06 abril 2014

Deve ser por causa do meu Q.I, mas...

... francamente, não percebo !

O suplemento Q - O Quociente de Inteligência do DN de ontem era integralmente dedicado aos 40 anos do 25 de Abril e, na sua capa, avultavam o título e o texto que se seguem (sublinhados meus):

Ora, lendo isto e não querendo ser desagradável com ninguém, não posso deixar de observar que:

1. É minha firme convicção que um normal quociente de inteligência desaconselha a que, 40 anos depois do 25 deAbril, se venha afirmar que ainda falta escrever «a verdade» sobre o 25 de Abril ou que    se  deixe no ar a insinuação de que este grande acontecimento na nossa vida colectiva  ainda está por  «explicar»  comose estivesse envolvido em profundíssimos mistérios e segredos.
2. É minha sólida convicção  que um razoável quociente de inteligência  devia recomendar que se entendesse que, sobre um acontecimento (e processo) desta natureza e alcance bnunca haverá uma «verdade» total e totalizante, indiscutível e incontornável, já que o próprio trabalho dos historiadores representa sempre um movimento e esforço de sucessivas e nunca terminadas  aproximações à verdade histórica.
 
3. É minha arreigada convicção  que um comezinho quociente de inteligência que tivesse em conta a existência de uma já vasta bibliografia sobre o 25 de Abril (em que entram obras de historiadores mas também numerosos testemunhos pessoais de destacados protagonistas)   devia proibir intelectualmente que alguém viesse fazer uma pergunta  absurda e disparatada sobre «o que assusta capitães de Abril, políticos, ensaístas, historiadores    e escritores para clarificar em definitivo o golpe militar».            

05 abril 2014

Entre outras coisas

Lomba, o 25 de Abril «original»,
o fascismo com aspas e o direito ao T2


(...)
E, pronto, em relação a esta última bojarda, só quero esclarecer o o estimado público de que até a Constituição espanhola aprovada em 1978 e resultado, não de uma revolução, mas de uma transição pactada entre os herdeiros do franquismo e as forças de oposição, estabelece o seguinte no seu
Artículo 47
Todos los españoles tienen derecho a disfrutar de una vivienda digna y adecuada. Los poderes públicos promoverán las condiciones necesarias y establecerán las normas pertinentes para hacer efectivo este derecho, regulando la utilización del suelo de acuerdo con el interés general para impedir la especulación. La comunidad participará en las plusvalías que genere la acción urbanística de los entes públicos.

Porque hoje é sábado (388)

Vanessa Lively




A sugestão musical deste sábado  vai para
a  cantora norte-americana Vanessa Lively.





04 abril 2014

Luther King foi assassinado há 46 anos

Recordando os
«Dez mistérios em Menphis»


King na varanda fatal, com o Rev Jesse Jackson, à sua direita
Quando se completam no dia de hoje 46 anos sobre o assassinato de Martin Luther King, talvez valha a pena republicar aqui a parte final  do longo artigo que Ruben de Carvalho publicou na Vida Mundial de Abril de 1998 e que depois veio a ser integralmente reproduido em 4.4.2007 na primeira série de «os papéis de alexandria» (hoje indisponível).

«1. Martin Luther King chegou a Mênfis no dia 3 de Abril de 1968, rodeado de um ambiente hostil. A imprensa local, antes da sua chegada,  criticou-o por tencionar alojar-se no Hotel Holliday Inn, propriedade de brancos, em vez do Motel Lorraine, propriedade de afro-americanos. King resolveu instalar-se no motel. O inquérito posterior revelou que os comentários  sobre a questão do hotel se baseavam num press release  distribuido pelo FBI onde o Motel Lorraine era claramente indicado.

2. No dia anterior ao da chegada de King, um individuo que se identificou como pertencendo à sua segurança pessoal   alterou a disposição de quartos que o hotel havia feito, indicando um quarto determinado onde King efectivamente se alojou, e à porta do qual foi alvejado mortalmente. O individuo nuca foi identificado.

3.  O então comandante da Polícia de Mênfis, Frank Holloman, ex-agente do FBI, onde fora seceretário de J. Edgar Hoover,  tomou medidas para diminuir a escolta policial de King de oito para dois homens. No dia do atentado,  um dos agentes de serviço no Motel Lorraine, Edward Reditt, negro, foi mandado retirar por haver úma ameaça contra a sua vida». Holloman igualmente providenciou que os únicos bombeiros negros do quartel situado frente ao Motel Lorraine fossem afastados nesse dia para outras instalações.

4. As investigações da polícia de Mênfis basearam-se em que o tiro mortal teria sido disparado de uma casa de banho de um prédio fronteiro ao do motel. Foi provado que as dimensões da casa de banho tornavam inteiramente impossível que alguém nela disparasse uma espingarda. Um fotógrafo de um jornal de Mênfis  tirou várias fotografias a partir da janela , revelando que ramos de árvores impediam completamente  a visibilidade para a varanda onde se encontrava King; no dia seguinte ao da publicação, o município de Mênfis ordenou o corte das árvores.

5. A janela de onde o tiro teria sido disparado encontrava-se sensivelmente à mesma altura da varanda fronteira. Entretanto, quer as testaemunhas quer a autópsia tornam claro que Luther King foi atingido por um tiro de cima para baixo.

6. A única testemunha que identificou James Earl Ray como autor do disparo assassino foi um individuo chamado Charles Stephens, alcoólico crónico que se encontrava completamente embriagado na altura.  Negou posteriormente as declarações, reiterando-as após ter recebido 30 mil dólares de requisições para restaurantes pagas pelo FBI.

