01 novembro 2015

31 outubro 2015

Porque hoje é sábado ( )

Jerry Gonzalez


A sugestão musical deste sábado é dedicada
ao trompetista e percussionista
norte-americano Jerry Gonzalez
 (de origem portoriquenha e residente
 em Madrid desde 2000)


Já nem mede as palavras



O Presidente da República afirmou ontem, a pensar no governo que acabava de empossar, quea ausência de um apoio maioritário no Parlamento não é, por si só, um elemento perturbador da governabilidade e que o horizonte temporal de acção de qualquer Governo “deve ser sempre a legislatura”.

E, face a isto, a pergunta que se impõe é a seguinte: chumbado o governo que ontem empossou, diria Cavaco Silva o mesmo a respeito de um governo de iniciativa do PS que, por hipótese, não tivesse uma maioria parlamentar de apoio ?

E, como é de suspeitar,, porque é que não diria ? Pela simples razãe  de que não segue critérios isentos, equitativos e imparciais  e antes segue, de forma cega e sectária, as suas simpatias partidárias !

30 outubro 2015

E não gasto mais cera com...

Apenas dois pontos sobre
outro discurso troglodita



1. Disse Cavaco Silva hoje que é indispensável «manter o rumo». O problema está em que, contra a vontade de Cavaco Silva e da sua seita, a 4 de Outubro, 2 milhões e 700 mil portugueses disseram claríssimamente que queriam mudar de rumo.

2. É uma pena que Cavaco Silva não se tenha dignado explicar hoje qual é o artigo da Constituição que, contra a opinião do Parlamento, o transforma em zelador, avaliador, fiscal ou tabelião da estabilidade, coerência e credibilidade das soluções governativas.


Varrendo a testada

Será que preferem
«os amanhãs que zurram» ?


Só dificuldades técnicas me impedem de responder a milionésima repetição desta piada ou remoque republicando apenas uma crónica que publiquei no Avante! em 1990 um pouco antes do XIII Congresso (Extraordinário) do PCP e que, significativamente, se intitulava «Os amanhãs que já cá cantam !»

Na falta disso (que bastava) fiquem então estas breves observações:

1. A expressão foi criada pelo dirigente comunista francês e grande resistente antifascista Paul Vaillant-Couturier no seu poema «Jeunesse» e viria a ser repetida pelo deputado comunista Gabriel Peri fuzilado pelos nazis em 1941, no Mont-Valérien, nestes termos da sua última carta:

« Que mes amis sachent que je suis resté fidèle à l'idéal de ma vie ; que mes compatriotes sachent que je vais mourir pour que vive la France. Je fais une dernière fois mon examen de conscience. [...] J'irais dans la même voie si j'avais à recommencer ma vie. Je crois toujours en cette nuit que mon cher Paul Vaillant-Couturier avait raison de dire que le communisme est la jeunesse du monde et qu'il prépare des "lendemains qui chantent". Je vais préparer tout-à-l'heure des lendemains qui chantent. »

2. A expressão fez o seu  honroso curso e desempenhou o seu papel mas a verdade é que há mais de 55 anos que não é usada pelos comunistas embora reapareça constantemente na voz e na escrita de variados anticomunistas que nunca por nunca ser nos explicam se acaso preferem (como a sua prática política induz) os «amanhãs que choram» ou os «amanhãs que zurram»

E que se lixem os cidadãos !

Pedro Sousa Carvalho a
favor do «escrutínio de ladrões»
 

Manchete de L'Unità em 1953 sobre a
derrota
da «legge truffa»
  

Em artigo de opinião hoje no Público, o jornalista Pedro Sousa Carvalho sentencia a dado passso o seguinte :«(...)No caso português, tal como já acontece na Grécia e em Itália, talvez faça sentido introduzir o sistema do prémio de maioria, em que o partido mais votado ganha automaticamente um bónus de n deputados que lhe permita chegar à maioria absoluta. Sendo um sistema que distorce a representação proporcional, é útil para gerar estabilidade governativa em sistemas em que existe alguma dispersão de votos, ma non troppo.(...)».

A sentença merece-me apenas três observações:

1. Grandes democratas estes que, em nome da chamada »governabilidade» se estão completamente lixando para os eleitores e para a representação autêntica da sua vontade eleitoral.

2. Como tantos outros, Pedro S. Carvalho nunca deve ter reparado que quer em sistemas maioritários quer em sistemas de bónus há dezenas de milhares de votos que não elegem os deputados que deviam eleger e há dezenas e dezenas de deputados que acabam eleitos graças aos votos roubados à representação parlamentar de outros partidos, provocando uma infame desigualdade na eficácia de voto dos cidadãos.


3. E também não deve ter reparado que, mesmo no sistema eleitoral português (proporcional restrito por causa do método de Hondt e da existência de 20 círculos):

- cada deputado da PAF custou 19.500  votos;
- cada depoutado do PS custou 20.300 votos;
- cada deputado do BE custou  28.000 votos;
- cada deputado do PCP e do PEV custou   26.200 votos.

De bom grado

Dou alvíssaras a quem, nesta notícia (*)
do iencontrar um cisco de fundamento
para este destaque de 1ª página


(*) o mesmo vale para a entrevista
na íntegra de Jerónimo de Sousa à SIC

Ouvindo tanto palavrório «europeista»...

... apetece-me lembrar...