23 janeiro 2014

A diferença entre um «e» e um hífen

43 anos depois, o mesmo
assassinato de um «e»


[os sublinhados são meus]
«É partindo destas características, aqui brevemente anotadas,mas amplamente desenvolvidas no Programa e noutros documentos do PCP, que o Partido define a etapa actual da revolução como uma «Revolução Democrática e Nacional».
Uma revolução democrática porque porá fim à ditadura fascista, destruirá o Estado fascista, organizará um Estado ao serviço da revolução, instaurará a liberdade política, porá termo à oligarquia financeira, realizará uma série de profundas reformas que beneficiarão a maioria esmagadora da população e abrirão caminho para o socialismo.
Uma revolução nacional, porque pondo termo ao domínio imperialista sobre Portugal e ao domínio colonial português sobre ouros povos, assegurará a verdadeira independência de Portugal.
(...) «O Partido diz: «revolução democrática e nacional», mas a alguns críticos escapa que «democrática» e «nacional» são dois termos distintos que caracterizam por um lado o carácter democrático, popular, da revolução, e, por outro lado, o seu carácter nacional ( a «verdadeira independência»). É sintomático que só muito raramente os teorizadores pequeno-burgueses, ao referirem-se ao Programa e à linha do Partido, repetem a formulação «Revolução Democrática e Nacional» (um e a mais ou menos não tem importância, não é verdade ?). Incapazes de se libertarem de esquemas, de clichés, do que leram nos manuais, escrevem sistematicamente «Revolução Democrática Nacional» (sem a palavra e) julgando possivelmente que a palavra «nacional» significa simplesmente «portuguesa»!; ou revolução «nacional-democrática» ou «democrato-nacional», julgando possivelmente ( sem reparar nos objectivos definidos) que o PCP caracteriza a etapa actual da revolução em Portugal como algumas revoluções  chamadas «nacionais-democráticas» de países que ainda não haviam atingido o estádio capitalista, recém-libertados do jugo imperialista estrangeiro».

- Álvaro Cunhal em
«O Radicalismo pequeno-burguês
de fachada socialista
», obra concluída
 em Novembro de 1970.

« O programa [«aprovado em 1965, no VI Congresso»] define a etapa da revolução como democrático-nacional, alicerçada em oito objectivos»(p. 619); «À tardia incorporação de elementos programáticos, mesmo nos limites que a formulação da revolução democrática-nacional lhes conferiu, o PCP contrapôs uma lógica imediatista (...)» (p.620)

- João Madeira no
capítulo «Conclusões» de
 «História do PCP (1921-1974»,
edição em 2013
.

Expliquem-me este mistério

Um dado aterrador


Sim, este é um dado aterrador certamente para os cidadãos que são os chamados consumidores domésticos mas também para as empresas e, como esta notícia só fala de taxas e impostos, ainda ficam de fora os exorbitantes aumentos de preços da energia e como eles também afectam a competitividade das empresas portuguesas.

Ora, apesar de uma empresa de consultadoria absolutamente insupeita de alguma visão de esquerda - a PWC - dizer isto aqui (p.13)
a verdade é que nunca vi as confederações patronais fazerem nenhuma campanha a sério contra os preços da energia ,parecendo mais fácil deixar correr a campanha sobre os custos salariais em Portugal que até já são dos mais baixos da Europa.


Um grande crítico do Euro

Uma útil
entrevista de Jacques Sapir



Extracto: «Certains auteurs ont écrit des choses très étranges. Ils ont prétendu que la création de l’Euro induirait une augmentation très forte des flux commerciaux entre les pays de cette zone monétaire. Cette idée a été fortement répandue. Ceci provenait de travaux tant théoriques qu’empiriques, en particulier ceux d’Andrew K. Rose . Ces travaux, qui étaient fondés sur un modèle de gravité , accordaient une très grande importance à la proximité géographique des partenaires. Donnant naissance à ce que l’on a appelé « l’effet Rose » et à une littérature extrêmement favorable aux Unions Monétaires, ils décrivaient les monnaies nationales comme des « obstacles » au commerce international . L’intégration monétaire devait provoquer une meilleure corrélation du cycle des affaires entre les pays . Cette intégration monétaire devait aussi conduire à une accumulation des connaissances conduisant à une forte augmentation de la production et des échanges potentiels . En un sens l’Union monétaire allait créer les conditions de réussite de la « Zone Monétaire Optimale », alors que ces conditions n’étaient pas réunies, dans un mouvement qui semblait devoir être endogène . D’où les déclarations de divers hommes politiques, déclarations aujourd’hui fameuses, affirmant que l’Euro allait conduire, de par sa seule existence, à une forte croissance pour les pays membres. Jacques Delors et Romano Prodi ont ainsi affirmé que l’Euro allait favoriser la croissance européenne de 1% à 1,5% . On a vu qu’il n’en a rien été. 

