entrevista aqui
20 março 2013
Rima e é verdade
Vale a pena dizer não,
coisa que Passos e Gaspar
nunca aprenderão
nunca aprenderão
A notícia não o diz mas, entre os 36 votos contra, estiveram os 28 votos do AKEL, o partido comunista de Chipre.
Um livro estrangeiro por semana ( )
Um clássico e o seu
desenvolvimento espanhol
Da vasta bibliografia de Olga Glondys consta o trabalho «Relaciones entre los comités español y portugués del Congreso por la Libertad de la Cultura en las postrimerías de las dictaduras ibéricas», en Actas del Congreso Internacional Sociedades en cambio: España y Portugal en los años setenta, CEFID (UAB), 15-16 de noviembre de 2012, que teria muito interesse em conhecer mas que infelizmente não encontro online.
desenvolvimento espanhol
La CIA y la guerra fría cultural, de la periodista británica Frances Stonor Saunders (Debate, 2013) es una nueva edición del polémico libro publicado en el año 1999 y en el que su autora nos ofrece una investigación que duró más de 5 años y que muestra con todo lujo de detalles cómo la CIA “infiltró todos los nichos de la esfera cultural durante los años de la posguerra”. (600 págs,. 22,90 E.)
Según Arthur J. Schlesinger, el Congreso por la Libertad de la Cultura (1950-1967) representó la inversión más rentable, inteligente y exitosa de todos los gastos de la CIA. Como la principal organización-fachada de la Agencia en el campo de la cultura durante la Guerra Fría, este organismo consiguió una promoción muy eficaz, por camuflada, de ciertos valores afines a los objetivos de EE.UU. Esta obra constituye la primera aproximación desde la perspectiva hispánica a este capítulo clave de la posguerra. Partiendo de la revista Cuadernos del Congreso por la Libertad de la Cultura (1953-1965), publicación financiada por la CIA a través de la Fundación Fairfield, se recorre la acción ideológica del Congreso por la Libertad de la Cultura en América Latina y se analizan los «puentes» tendidos por este organismo hacia la disidencia en la España franquista. Este estudio reconstruye las historias de aquellos exiliados republicanos que en mayor medida contribuyeron a la campaña estadounidense en el ámbito de la cultura, establece las relaciones entre los procesos ideológicos hispánicos y universales, y reflexiona sobre la polémica cuestión de la financiación encubierta y la autonomía de la cultura en el contexto de la Guerra Fría. (376 pgs, 22 E)
19 março 2013
De verdade, já cansa
Planando olimpicamente
sobre um ninho de divergências
Face a isto, está na hora de estender o convite acima já referido a Daniel Oliveira. Quanto mais não fosse pela sua profissão de comentador político, Daniel Oliveira tem todas as condições para reconstituir com detalhe e rigor quase todos os importantes temas, problemas, opções, questões e votações em que PCP e BE se diferenciaram do PS ou vice-versa. Por isso, aqui lhe apelo a que tenha a coragem clarificadora de nos contar a todos em quais é que concordou ou se sentiu mais próximo das posições assumidas pelo PCP e pelo BE e em quais é concordou ou se sentiu mais próximo das adoptadas pelo PS.
Por fim, também pela enésima vez, aqui venho espadeirar contra a sua insistente aplicação ao substantivo «alternativa» do adjectivo «credível» (que já tive ocasião de considerar absolutamente envenenado). De facto, nunca vejo estas pessoas explicarem o que significa neste âmbito o «credível». «Credível» como, aos olhos de quem e segundo que critérios ? É que, por certos padrões, as alternativas propostas pelo PCP ou pelo BE, a muitos olhos, nunca serão «credíveis» não por causa da real natureza das propostas mas pela noção de que sózinhos não chegam lá. Se fôr isso que estejam a pensar, os utilizadores do «credível» passem antes a trocar as coisas por miúdos e substituam esse adjectivo por «moderada» ou mesmo «muito moderada» que é a forma delicada de dizer que não devem pôr em causa as grandes opções e orientações até aqui seguidas pelo PS.
sobre um ninho de divergências
Como os leitores mais atentos terão reparado, vezes sem conta me tenho distanciado (melhor dizendo, tenho criticado) das muitas vozes que, de forma insistente mas sem contra-argumentar, movidas por preocupações e aspirações de cuja autenticidade e generosidade não quero duvidar, lançam apelos genéricos a uma «unidade» entre PS, PCP e BE para uma alternativa ao actual governo e à sua política, sempre fugindo nessas ocasiões a definirem qual é o seu posicionamento pessoal perante as conhecidas divergências e diferenças de orientação política que existem entre, grosso modo, de um lado, o PS e, do outro, o PCP e o BE.
Só para citar dois textos mais recentes, ainda no inicio deste mês, ou seja aqui em 1/3 e aqui em 4/3, dirigi respectivamente ao Prof. André Freire e a José Vítor Malheiros um convite para que suprissem a lacuna que refiro no final do parágrafo anterior.
