... apetece-me lembrar...
30 outubro 2015
29 outubro 2015
Gincana de torcidelas
Assis igual a si próprio,
só é pena não lhe dar para o bem
Hoje dou-me ao luxo de citar generosa e longamente passagens do artigo de Francisco Assis no Público confiando que, por si mesmos, os leitores descubram as viciações a que ele procede.
só é pena não lhe dar para o bem
Hoje dou-me ao luxo de citar generosa e longamente passagens do artigo de Francisco Assis no Público confiando que, por si mesmos, os leitores descubram as viciações a que ele procede.
«(...)1. A comunicação presidencial da semana passada teve, entre outras, a consequência nefasta de consolidar a ideia de que ao longo dos últimos 40 anos se viveu num regime de apartheid político com a exclusão dos partidos situados à esquerda do PS. Com o apoio activo de alguns sectores do Partido Socialista – nuns casos por pura má-fé, noutros por manifesto desconhecimento da nossa história democrática – os partidos da extrema-esquerda têm vindo a impor a tese segundo a qual foram objecto de uma ostensiva marginalização parlamentar de carácter não democrático. Ora isso pura e simplesmente não é verdade.
« (...)O conceito de “arco da governação” nunca teve, da parte de quantos perfilham os princípios e valores de natureza demo-liberal, um significado ontológico ou sequer normativo. Tão-pouco ele resultou de uma vontade premeditada de exclusão de quem quer que fosse do debate político nacional. E de tal forma assim foi que em bom rigor essa exclusão jamais se verificou. Senão vejamos: os deputados do PCP e do Bloco de Esquerda – uns logo desde o início da Segunda República e os outros mais recentemente – contribuíram para a tomada de decisões parlamentares da maior relevância pública. Foram determinantes para derrubar governos, concorreram para a aprovação de legislação de inegável importância, participaram activamente no processo de fiscalização da acção executiva. Carece por isso de qualquer fundamento a proclamação em voga de que esses partidos vão agora ser resgatados a uma espécie de condição de clandestinidade parlamentar a que estariam votados.(...)»
«(...)Como tal, só é possível extrair uma conclusão séria: a extrema-esquerda parlamentar optou deliberadamente – com uma legitimidade, de resto, inatacável – por um acantonamento político impeditivo de qualquer participação não só na esfera estrita da governação, como no horizonte mais vasto de definição das grandes prioridades nacionais. Não foi excluída: auto-excluiu-se em nome da fidelidade a um modelo de regime e de organização económica e social claramente repudiado pela maioria dos cidadãos portugueses. Tentar inverter a situação releva de despudorado cinismo político. Seria bom que alguns actuais deputados do Partido Socialista que andam por aí levianamente a proferir barbaridades olhassem com mais rigor para a históriada «auto-exclusão» do partido que conjunturalmente representam. (...)».
E, face a esta gincana de sofismas e entorses argumentativos, só quero deixar três breves observações :
1. Por mim, jamais falei de «apartheid» contra o PCP ou o BE em termos globais e totais até porque isso seria desvalorizar a relevantíssima contribuição do PCP para a discussão e antes parlamentar de numerosos avanços de carácter progressista as mais diversas áreas (a título de mero exemplo, lembro que foi em 1982 que, sózinho e sem êxito, o PCP propôs a despenalização do aborto).
2. É espantoso que Francisco Assis comece por citar a comunicação do PR e nem isso o leve a perceber que o que mais está em causa é um «apartheid» no que respeita à participação ou infuência governativa.
3. Quanto à teoria franciscana da «auto-exclusão» , muitos agradeceriamos penhorados que Assis contasse e documentasse que diligências sinceras, sérias e de boa-fé fez o PS junto do PCP antes de formar governo com o CDS e depois com o PSD e mesmo depois antes da formação dos seus governos minoritários.
E, face a esta gincana de sofismas e entorses argumentativos, só quero deixar três breves observações :
1. Por mim, jamais falei de «apartheid» contra o PCP ou o BE em termos globais e totais até porque isso seria desvalorizar a relevantíssima contribuição do PCP para a discussão e antes parlamentar de numerosos avanços de carácter progressista as mais diversas áreas (a título de mero exemplo, lembro que foi em 1982 que, sózinho e sem êxito, o PCP propôs a despenalização do aborto).
2. É espantoso que Francisco Assis comece por citar a comunicação do PR e nem isso o leve a perceber que o que mais está em causa é um «apartheid» no que respeita à participação ou infuência governativa.
3. Quanto à teoria franciscana da «auto-exclusão» , muitos agradeceriamos penhorados que Assis contasse e documentasse que diligências sinceras, sérias e de boa-fé fez o PS junto do PCP antes de formar governo com o CDS e depois com o PSD e mesmo depois antes da formação dos seus governos minoritários.
28 outubro 2015
27 outubro 2015
Paulo Rangel ou...
