Quando o bluff tem
direito a manchete
Diálogo interceptado pelo SIS
Pedro Passos Coelho: Boa tarde, senhor Presidente, vinha só informá-lo que, aproveitando a barafunda no PS, decidimos soprar para a imprensa que, se houver novos cortes, podemos provocar eleições antecipadas.
Cavaco Silva: Mas, ó Pedro, você sabe que eu sou contra isso, acabo mesmo de declarar que não me deixo pressionar por ninguém e, além do mais, vocês não viram a última sondagem do Expresso ?
Passos Coelho: Senhor Presidente, é claro que vimos e é claro que sabemos que o senhor é contra eleições antecipadas, é mesmo por isso que avançamos com a ameaça...
Cavaco Silva: Ah bom, já percebi e, se houver alguma coisa que não tiver percebido, logo falo com a Maria.
Passos Coelho: Então estamos entendidos, senhor Presidente, um bom fim de semana.
Adenda em 8/4: sem grande espanto da minha parte, afinal é um dos sinais dos tempos, a generalidade dos participantes no «Eixo do Mal» desta madrugada levou a sério esta ameaça, proclamou para aí 10 vezes que «não há oposição» e continuou a discorrer como se a formação de um futuro governo dependesse unicamente de saber qual é a força mais votada, esquecendo o elemento essencial que é o haver ou não uma maioria parlamentar absoluta de aprovação ou rejeição do programa de governo. Para que não se pense que é tudo mau, fique aqui um registo muito valorativo para a lúcida e arrasadora demonstração feita por Daniel Oliveira de que as primárias convocadas para o PS são uma patente ilegalidade estatutária.