05 setembro 2013

"Mais ils sont fous ces communistes!»

Bontempo, Beethoven e
Stravinsky na abertura do Palco
25 de Abril da festa sem igual




Amanhã, às 21 horas. E lembre-se  que hoje é o último dia para comprar a EP muito mais barata.

O que nunca veremos

Um caso raro na imprensa
portuguesa
(seguir a seta branca)



Esta irónica contrafacção gráfica tem que ver com o facto de esta revista considerar que, a par de mais quatro ou cinco, faltarem na Fotobiografia de Álvaro Cunhal fotos deste  com a especialista nacional em ares condicionados e propagandista dos vinhos do Pingo Doce e com o propagandista mundial da Pizza-Hut. Por mim, e falo mais a sério do que os leitores julgarão, acho sim que na citada obra devia ter entrada a foto do encontro de Álvaro Cunhal com João Paulo II, aquando da sua primeira visita a Portugal.

Vem aí mais do costume ou...

... repetir sempre o mesmo  e 
sempre fazendo de conta que 
nunca leram o que os  arrasa


Uma notícia no site «notícias ao minuto» acaba de promover um novo livro do jornalista e  «historiador» José Milhazes ( um filho de pescadores graças à ajuda do PCP e da URSS  tirou naquele país um curso superior que cá não poderia tirar) intitulado «Cunhal, Brejnev e o 25 de Abril». Três tópicos principais, segundo a notícia, parecem marcar o livro: o primeiro a ideia de que foi a URSS e Brejnev que, numa comprovação  da tese porca da «falta de autonomia» do PCP, impediram o meu partido de fazer em Portugal em 1975 uma revolução socialista e de ter apostado a fundo  na tomada do poder em 25 de Novembro de 1975; o segundo é a dos «financiamentos» ou apoios do PCUS ao PCP, num manifesto esquecimento de que, sobre esse tema, Álvaro Cunhal deu uma frontal entrevista ao «Avante!» que retiram qualquer novidade à «acusação» (sobre os financiamentos externos ao PS, é ler Rui Mateus no esquecido «Contos Proibidos do PS»). E o terceiro, que é o que por hoje me interessa, é relatado na notícia assim: «além da questão do financiamento, o autor do livro pretende também apresentar provas de que parte do arquivo da PIDE-DGS foi levado para Moscovo, "numa operação conjunta" dos serviços secretos soviéticos e do Partido Comunista Português.

Ora, sobre esta efabulação caluniosa que, salvo erro, nasceu em 1994 e na qual, na época, participou destacadamente José Pacheco Pereira, entendo  útil e oportuno propiciar aos leitores o texto abaixo que saiu não assinado no Avante nº 1356 de 25.11.1999 mas que, de facto, foi escrito por mim e que foi acompanhada da republicação de largos extractos de uma entrevista sobre a mesma matéria que Álvaro Cunhal tinha dado ao Avante! de 13 de Outubro de 1994 e que podem ser consultados aqui.

Toneladas de calúnias
e de provocação
Não apenas por falta de espaço mas sobretudo porque seria emporcalhar as páginas deste jornal, poupamo-nos a aqui reproduzir os recentes títulos e ilustrações de primeira página em torno do tema geral «O PCP ajudante do KGB» que, só por si, bastariam para evidenciar que aí está outra vez na imprensa portuguesa um fétido refogado de velhas calúnias e provocações contra o PCP e onde avultam aquelas torpes e ignóbeis qualificações individualizadas das quais, com razão, se costuma dizer que não ofendem quem querem porque só desonram e degradam os seus autores.

E é assim que, desta vez a pretexto de umas fantasias constantes do livro de um ex-arquivista do KGB que resolveu fazer-se pagar-se em dólares ou libras pela sua conversão, aí está a reposição no essencial da revoada de caluniosas acusações contra o PCP e os comunistas portugueses que, para não ir mais atrás, tiveram largo curso mediático no Outono de 1994, então em torno das alegadas «revelações» contidas no livro do espião Oleg Kaluguin, também ele convertido em assalariado das campanhas anticomunistas.