... um caso perdido de
desonestidade congénita
desonestidade congénita
Em artigo hoje no Público, Paulo Rangel arrota um desmedido elogio ao discurso do seu companheiro de partido Cavaco Silva e alinhava pressupostos que parecem directamente inspirados pelo artº 37º que ironicamente eu inventei para uma Constituição do Cavaquistal.
Para não ter de voltar a todos os truques, entorses e sofismas que esta gentinha anda a debitar, limito-me a dois exemplos:
1. A dado passo, Paulo Rangel (não posso abreviar para P.R. por causa do que se sabe) acusa o BE de «reivindicar, à semelhança do PCP, uma saída imediata da NATO» Ora já aqui demonstrei que do Programa Eleitoral do PCP consta efectivamente a defesa da «dissolução da NATO» mas não está lá nenhum reclamação de saída unilateral de Portugal daquela injustificável organização.
2. Depois, quase no fim, Paulo Rangel debita esta extraordinária pérola: «Enquanto o PCP conversa com o PS, os seus três deputados europeus convidaram todos os restantes (portugueses incluídos) a assinar uma proposta de emenda ao orçamento europeu para se constituir uma linha financeira de apoio a uma saída negociada do euro. Em Lisboa, o PCP aceita ficar no euro mas em Bruxelas tudo faz para Portugal saia da zona euro. Não adianta desafiar Paulo Rangel a explicar o que é que uma parte atrás sublinhada tem que ver com a outra ou como é que a criação daquela linha financeira (de eventuais, indistintos e abstractos beneficiários) tem que ver com a saída de Portugal do euro. Como, de igual modo, não adianta perguntar a Rangel se ele não leu a confissão de Schäuble de que 18 ministros do Eurogrupo tinham defendido o Grexit.
Francamente, caros leitores, depois
do que todos temos gramado,
começo a desconfiar de que a
única maneira de discutir
com este pessoal ressabiado
é com argumentos ad absurdum.
E, por isso, aqui fica
esta inocente pergunta :
do que todos temos gramado,
começo a desconfiar de que a
única maneira de discutir
com este pessoal ressabiado
é com argumentos ad absurdum.
E, por isso, aqui fica
esta inocente pergunta :
Fernando Negrão
Não deve haver esse perigo mas
pode ser Ministro da Justiça alguém
que, enquanto director da Judiciária, promoveu em 1999 fugas de
informação para o DN que ali eram
escutadas em alta voz ?
pode ser Ministro da Justiça alguém
que, enquanto director da Judiciária, promoveu em 1999 fugas de
informação para o DN que ali eram
escutadas em alta voz ?
È bom lembrar !
Um livro estrangeiro por semana ( )
La otra cara del Caudillo
Editorial Crítica, 448 p., 22.90 E.
António Elorza aqui em El País:«(....)Acierta Viñas al reconocer la exigencia de enfrentarse a la corriente historiográfica y política que con insistencia creciente trata de rehabilitar a Franco, exaltando sus supuestas realizaciones y destrozando de paso la imagen de la Segunda República con argumentos similares a los que esgrimieron los sublevados de 1936. El libro de Stanley Payne y Jesús Palacios Franco, una biografía personal y política (Espasa, 2014) es la mejor muestra de esa orientación, y, documentos en la mano, Viñas se entrega a la labor de desmantelarla página a página. .El único reproche a esa tarea consiste en la forma adoptada, de ir invalidando las posiciones neofranquistas una por una, de manera que la interpretación pierde fluidez expositiva y la crítica asume una innecesaria aspereza. La ironía es más útil que el sarcasmo. Unas notas a pie puntuales hubieran podido resolver la cuestión, relegando las menciones bibliográficas al final de los capítulos.
Más allá de las aportaciones relativas a aspectos sectoriales —la espléndida sobre el Ejército como instrumento de la disuasión, el antisemitismo o el apunte sobre el enriquecimiento de Franco durante la guerra—, Viñas realiza un esfuerzo considerable, siempre armado con referencias documentales, para refutar la conocida interpretación de Juan Linz del franquismo como régimen autoritario, tema que vinculara ya en tiempos Juan José Carreras al americanismo del “centinela de Occidente”. (...)»
26 outubro 2015
Não queriam mais nada ?
Olhem, mordam aqui !
Há dois dias, fazendo inovadoramente rodar a roufenha cassete que tantos outros tem debitado, escrevia o incontornável António Barreto no DN que «Não é novidade que o PC e o Bloco desprezem a independência dos deputados. Mas custa ver o PS alinhar pela mesma medida. Este desprezo pode ir a extremos inéditos: Costa está pronto a fazer governo, baseado num acordo que ninguém viu, nem Presidente nem deputados. Nem o PS! Muito menos o povo.»
