07 maio 2014

Eleições a quanto obrigam

O coligado com a
Merkel em selfie de família



foto do Público
Como se pode ver, os dentes de toda
a gente estão impecáveis, a política do
grupinho é que nem tanto.

06 maio 2014

Gloriosa democracia !

Os EUA a caminho
de Estado confessional ?


a ler aqui 

E viva a "saída" da troika !

A implacável guerra
aos  nababos de 600 Euros


Se não viu bem na primeira imagem,
veja melhor na segunda :

Sinceras perplexidades

«Credíveis» - um adjectivo
recorrente mas muito enganoso



No Diário Económico online,  encontro estas afirmações de Francisco Louçã:
 
«A esquerda tem défices. Tem tido pouca preocupação em apresentar soluções credíveis e suportadas por aquilo em que a esquerda é mais forte que são as respostas de mobilização. Por exemplo, o sucesso do António Chora como presidente da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, na capacidade de negociar e defender os trabalhadores precários, é um exemplo para a esquerda inteira e uma grande conquista do Bloco de Esquerda. Além disso, é necessário passar da grandeza dessa luta para dizer que governar é tomar decisões. A esquerda ainda não foi protagonista disso. O Bloco de Esquerda, tal como outras forças de esquerda, deve fazer muito mais trabalho nesse sentido. Por isso, o movimento pela reestruturação da dívida é tão importante. Ele indica primeiro que é possível, segundo que tem alianças e terceiro que é uma solução. Um governo que hoje se apresente com esta resposta, se puder conjugar todos aqueles que com ele concordam, pode mudar o mapa político português. A disputa que importa passa por procurarmos lideranças e isso significa ter uma solução para Portugal. O Governo diz-nos que Portugal é inviável. A grande tarefa cultural da esquerda é destruir a ideia da inviabilidade. Portugal é viável como democracia, com responsabilidade social.»


Para não obnubilar o essencial, deixo de parte a pergunta sobre o que se diria se o PCP proclamasse como sua «conquista» a actuação de qualquer Comissão de Trabalhadores e, num estrito plano de leal debate de ideias, quero ater-me a dois pontos que me parecem mais relevantes:

Tal como tem vindo a ser feito repetidamente por outras personalidades de esquerda, também nestas declarações Francisco Louçã vem escolher o adjectivo «credíveis» para o apor a «soluções». Tivesse Louçã usado o adjectivo «aprofundadas», «consistentes» ou «coerentes» e a minha divergência seria de outra natureza. Mas como escolheu o «credíveis», embora eu saiba que certamente Louçã não se situa nesse território, eu sinto a necessidade de lembrar que, no debate político nacional, este adjectivo de recurso fácil está profundamente envenenado, não se podendo ignorar que tem todo um lastro do género «credíveis são as minhas, as tuas nunca o são» e, em concreto, está radicalmente contaminado pelo uso que PSD, CDS e PS dele têm feito para desqualificar as propostas do PCP e do BE. E também cabe lembrar que, em muitos, a mais frequente tradução de «credíveis» tem sido a de «moderadas» ou «muito moderadas» ou, mais especificamente, aceitáveis pelo PS. Porque há uma pergunta incómoda que se impõe: «credíveis» para quem ? É que uma coisa ser redonda ou quadrada não é da mesma natureza que certas soluções serem «credíveis» ou «não credíveis» na exacta medida em que todos os juízos sobre «credibilidade» relevam da subjectividade ( e dos interesses, valores e opiniões individuais que lhe subjazem) de quem é chamado  fazer tais juízos. E, depois, sem obviamente negar que as forças mais à esquerda têm sobre os seus ombros a responsabilidade de aprofundarem as suas propostas sobre problemas cuja complexidade cresce constantemente (mas aqui não se deve esquecer que os partidos do governo se podem aproveitar partidariamente e nas calmas do trabalho de milhares de quadros da administração pública e da máquina do Estado), talvez convenha enfrentar a dolorosa realidade de que os partidos mais à esquerda do que mais sofrem não é da falta de credibilidade das suas propostas mas do facto de grande parte do eleitorado, esquecido do seu próprio papel e poder, interiorizar que não terão os votos necessários para governar o país e concretizar as suas propostas.


