma regular e intensa,
trabalhei politicamente e convivi com José Tengarrinha e de descrever
quanto com ele aprendi e cresci politicamente, sendo que já uma vez, a
respeito de outro amigo recentemente falecido, aqui evoquei quanto os
democratas da chamada «geração de 60» devem a democratas e homens
e mulheres de esquerda que, mais velhos, no campo legal ou semi-legal,
mantiveram acesa a chama da luta pela liberdade nos tempos especialmente
sombrios e duros que precederam a chegada de cidadãos como eu e outros à
vida política activa.»
Assim sendo, resta-me enviar um sentido abraço de solidariedade à Barbara Schilling, sua companheira, à sua irmã, Margarida Tengarrinha, aos seus filhos João e Rosa e também, justificadamente, à Helena Pato.
[câmara ardente a partir da 18 hs. de domingo, na Basílica da Estrela.