Precisamos, é claro, de esperança
mas também precisamos de verdade
É claro que o tratamento dado pelos media e por alguns protagonistas políticos à iniciativa que, com natureza positiva (além do mais, «Libertar Portugal da Austeridade» não é o mesmo que «Libertar Portugal da austeridade excessiva» e muito menos «Combinar austeridade e crescimento em Portugal»), hoje decorrerá na Aula Magna só podia, nas condições em que o debate político ocorre hoje em Portugal, ter a sobredose de exagero ou voluntarismo que está ter e quem contrariar isso arrisca-se a ser trucidado e tratado como um sectário que, à esquerda, quer matar esperanças tão generosas e aspirações tão respeitáveis.
Por mim, que estarei na Aula Magna, neste dia e nesta ocasião só quero registar que, por entre anotaçõe acertadas, uma passagem de um artigo de Boaventura Sousa Santos no Público de hoje volta a mostrar que o vento continua de feição para os que gostam de planar sobre os factos e as realidades para poderem debitar generalizações sobre os partidos da oposição. Com efeito, num contexto de viciada contraposição entre o chamado «movimento social» e os partidos à esquerda do actual governo, escreve este sociólogo que «os cidadãos não têm outro remédio senão vir para a rua reclamar a queda do governo e forçar os partidos de esquerda e centro-esquerda a assumir riscos, ajudando a minimizar os custos sociais e políticos da turbulência política que se aproxima sem olhar a cálculos partidários».(a propósito, achará Boaventura Sousa Santos que o envolvimento do PS no apoio à movimentação e luta sociais tem alguma parecença com o que lhes têm dado o PCP e o BE ?).
E pronto, no quadro do dia de hoje, o mais que posso fazer é, a pensar agora em Boaventura Sousa Santos, estender-lhe o repto que, sem êxito, já lancei a outras estimáveis personalidades: a saber, que, como são pessoas que devem conhecer perfeitamente as relevantes matérias em que PS, de um lado, e PCP e BE de outro, têm tido posições contrastantes ( e amanhã na AR, por exemplo, vota-se isto) nos venham dizer em relação a cada uma delas com quais posições é que concordam ou das quais discordam. É que, sem isso, estaremos sempre no território das amálgamas injustas e do cómodo mas deseducativo e algo demagógico cavalgar de aspirações justas e prementes.
Continuarei pacientemente à espera mas não podem estranhar os visados (muitos dos quaissinceramente estimo) que, do seu silêncio perante este convite, eu venha a concluir que há quem reclame dos partidos todas as clarificações, mas não se disponha a clarificar em concreto como se posiciona sobre relevantes questões concretas que emergem do debate político entre PS, PCP e BE.
P.S. (em duplo sentido): Eu aqui com tantos cuidados por causa do dia de hoje e vai o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, e declara hoje na AR o seguinte:
Olá nova "União Nacional "!