Marcela Mangabeira
01 fevereiro 2014
Desculpem lá a ignorância mas...
... agora o Estado paga
obras através de subvenções ?
obras através de subvenções ?
Este post está a ser colocado à 1.35 hs., altura em que o jornal «i» naturalmente ainda não disponibilizou a notícia completa, apenas nos dizendo que «No caso da Mota-Engil, a subvenção de 8,142 milhões de euros é
justificada com o pagamento de obras de interesse turístico relativo à
construção do novo Museu dos Coches, em Lisboa.». E, pronto, nada mais tenho a dizer a não ser o que está no título.
31 janeiro 2014
Uma crise sem adjectivo
Duplicação de reuniões
e violas no saco
e violas no saco
Quem assim o achar pode chamar-me de velho, de embirrento, de formado numa «arqueológica» escola política e de insensível às exigências de «transparência» das sociedades modernas. Façam favor, não se acanhem.
Mas, mesmo correndo esse risco, como de outras vezes sem qualquer acrimónia de natureza pessoal, eu não posso deixar de opinar que o que está em cima referido pelo Público a respeito de um partido em constituição não resiste a um módico de espírito crítico e só pode aparecer como uma espécie de foguetório mediático e de procura da diferença pela diferença.
Por duas razões que me parecem óbvias e elementares:
- a primeira é que nem o órgão executivo do partido mais original e informal do mundo deixará de ter assuntos reservados a tratar, sejam eles de natureza administrativa, táctica ou estratégica, o que é evidentemente incompatível com a presença de jornalistas; e, assim sendo, é legítimo que se pense que num tal partido o que passará a haver são reuniões do tal órgão executivo para comunicação social ver e outras fechadas à comunicação social onde aí sim se discutirão as questões partidárias e políticas mais sensíveis ou delicadas:
- a segunda é que a abertura à comunicação social das reuniões de órgãos relevantes de um partido serão inevitavelmente não um factor de liberdade de opinião para os seus membros mas um poderoso constrangimento a essa liberdade e à expressão de divergências pois que, quando cada membro falar, estará a pensar no que poderá ser reproduzido na comunicação social do dia seguinte.
Desculpem lá, mas há aqui uma crise que evidentemente não é propriamente social, económica ou política mas para a qual não encontro (ou não quero encontrar) o adjectivo adequado.
Estava na cara
Foram avisados e não
ligaram, agora tomem
ligaram, agora tomem
Em 16 de Janeiro avisei aqui os rapazolas da JSD e os grandolas do PSD
que, « antes de lá chegarem [ao referendo] se é que chegam, serão generalizadamente
gozados e odiados por terem imposto ao país (isto, se o PR, como
mandaria um pingo de dignidade e independência, não se recusar a
convocá-lo) uma campanha eleitoral e uma votação nacional sobre um tema que é da perfeita competência da AR, numa
altura em que a maioria dos portugueses, por força de brutais cortes
que nunca foram sujeitos a referendo, todos os dias conta os euros que
já gastou e os que lhe sobram.»
Ontem uma sondagem do jornal «i» e da Pitagórica deu este resultado:
E, para além destes dados exuberantes, tenha-se em conta que, tanto quanto me lembro, a tradição em Portugal nas sondagens sobre a realização de referendos dava sempre uma maioria a querê-los a todos, sendo que depois ir às urnas votar já era outra conversa.
Volto a este tema pela simples razão de que, ao contrário de muito boa gente, não tenho assim tanta certeza de que não haverá referendo nenhum. Relembro que, mesmo que o TC chumbe a actual proposta (e não faltam razões para isso), o projecto volta para a AR e o PSD sempre pode alterar as perguntas. No fundo, gostemos ou não, a verdadeira garantia de que não haverá este estúpido referendo virá a estar nas mãos e vontade do Presidente da República. Mas, antes disso, também poderá estar nas mãos de um PSD que tome boa consciência do alto preço político que vai pagar perante a opinião pública pela insistência nesta repugnante manobra.
30 janeiro 2014
Farto, fartinho deste truque ou engano !
Hoje resolvi exercer
o meu direito à birra
o meu direito à birra
Daniel Oliveira perpetrou no Expresso online um artigo, manifestamente a
propósito das falhadas negociações do BE com o 3D (matéria que não me interessa comentar) onde há, sem dúvida, algumas coisas certas (designadamente a imprescindibidade de um reequilibrio de influência eleitoral entre o PS e os partidos à sua esquerda) e muitas que mereciam um comentário crítico.