Ces travaux ont été fortement critiqués tant sur la méthode économétrique utilisée[[16]]url:#_ftn16 que sur les résultats empiriques obtenus . Ces différents éléments ont conduit à une remise en cause plus fondamentale des résultats de l’étude initiale de A.K. Rose. Capitalisant sur près de vingt ans de recherches sur le commerce international et les modèles de gravité, Harry Kelejian (avec G. Tavlas et P. Petroulas) ont repris les diverses estimations des effets d’une union monétaire sur le commerce international des pays membres. Les résultats sont dévastateurs. Là où Rose avait annoncé une hausse du commerce intra-zone de 200%, on ne trouve qu’un accroissement allant de 3% à 5% (na íntegra aqui em Mariannne)

21 janeiro 2014

Por eles e ainda mais pelo país

Toda a solidariedade !

uma luta de enorme importância e significado contra uma política que não deixa pedra sobre pedra.

Nos 50 anos do programa «War on Poverty»

A pobreza também nos EUA
não é uma fantasia da esquerda
europeia, é um tema profundamente
presente na vida americana



Esquecendo-se que os conceitos sobre pobreza são sempre e inevitavelmente relativos de país para país (já aqui lembrei que alguém que, no Brasil, ganhe o equivalente ao salário mínimo português, é considerado classe média), quando em Portugal  alguém de  esquerda alarga as informações sobre a pobreza também aos EUA não faltam logo uma data de neo-liberais que ridicularizam essas abordagens, nunca se dando ao trabalho de explicar porque razão é que nos EUA não apenas as estatísticas e entidades oficiais e dezenas ou mesmo centenas de institutos, fundações e organizações dão tanta importância a este problema. Quando passam 50 anos sobre o lançamento pelo Presidente Lyndon. B. Johnson do programa «War on Poverty», e especialmente dedicado aos cretinos acima referidos, aqui fica o link mais um estudo do departamento federal U.S. Bureau of  Labor  Statistics.


10 canções sobre a luta pelos direitos civis nos EUA



Na sua edição online, a revista norte-americana  The Nation assinalou ontem, 20 de Janeiro, o dia do nascimento de Martin Luther King  com a selecção de Peter Rothberg «top ten civil rights songs». Vale a pena revisitá-las.                                   
   1. Mavis Staples, We Shall Not Be Moved


aqui com mais nove
(na verdade oito, por erro da revista):

2. The Impressions, People Get Ready
3. Sam Cooke, A Change is Gonna Come
5. Phil Ochs, Here's to the State of Mississippi
6. Bob Dylan, The Times They Are A Changin' 
 7.Sweet Honey in the Rock, Eyes on the Prize
8. Gil Scott-Heron, 95 South (All of the Places We've Been)
9. The Roots, Ain't Gonna Let Nobody Turn Me 'Round
10. The Staples Singers, Freedom Highway

Na morte de Claudio Abbado

Tributo a um grande maestro


ver e ouvir aqui



aqui

20 janeiro 2014

Por alguma razão chegaram a este ponto

PSD - os actos e a acta

Uma pessoa que não tenha chegado mesmo agora ao interesse pela vida política lê a notícia acima e, se não quiser ser tomado por parvo, só pode abrir a boca de extraordinário espanto.

Com efeito, só pode ser revelador de uma enorme má-consciência ou relativa aflição que, pela primeira vez desde o 25 de Abril de 1974, um partido político tome ele próprio a iniciativa de divulgar um extracto da acta de uma  reunião do seu mais importante órgão de direcção nacional e de a usar como argumento para «compôr» a sua posição.

Depois, é preciso lembrar que, como as actas das reuniões das direcções partidárias não são imediatamente (nem mediatamente) registadas em cartório notarial, elas dirão para o opinião pública o que o PSD entender conveniente que digam.

Finalmente, mete-se pelos olhos adentro que não há acta nem coisíssima nenhuma que possam desmentir que, estando em caso promover uma consulta que implica uma campanha eleitoral e uma votação nacional, o «não se opôr» seria ainda assim um premeditada habilidade  e eufemismo para disfarçar uma real concordância e decisão favorável.

Conclusão: se há acta e ela diz o que o  PSD espalhou para a LUSA, trata-se então, para além de outras coisas, da acta de uma imensa cobardia e má-fé.