Este tema merece duas relativamnente curtas observações:
- a primeira é que eu não vi ( e Barreto também não) PSD e CDS (cuja apresentação perante a AR Barreto defende) apresentarem qualquer acordo de base de apoio maioritária ao Presidente, aos deputados, aos seus próprios partidos e muito menos ao povo;
- segunda é que era preciso que o PS, o PCP, o BE e os Verdes fossem patinhos tótós para cairem na esparrela óbvia de divulgarem já ou agora o seu acordo; de facto, isso seria muito vantajoso para o PSD e o CDS que, em época de apresentação do seu programa de governo (que vai ser, por aflição, muito «embelezado»), poderiam dele desviar as atenções, (graças à vasta corte canina de que dispõem na comunicação social) para as reais ou alegadas cedências entre os seus opositores ou para os supostos custos desse acordo.
Sim, queridos, mordam aqui !
Lembrando o assassinato de Ben Barka
Há 50 anos
LA CASE DU SIÈCLE -
AFFAIRE BEN BARKA –
LE DERNIER SECRET
Um documentário do amigo e camarada
Octávio Espírito Santo
Octávio Espírito Santo
Le 29 octobre 1965, Mehdi Ben Barka est enlevé devant la Brasserie Lipp, à Paris.
© Siècle Productions
Qui a commandité l’enlèvement de Mehdi Ben Barka et dans quel but ? Comment est-il mort ? Cinquante ans après la disparition de l’opposant marocain, ce documentaire revient sur l’une des grandes énigmes politiques du XXe siècle.
Né à Rabat en 1920 dans une famille modeste, « élève surdoué et doté d’un esprit d’organisation fantastique », selon Marc Sabbah, son condisciple au lycée, Mehdi Ben Barka devient rapidement l’une des figures de la lutte contre le protectorat. En 1955, il concourt activement au retour du roi Mohammed V, contraint à l’exil par la France et considéré comme le père de la nation marocaine. Il participe ensuite, en novembre 1956, aux négociations qui aboutissent à l’indépendance. Nommé président de l’Assemblée consultative du Maroc, il fonde en 1959 un parti de gauche qui se place dans l’opposition. En 1961, la mort subite de Mohammed V, dont il était le protégé, change la donne. Le nouveau souverain, Hassan II, se méfie de son ancien professeur de mathématiques et de sa popularité grandissante. Un supposé accident de la route avec une voiture de police manque de lui coûter la vie et le force au départ en 1962. Deux ans plus tard, accusé de complot contre la monarchie, il est condamné à mort par contumace. Comme l’écrit l’historien Jean Lacouture, Ben Barka devient alors un « commis voyageur de la révolution ». Il multiplie les rencontres avec les grandes figures et les indépendantistes du tiers-monde. En 1965, il préside le comité préparatoire de la Conférence tricontinentale qui doit réunir à La Havane, en janvier 1966, les représentants des mouvements de libération des peuples d’Afrique, d’Asie et d’Amérique latine. Dès lors, Ben Barka acquiert une stature internationale et dérange. Mais qui ?
Un enlèvement minutieusement préparé
Selon l’historien marocain Maâti Monjib, « Ben Barka était devenu le principal danger politique et diplomatique pour Hassan II, qui voulait son retour de gré ou de force ». D’autres spécialistes comme Mostafa Bouaziz pensent que « si on lui en voulait, c’était à cause de son rôle international ; il était en train de fonder la Tricontinentale, il avait une influence sur les révolutionnaires de l’époque […] ; ses positions étaient claires contre les Etats-Unis et l’impérialisme en général ». Le doute subsiste. Quelles que soient les raisons de l’enlèvement, on retrouve à l’origine de celui-ci trois Marocains : le général Oufkir, homme fort du régime, le colonel Dlimi, chef de la Sûreté nationale, et le commissaire de police Chtouki. Oufkir connaît bien le ministre français de l’Intérieur de l’époque, Roger Frey, et un de ses proches, Pierre Lemarchand. Député gaulliste, ce dernier, qui a dirigé les groupes de barbouzes ayant combattu l’OAS, va jouer un rôle crucial dans le piège tendu à Ben Barka. Il propose aux Marocains de faire appel au célèbre gang des tractions avant. Afin de déjouer la méfiance de l’opposant qui se sait menacé, on envoie l’approcher un fils de bonne famille, qui a des relations avec les truands : Georges Figon. L’idée est d’attirer Ben Barka à Paris avec un projet de film sur la colonisation. Trois autres personnages se joignent à l’équipe : Antoine Lopez, un agent du SDECE (les services du contre-espionnage français), Louis Souchon et Roger Voitot, deux policiers de la brigade mondaine. L’opération est en place. Le 29 octobre, à 12 h 15, alors que Mehdi Ben Barka se dirige vers la Brasserie Lipp, où il a rendez-vous pour les besoins du film, Souchon et Voitot se présentent et l’invitent à monter dans leur voiture. Personne ne le reverra.
Depuis 1966, neuf juges d’instruction se sont succédé pour tenter de faire la lumière sur une affaire qui garde, cinquante ans après, bien des zones d’ombre.
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