Neste último caso, por exemplo, esta: «Se nada for feito a direita acabará, contra
todas as previsões, por vencer as próximas eleições legislativas ou,
mais provável, o PS governará com ela. Porquê? Porque o PS não tem que
se preocupar com o seu flanco esquerdo, que se encarrega de se boicotar a
si próprio. Pode continuar a desculpar-se com a impossibilidade de
fazer alianças com aquele lado.»
Por exemplo, também esta:« E a verdade, hoje, é esta: ao contrário do que julgam PCP e BE, ao PS saem de borla as viragens à direita. Porque nenhum eleitor do PS acredita que PCP e BE alguma vez queiram realmente governar. E faz muitíssimo bem em não acreditar.»
Por exemplo, ainda esta: «De uma coisa não tenho dúvidas: basta aparecer à esquerda uma força digna de algum respeito e credibilidade [sempre a nunca explicada «credibilidade»] para que aconteça um terramoto político em Portugal».
E a nada disto respondo, critico ou desvendo o que de erróneo está por detrás destas palavras por causa do seguinte período do mesmo texto de Daniel Oliveira em que, embora comece por referir que «É verdade que a cultura de cedência socialista não é propriamente nova», nem por isso deixa depois de produzir este naco de prosa: «Não foi a direita que usou um décimo do que a Europa produz para salvar os bancos. Foi a direita e foi a esquerda. Não foi a direita que trouxe a troika e assinou um memorando que é um programa ideológico escrito por fanáticos. Foi a direita e foi a esquerda. Não foi a direita que aprovou um Tratado Orçamental que ilegaliza políticas keynesianas. Foi a direita e foi a esquerda.»
Ou seja, entendam-me bem: ao menos por uma vez, eu quero recusar-me a discutir com uma estimável pessoa que, sendo um experimentadíssimo comentador e activista político, dotado aliás de bastantes recursos semânticos, sabendo perfeitamente que é do PS (ou, à escala europeia, os partidos socialistas e social-democratas) que está a falar consegue por três vezes escrever que também « foi a esquerda».
E, pela enésima vez, volto a repetir: o espaço é uma coisa preciosa na imprensa e estou farto desta generalizada teimosia ou ligeireza intelectual que leva a, em vez de gastar dois caracteres - "PS" -, insistir em gastar oito - "esquerda".
Por exemplo, também esta:« E a verdade, hoje, é esta: ao contrário do que julgam PCP e BE, ao PS saem de borla as viragens à direita. Porque nenhum eleitor do PS acredita que PCP e BE alguma vez queiram realmente governar. E faz muitíssimo bem em não acreditar.»
Por exemplo, ainda esta: «De uma coisa não tenho dúvidas: basta aparecer à esquerda uma força digna de algum respeito e credibilidade [sempre a nunca explicada «credibilidade»] para que aconteça um terramoto político em Portugal».
E a nada disto respondo, critico ou desvendo o que de erróneo está por detrás destas palavras por causa do seguinte período do mesmo texto de Daniel Oliveira em que, embora comece por referir que «É verdade que a cultura de cedência socialista não é propriamente nova», nem por isso deixa depois de produzir este naco de prosa: «Não foi a direita que usou um décimo do que a Europa produz para salvar os bancos. Foi a direita e foi a esquerda. Não foi a direita que trouxe a troika e assinou um memorando que é um programa ideológico escrito por fanáticos. Foi a direita e foi a esquerda. Não foi a direita que aprovou um Tratado Orçamental que ilegaliza políticas keynesianas. Foi a direita e foi a esquerda.»
Ou seja, entendam-me bem: ao menos por uma vez, eu quero recusar-me a discutir com uma estimável pessoa que, sendo um experimentadíssimo comentador e activista político, dotado aliás de bastantes recursos semânticos, sabendo perfeitamente que é do PS (ou, à escala europeia, os partidos socialistas e social-democratas) que está a falar consegue por três vezes escrever que também « foi a esquerda».
E, pela enésima vez, volto a repetir: o espaço é uma coisa preciosa na imprensa e estou farto desta generalizada teimosia ou ligeireza intelectual que leva a, em vez de gastar dois caracteres - "PS" -, insistir em gastar oito - "esquerda".