7. James Earl Ray só foi preso, em Londres, em 8 de Junho,  depois de ter viajado de Mênfis para Toronto, daí para londres , Lisboa e novamente Londres.  Nestas viagens terá gasto um mínimo de 25 mil dólares, não se lhe conhecendo quaisquer fontes de rendimento.

8. Testemunhas afirmaram que Ray abandonou o local do crime num Ford Mustang branco e, passados poucos minutos, a polícia de Mênfis fazia apelo de reforços  para um confronto que se verificaria com um Mustang branco na estrada, a norte da cidade,; não só não se verificou aí qualquer qualquer recontro , como Ray saiu pela estrada para Sul.

9. Ray, admitindo ter estado envolvido no crime,sempre negou ter sido o autor do disparo mortal. A Comissão de Inquérito do Senado americano concluiu haver 95% de possibilidades de Luther King ter sido vítima de uma conspiração, mas reiterou que o tiro fora disparado  por Ray...

10. Todos os documento relacionados com o assassínio e as investigações concluidas em 1979 só poderão ser consultados 50 anos após essa data.»

E, por hoje, ficamos conversados

Quando uma imagem
vale mesmo mil palavras



Sondagem da Pitagórica para o jornal «i»

03 abril 2014

Um duelo de trafulhas

O Público transformado em
tribuna eleitoral de Rangel e Assis




Depois disto, e talvez como fosse de esperar de cavalheiros assim, na sua página de hoje no Público, Francisco Assis polemiza directamente com Paulo Rangel e o jornal até parece gostar da situação pois ilustra o artigo com uma enorme foto de Rangel. Entretanto, lá para o final insiste numa patacoada desonesta ao afirmar que «por vontade explícita e amplamente apregoada dos partidos políticos europeus, os cidadãos da União Europeia vão escolher, no próximo dia 25 de Maio, simultaneamente os seus representantes parlamentares e o próximo Presidente da Comissão».

E é quanto basta para que eu volte a publicar o que já escrevi aqui sobre essa treta :



02 abril 2014

Concorde-se ou não com tudo

Uma entrevista 
muito interessante


aqui em Marianne

Há 75 anos

O grande exílio dos
republicanos espanhóis


(...)

a ler aqui

Em Fevereiro de 1939, sob o governo Daladier (Partido Radical Socialista), dois meses antes da vitória final de Franco,  são celebrados  «Les accords Bérard-Jordana, conclus entre la France et l'Espagne à Burgos, siège du gouvernement nationaliste, le , concernent, officiellement, une déclaration de bon voisinage. Diplomatiquement, cet accord est signé afin d'obtenir la neutralité espagnole, en échange de la reconnaissance et de la légitimité de Franco sur l'Espagne(Wikipedia)

Nota: tal como toda a política chamada de «não-intervenção», o tratamento dado pelo governo francês aos refugiados espanhóis constitui uma das páginas mais vergonhosas da história europeia na primeira metade do século XX. Apesar disso, milhares de homens e mulheres, combatentes republicanos, que estiveram sujeitos à fome, à doença e ao desamparo nos campos de «acolhimento» franceses (alguns dos quais instalados em praias), empenharam-se depois corajosamente e com um alto preço pago em vidas na resistência francesa. Largos sectores de opinião franceses nunca gostaram de falar disso, mas a verdade é que, no desfile da vitória em Paris, a maioria dos resistentes armados que desfilaram eram espanhóis.

01 abril 2014

A falta de chá e a questão do pluralismo

Paulo Rangel, o Público,
a fama de uns e o proveito de outros



Como muitos leitores saberão, a coluna semanal de Paulo Rangel no Público tem um destaque gráfico de «sim» e «não», sendo que o «não» de hoje é, em manhosa adaptação gráfica, a que se segue:


Aqui chegados, escusado será dizer que Paulo Rangel aproveita com nenhuma elegância a coluna que tem à sua disposição para, repetindo aliás um soundbyte que já havia debitado, atacar a lista de outro colunista semanal do Público, a saber, Francisco Assis, sendo que o facto de o Público os identificar a ambos como candidatos ao PE para mim não altera nada  a perversidade e mesquinhez de tudo isto.

Por causa das confusões, devo entretanto esclarecer que não sou nada favorável a que as direcções dos jornais possam ou tentem interferir no conteúdo de artigos de opinião e, em principio,  também  não acho  que devam ser suspensas as  colunas de colaboradores de jornais só porque, em determinado momento, são candidatos a alguma coisa, isto no pressuposto, agora de novo desmentido,    de que os seus autores tenham um módico de bom senso, elegância e razoabilidade.  Não, hoje como desde há trinta e tal anos, o meu problema  nuclear ou nodal continua a ser sim a garantia de um real pluralismo de opiniões,  território em que atravessamos um período particularmente sombrio como se pode atestar pelo facto de nos principais jornais não haver praticamente um único colunista comunista.

É claro que na história do Público são às carradas os exemplos anteriores de dualidades de critérios mas ao ver este «não» de Paulo Rangel não me posso esquecer que, em épocas diferentes, tanto o Luís Sá como eu fomos despachados de colunistas do Público ao fim de um ano de colaboração com o argumento explicitado ou indiciado (mas de facto indemonstrável) de que faziamos ostensivo proselitismo partidário.

(Nota absolutamente acessória: os meus artigos no Público entre Março de 2006 e Fevereiro de 2007 estão todos aqui  e oferecem-se de peito aberto para quaisquer comparações com outros autores quanto a proselitismos partidários)

Assim também eu

Com os portugueses totalmente
esmifrados ou o país deserto
alcançaremos o défice zero !