E é assim que é ressuscitada a calúnia do envolvimento do PCP na alegada entrega ao KGB dos «arquivos da PIDE» ( na versão de 94 exigindo o recurso a um camião e, na de 99, identificados rigorosamente pelo peso - «474 quilos») bem como de outra vastíssima documentação, umas vezes identificada como «planos militares da NATO» e outras vezes reportada às relações da PIDE com serviços secretos ocidentais.


Aos animadores portugueses desta campanha (entre os quais a revista «Visão» dirigida por Cáceres Monteiro que, se bem nos lembramos, há uns anos arrumou expeditamente na prateleira do «já sabido» e das inutilidades o explosivo livro de Rui Mateus sobre o PS), nada importa a não ser o manter viva a calúnia, a suspeição e a provocação contra o PCP.

Sem memória, nem escrúpulos nem ponta de seriedade, pouco lhes importa reter, entre muitos outros exemplos de ridícula efabulação, que, na operação de 94, o Sr. Kaluguin até se gabou de ter obtido «a lista dos agentes portugueses da PIDE» e de ter sido o «Expresso» (8.10.94) a cometer a infinita maldade de lembrar que essa lista tinha sido editada em Abril de 1975... pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda!

Pouco lhes importa a forma muito céptica ou incrédula, quando não frontalmente discordante, como responsáveis militares pela Comissão de Extinção da PIDE-DGS, sempre comentaram e ainda comentam uma «entrega» de «arquivos» tão volumosa e a natureza que lhes é atribuída nas «notícias« divulgadas.

Pouco lhes importa que tenha sido o insuspeitíssimo General Pedro Cardoso a contar, em artigo em separata da revista «Nação e Defesa», que «Em Agosto de 1974, o membro da Junta de Salvação Nacional responsável pela Comissão de Extinção da PIDE/DGS inquiria à 2ª Divisão do Estado Maior General das Forças Armadas se haveria algum interesse no ficheiro ou arquivo daquela organização, tendo ficado esclarecido que a únicas coisa que teria interesse , e que deveria ser objecto de um tratamento muito especial, eram os documentos respeitantes aos contactos estabelecidos pela Direcção-Geral de Segurança com as polícias e serviços similares estrangeiros, que a lei aliás previa. Tal documentação passou a partir desta altura a beneficiar de um tratamento adequado.»

E, sobretudo, pouco lhes importa a reconstituição de acontecimentos, a resposta articulada e a importante enunciação de orientações e atitudes do PCP nestas matérias que foi feita por Álvaro Cunhal em entrevista ao «Avante!» (de 13.10.94) , e da qual, para avivar memórias, reproduzimos hoje alguns excertos de flagrante actualidade.»

04 setembro 2013

Que sina a minha !

Uma Fotobiografia,
egos e uma fantasia


Em torno de uma canelada, fruto de egos desmedidos e consideráveis azedumes, surgida no jornal «i», ao que parece com uma contribuição do jornalista Joaquim Vieira, só quero observar uma série de coisas que me parecem inteiramente naturais: que o que acabou de ser editado foi uma Fotobiografia de Álvaro Cunhal e não Um Álbum Fotográfico dos Dirigentes do PCP desde 1921;  que uma foto em que figura Mário Soares consta da obra (aquela em Cunhal discursa na AR); que muitos dirigentes do PCP não «adversários de Cunhal» ou não figuram na série de fotos ou figuram acidentalmente em terceiro ou quarto plano sem que sejam identificados nas legendas; que já vi o PS e os media usarem fotos da Chegada de Soares a Santa Apolónia (sobretudo na varanda) em que António Dias Lourenço e dois militares não aparecem e nunca considerei isso um «apagar da história».

Tirando isto, o que venho lamentar é que, a este propósito, tenha regressado uma fantasia de Mário Soares sobre a chegada de Álvaro Cunhal ao Aeroporto da Portela e que, na peça do «i», aparece assim: «Sobre o momento em que vai receber Cunhal ao aeroporto, em 1974, Soares tinha já admitido, na biografia escrita por Joaquim Vieira, estar "desconfiado": "À saída do aeroporto estava uma pequena multidão à espera de Cunhal. E, paradoxalmente, havia um tanque estacionado. (...) Um dirigente comunista, que não recordo quem fosse, convidou-me a subir para o tanque (...). Quando Cunhal se apercebeu de que eu estava ao lado dele, disse qualquer coisa a um camarada, o qual, pouco depois, me pediu para descer, porque - disse - tinha havido um equívoco", lê-se no livro "Mário Soares, uma vida". 