29 janeiro 2014
Atenção ao que é mais importante !
Lisboa e Setúbal - às 15 hs. desfile
do Cais de Sodré para os Restauradores
do Cais de Sodré para os Restauradores
Porto - às 15 hs, na Praça dos Leões
(restantes concentrações aqui)
28 janeiro 2014
Pete Seeger (1919-2014)
A long goodbye to Pete
Seeger e o maccartismo
«On August 18, 1955, Seeger was subpoenaed to testify before the House Un-American Activities Committee (HUAC). Alone among the many witnesses after the 1950 conviction and imprisonment of the Hollywood Ten for contempt of Congress, Seeger refused to plead the Fifth Amendment (which asserted that his testimony might be self incriminating) and instead (as the Hollywood Ten had done) refused to name personal and political associations on the grounds that this would violate his First Amendment rights: "I am not going to answer any questions as to my association, my philosophical or religious beliefs or my political beliefs, or how I voted in any election, or any of these private affairs. I think these are very improper questions for any American to be asked, especially under such compulsion as this." Seeger's refusal to testify led to a March 26, 1957, indictment for contempt of Congress; for some years, he had to keep the federal government apprised of where he was going any time he left the Southern District of New York. He was convicted in a jury trial of contempt of Congress in March 1961, and sentenced to 10 years in jail (to be served simultaneously), but in May 1962 an appeals court ruled the indictment to be flawed and overturned his conviction»(Wikipedia)
... sem nunca esquecer o seu concerto (recordado hoje aqui por Ruben de Carvalho) no Pavilhão dos Desportos em Lisboa (2.12.1983) em que a má acústica da sala não importou nada tal foi a cumplicidade de convicções e a força de afectos que ali se viveram.
Seeger e o maccartismo
«On August 18, 1955, Seeger was subpoenaed to testify before the House Un-American Activities Committee (HUAC). Alone among the many witnesses after the 1950 conviction and imprisonment of the Hollywood Ten for contempt of Congress, Seeger refused to plead the Fifth Amendment (which asserted that his testimony might be self incriminating) and instead (as the Hollywood Ten had done) refused to name personal and political associations on the grounds that this would violate his First Amendment rights: "I am not going to answer any questions as to my association, my philosophical or religious beliefs or my political beliefs, or how I voted in any election, or any of these private affairs. I think these are very improper questions for any American to be asked, especially under such compulsion as this." Seeger's refusal to testify led to a March 26, 1957, indictment for contempt of Congress; for some years, he had to keep the federal government apprised of where he was going any time he left the Southern District of New York. He was convicted in a jury trial of contempt of Congress in March 1961, and sentenced to 10 years in jail (to be served simultaneously), but in May 1962 an appeals court ruled the indictment to be flawed and overturned his conviction»(Wikipedia)
Slideshow aqui em The New York Times
As palavras de introdução ao disco
do concerto de Seeger em Lisboa
(com um obrigado ao António Baldeiras)
uma síntese em The Nation:
«Probably no song reflects Pete’s
indomitable spirit more than
“Quite Early Morning,” the song he
sang on the Colbert Report in 2012»
As palavras de introdução ao disco
do concerto de Seeger em Lisboa
(com um obrigado ao António Baldeiras)
uma síntese em The Nation:
«Probably no song reflects Pete’s
indomitable spirit more than
“Quite Early Morning,” the song he
sang on the Colbert Report in 2012»
Don’t you know it’s darkest before the dawn
And it’s this thought keeps me moving on
If we could heed these early warnings
The time is now quite early morning
If we could heed these early warnings
The time is now quite early morning
Some say that humankind won’t long endure
But what makes them so doggone sure?
I know that you who hear my singing
Could make those freedom bells go ringing
I know that you who hear my singing
Could make those freedom bells go ringing
And so keep on while we live
Until we have no, no more to give
And when these fingers can strum no longer
Hand the old banjo to young ones stronger
And when these fingers can strum no longer
Hand the old banjo to young ones stronger
So though it’s darkest before the dawn
These thoughts keep us moving on
Through all this world of joy and sorrow
We still can have singing tomorrows
Through all this world of joy and sorrow
We still can have singing tomorrows
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