Mas talvez a minha maior surpresa nestas declarações de Francisco Louçã esteja no que diz sobre «o movimento pela reestruturação da dívida». É que julgava eu que aquela iniciativa, que a meu ver tem méritos, traduzia a convergência de personalidades de diversas sensibilidades políticas (embora, ao que parece, o PS não lhe tenha dado grande aval de «credibilidade») em torno de uma questão concreta embora de enorme importância. Não, o que Louçã explicitamente vem dizer, no contexto indiscutível de referência ao «movimento pela reestruração da dívida», é que «Um governo que hoje se apresente com esta resposta, se puder conjugar todos aqueles que com ele [movimento] concordam, pode mudar o mapa político português». Ora, mesmo deixando de lado a bicuda questão  do PS a que já aludi ao de leve, é este projecto político que a mim não me parece apenas inviável e pouco sensato como sobretudo me parece a milhas da alternativa de esquerda porque é preciso lutar e que terá de enfrentar, para além da dívida, muitos outros problemas cruciais da sociedade portuguesa.

05 maio 2014

Ao que isto chegou !

Uma golpada porca e
uma miserável provocação



O título deste post exprime a única maneira delicada de classificar a peregrina ideia da troika de realizar um Fórul em Lisboa no dia da votação das eleições para o Parlamento Europeu coma presença de Barroso, Lagarde e Draghi. Com efeito, só querubins poderão pensar que as declarações que serão feitas neste Fórum não representarão nesta ou naquela medida uma abordagem de matérias que estiveram em debate e controvérsia na campanha eleitoral e não redundarão numa claríssima interferência a favor dos partidos do governo.

Nesse sentido, não posso deixar de salientar que:

- se a própria troika não for capaz de um elementar respeito e isenção face a um acto eleitoral num país membro da UE;

- se o governo não for capaz de resistir à sua gulosice eleitoral e de fazer ver à Comissão Europeia, ao FMI e  ao Banco Central Europeu a profunda indecência desta iniciativa naquele dia;

- então só nos resta esperar que a comunicação social portuguesa, finalmente lembrada de que as regras que vigoram para o dia de reflexão também vigoram e por maioria de razão para o dia da votação, num assomo de dignidade nacional e numa afirmação de vinculação aos príncipios democráticos não dê nenhuma cobertura a esse Fórum.

P.S.: Permito-me recomendar vivamente ao governo e à troika que tenham presente que a imaginação está mais bem distribuida do que eles imaginam e que, nesse sentido, pode alguém querer que este Fórum se converta num tiro pela culatra. E mais não digo.

É para esquecer, não é ?


Depois disto,

disto,
e disto
... o que o Público nos tem para
oferecer numa página inteira
dedicada hoje ao resumo dos
recentes acontecimentos é isto :
"Cerca de 30 militantes separatistas que
estavam detidos no quartel-general
da polícia de Odessa, sob suspeita de
envolvimento nos violentos confrontos
de sexta-feira que provocaram mais
de 40 mortos
, foram libertados na
sequência de um ataque surpresa
de activistas pró-russos (...)"

O que a beatificação não apaga


No Le Monde aqui

04 maio 2014

Sair para ficar no mesmo sítio

Comentário sucinto à
comunicação de Passos Coelho






Uma manchete habilidosa do DN mas a verdade
é o que o PS se pôs a jeito ao encerrar-se
na escolha entre a peste e o veneno.

Aqui declaração de João Ferreira, do PCP,
sobre o assunto.


E agora Senguila em L'Imposteur


Moi je suis un imposteur,
Il est moins facile de faire taire une douleur que de posséder un cœur,
Ça fait longtemps que j'ai arrêté de prier,
Je ne suis qu'un acteur,
Et si le jugement dernier existe vraiment j'serais pas du côté des vainqueurs,
Je cherche le bonheur, en distribuant le mal.
Je regarde dans les yeux quand je dis des choses pénibles,
Quand j'écrase quelqu'un de plus faible j'me sens invincible
Ceux qui m'apprécient, ceux qui m'aiment me croient tous timide
Mais en vrai je suis perfide à convoitiser tous mes gestes
Suis-je normal suis-je quelqu'un de mauvais
Je ne sais pas si c'est tout le monde ou si c'est moi qui suis mal fait
Eloignez-vous de moi je suis la bête qu'il faut détruire
Pour vous je n'ai rien à offrir
Depuis mon enfance je suis…

Aos fins de semana, na última do "Público"

O explosivo casamento
do rancor com a senilidade talvez
com mais alguma coisa pelo meio




A excelente e elegante maneira de argumentar de Vasco Pulido Valente, hoje no Público, sobre Marx e os marxistas: « Agora não se lia Marx, ou muito pouco. Mas não se podiam perder as revelações que constantemente nos chegavam do marxismo francês e se ramificavam até aos mais pequenos pormenores da vida. Não me peçam para dizer os nomes das «notabilidades»  da «escola de Paris». Só me lembro de uma, Louis Althusser, que, certamente levado pelo materialismo dialéctico, estrangulou a mulher».