A este respeito, só quero informar os eventuais interessados que em  30.11.2011 julgo já ter espatifado devidamente esta fantasia de Mário Soares num post que então teve este título e grafismo:


02 setembro 2013

Siria

Aposto que daqui a nada os
nossos telejornais não vão perder isto




Reproduzido de aqui por Alfredo Barroso
no seu Facebook

No "Babelia" de «El País»

Destaque para os
Pink Martini e o seu novo álbum


A capa e as interiores do último Babelia de El País distinguem o grupo norte-americano Pink Martini (visita antiga deste blogue) e o seu novo disco, a ser lançado em 24 de Setembro, intitulado Get Happy.


( POR SUGESTÃO DE MANUELA FREITAS NO FACEBOOK)


 

Segunda dose



Em "L' Humanité"

Diego Cañamero Valle -
retrato de um insubmisso






"Il est le leader historique des dizaines de milliers d'ouvriers agricoles andalous, sans terre. Diego Cañamero Valle a fondé en 1977 le Syndicat des Ouvriers Agricoles (SOC en espagnol), qui s'est battu bec et ongles pour exiger une réforme agraire, qui reste toujours à faire Aujourd'hui, Diego dirige le Syndicat Andalou des Travailleurs (SAT). Jean Ortiz et Dominique Gautier lui ont consacré un film cet été.En Andalousie, 3% des propriétaires possèdent plus de 50% des terres cultivables. Diego Cañamero Valle a fondé en 1977 le Syndicat des Ouvriers Agricoles (SOC en espagnol), qui s'est battu bec et ongles pour exiger une réforme agraire, qui reste toujours à faire Aujourd'hui, Diego dirige le Syndicat Andalou des Travailleurs (SAT). Il a été emprisonné sous tous les régimes : dictature franquiste, gouvernements socialistes du PSOE et de droite du Parti Populaire. Il a été arrêté une cinquantaine de fois, souvent tabassé, et traduit en justice à une soixantaine de reprises. Devant la répression qui frappe le Syndicat et les ouvriers agricoles, il s'est déclaré en 2010 "insoumis judiciaire". Pour avoir occupé une propriété agricole improductive du Ministère de la Défense, Las Turquillas, et organisé une opération coup de poing dans des supermarchés pour attirer l'attention sur la pauvreté grandissante en Espagne, il risque d'être condamné à 4 ans de prison.L'homme est un roc, un militant de ceux qui n'abdiquent jamais, un résistant."

01 setembro 2013

Pedro Passos Coelho ou...

...já não há limites
para o descaramento

No Facebook, Joana Lopes cita uma frase de Pedro Passos Coelho «de que toda a gente fala» e que é a seguinte: “A Constituição diz que é devida protecção no emprego. Já alguém se lembrou de perguntar aos mais de 900 mil desempregados no país do que lhe valeu a Constituição até hoje? E, no entando, era suposto que tivessem confiança que as suas empresas e empregos continuassem. Mas não foi assim, porque as empresas não conseguiram sobreviver à usura do Estado, à fraca competitividade externa. »



Com boa vontade e assinalável contenção verbal, só posso chamar a isto virar o bico ao prego, culpar quem não tem culpa e absolver quem a tem, enfim, baralhar tudo num inexcedível exercício de atrevimento,desplante e falta de vergonha na tromba.



Na verdade, a grande pergunta que os «900.000» desempregados  podiam fazer não é a  de que lhes valeu a Constituição mas sim a de que lhes valeu 37 anos de sucessivos governos, em que, a par do PS, o PSD governou sozinho ou coligado grande parte do tempo, sempre, embora com ritmos e graus diversos, incomodados com a Constituição da República e que conduzindo políticas que, nesta recta final, atiraram o desemprego para cima do milhão.


Por fim, só dizer que é mesmo o cúmulo do cinismo ver o primeiro-ministro que,mais do que outro qualquer,mais fala da Constituição como um tropeço e do TC como um empecilho vir agora querer convencer os portugueses da alegada inutilidade da Constituição precisamente no momento em  que, por justa força e valor dela, acaba de sofrer uma importante derrota.

Descobrindo o italiano

Raphael Gualazzi