Como já aqui contei uma vez, ninguém me tira da cabeça que a culpa de boa parte deste vezo antimarxista e anticomunista de Vasco Pulido Valente deve ter pertencido a Octávio Pato que contava divertido como uma vez, numa das suas regulares visitas clandestinas a casa dos Correia Guedes, à segunda canelada recebida do fedelho Vasco, lhe afinfou duas valentíssimas palmadas no rabo.

Adenda de carácter histórico:
Porque isto está mau para a memória e porque  sempre emergem novas gerações, pode haver leitores que pensem que só por ocasião dos 40 anos da revolução portuguesa é que Vasco Pulido Valente passou a escrever 25 de Abril com aspas e a gozar com os capitães de Abril. Não é verdade: já nos 30 anos do 25 de Abril, o sujeito tinha publicado no DN de 27.4.2004 um «ensaio» intitulado «Imitar a revolução» onde já lá estava tudo isso e muito mais. Respondi-lhe então assim no Avante!  de 5 de Maio de 2004:

Imitação

Foi assim: o «25 de Abril» foi feito porque o Exército não queria continuar a guerra. Os «capitães» que se pronunciaram contra a ditadura não tinham um plano, ou sequer uma ideia, para o país. Normalmente pouco educados, se pensavam no assunto, era para partilhar os lugares comuns «socializantes» da oposição urbana e estudantil. Por si só, o famoso «Programa do MFA», incoerente e sumário, revela bem o vácuo para que se empurraram os portugueses. Por um lado, prometia eleições e, por outro, a «reforma agrária» e uma «estratégia anti-monopolista», dois pontos cruciais, retirados da vulgata do PC. Ao lado disto, havia também as ideias ou propostas de um Spínola megalómano e ignorante. Logo de principio, existiram, portanto, dois programas, um pior que o outro, e duas facções. Faltava «sair» e estabelecer o caos.


A «revolução de Abril», como romântica e fraudulentamente lhe chama a Esquerda, nunca existiu. As manifestações de grande entusiasmo legitimavam o «golpe» contra a ditadura mas mais nada. E muito menos o assalto, inaugurado a 26 de Abril, a toda a espécie e género de autoridade que nos primeiros meses chegou espontaneamente a inimagináveis proporções. Muito acima do MFA e dos seus cabecilhas, o maior culpado de tudo o que se seguiu (incluindo a miséria e o atraso a que a «revolução» levou a economia) foi Álvaro Cunhal que vivia em 1940 e, pela força, queria estabelecer em Portugal um regime soviético. Como bem se percebeu pela sua cópia fiel (e, de resto, encenada) no Aeroporto da Portela do desembarque de Lenine na estação da Finlândia. Abreviando pormenores (como o «povo» que berrava na rua), percursos e acidentes, conclua-se, por fim, que a verdadeira revolução foi a de Mário Soares.

Os leitores que tenham conseguido suportar todas estas linhas alarves merecem a informação de que estivemos simplesmente a imitar (na verdade, a resumir) o «ensaio» (?) que, sobre o 25 de Abril, Vasco Pulido Valente, perpetrou nas páginas do «DN» de 25/4 com o título «Imitar a revolução».

E, para tanto, bastaram-nos 284 palavras (e comas) tiradas das 6862 que V.P.V. gastou. Almas escrupulosas dirão que este nosso resumo representa uma cruel e malévola caricatura do «ensaio» de V.P.V. Nem tanto, mas ainda que assim fosse, amor com amor se pagaria.

É voz corrente que Vasco Pulido Valente Correia Guedes escreve muito bem. Assim será, mas pensa muito mal. E preferíamos mil vezes que escrevesse com os pés mas pensasse com a cabeça em vez de com a bílis.

Se não o soubéssemos já, fica assim definitivamente provado que a História, ao menos a recente, é um assunto demasiado sério para ser deixado apenas aos historiadores e aos cabotinos envinagrados.»


 

Na morte de Veiga Simão

Portas, a «transição suave»,
a dor de cotovelo ou coisa pior



Eu que não subscrevo certo tipo de comentários que tenho lido sobre a morte de Veiga Simão, não posso deixar de lembrar a Paulo Portas que, no curso do regime fascista, o 24 de Abril de 1974, em que Veiga Simão era ministro, já era um bocadinho tarde mesmo para aqueles que depois vieram  dizer que «lutavam por dentro» pela famosa «transição suave». E quanto àquela significativa passagem de Portas do «independentemente da sua evolução ideológica posterior», é caso para dizer que ou o irrevogável está com dor de cotovelo por Veiga Simão ter ido para o PS e não para o CDS ou o PSD ou, pior, ainda preferia que ele tivesse ficado ideológicamente onde estava quando foi ministro de Caetano entre 1970 e o dia 25 de Abril de 1974.