De passagem, devo entretanto referir que estas posições me gelam tanto mais os ossos quanto, puxando pela memória, encontro em algumas destas pessoas uma razoável coincidência entre as críticas que eu próprio tenho formulado em relação a opções estruturantes ou atitudes importantes do PS e as que eles também têm formulado.
Agora, sem novidade porque há muito que surfa esta onda, leio aqui este naco de prosa de Daniel Oliveira:
Face a isto, está na hora de estender o convite acima já referido a Daniel Oliveira. Quanto mais não fosse pela sua profissão de comentador político, Daniel Oliveira tem todas as condições para reconstituir com detalhe e rigor quase todos os importantes temas, problemas, opções, questões e votações em que PCP e BE se diferenciaram do PS ou vice-versa. Por isso, aqui lhe apelo a que tenha a coragem clarificadora de nos contar a todos em quais é que concordou ou se sentiu mais próximo das posições assumidas pelo PCP e pelo BE e em quais é concordou ou se sentiu mais próximo das adoptadas pelo PS.
Por fim, também pela enésima vez, aqui venho espadeirar contra a sua insistente aplicação ao substantivo «alternativa» do adjectivo «credível» (que já tive ocasião de considerar absolutamente envenenado). De facto, nunca vejo estas pessoas explicarem o que significa neste âmbito o «credível». «Credível» como, aos olhos de quem e segundo que critérios ? É que, por certos padrões, as alternativas propostas pelo PCP ou pelo BE, a muitos olhos, nunca serão «credíveis» não por causa da real natureza das propostas mas pela noção de que sózinhos não chegam lá. Se fôr isso que estejam a pensar, os utilizadores do «credível» passem antes a trocar as coisas por miúdos e substituam esse adjectivo por «moderada» ou mesmo «muito moderada» que é a forma delicada de dizer que não devem pôr em causa as grandes opções e orientações até aqui seguidas pelo PS.
Estou francamente cansado de pregar no deserto. Se, como é provável, a avaliar pela experiência anterior, estes meus pacatos desafios continuarem a cair em saco roto, não voltarei a escrever nada de novo sobre o assunto, apenas, de cada vez que houver razão para isso, republicarei este post até cansar o juízo de toda a gente.
Outra viagem aos arquivos
Palavras antigas sobre um
CFA nem sequer repara como seria cruel e injusto que alguém quisesse julgar as suas crónicas, em geral de indiscutível qualidade, com uma pergunta do género « alguém se lembra de alguma coisa inesquecível que, em 1998, tenha sido escrita na “Pluma Caprichosa”?»
truque velho como a Sé de Braga
Ao ler, algo arrepiado, o recente
"Manifesto para a Democratização do Regime",
já aqui e aqui comentado em alguns
aspectos, e ao ouvir ontem na TVI 24
um dos seus promotores
(Henrique Neto, meu estimável
companheiro de luta antifascista
e dos primeiros tempos a seguir
ao 25 de Abril),
lembrei-me que, como o
tempo passa e novas gerações
vão chegando à vida política,
pode haver quem pense que as generalizações
e amálgamas sobre a Assembleia da República
e os deputados são derivas ou pulsões recentes.
E vai daí, e só a pensar nessas situações,
e mesmo sem ir buscar textos bastante
mais antigos, lembrei-me que podia
ter alguma utilidade reproduzir
a crónica que há 14 anos escrevi
no Avante! e em que agora o
que menos interessa é o nome
da pessoa então circunstancialmente
visada, só interessando
quando muito as observações
por mim então formuladas.
"Manifesto para a Democratização do Regime",
já aqui e aqui comentado em alguns
aspectos, e ao ouvir ontem na TVI 24
um dos seus promotores
(Henrique Neto, meu estimável
companheiro de luta antifascista
e dos primeiros tempos a seguir
ao 25 de Abril),
lembrei-me que, como o
tempo passa e novas gerações
vão chegando à vida política,
pode haver quem pense que as generalizações
e amálgamas sobre a Assembleia da República
e os deputados são derivas ou pulsões recentes.
E vai daí, e só a pensar nessas situações,
e mesmo sem ir buscar textos bastante
mais antigos, lembrei-me que podia
ter alguma utilidade reproduzir
a crónica que há 14 anos escrevi
no Avante! e em que agora o
que menos interessa é o nome
da pessoa então circunstancialmente
visada, só interessando
quando muito as observações
por mim então formuladas.
Caprichos
de uma pluma
(in Avante! de 17.12.98)
Ao
lermos, no último «Expresso», a crónica que Clara Ferreira Alves
escreveu sobre «Os
Senhores Deputados»,
demos connosco a pensar que os autores de diatribes contra «a
Assembleia» ou
«os
deputados»
escrevem sempre, não apenas no pressuposto do sucesso fácil, mas
sobretudo na certeza da dificuldade de alguém poder fazer a «defesa»
da «Assembleia»,
isto é do órgão e de todas as suas decisões ou atitudes ou dos
«deputados»,
isto é, de todos os deputados.
E isto porque a maior parte
destes autores gostam muito de esquecer que a Assembleia da República
é o único órgão de soberania de composição plural, pelo que, em
geral, o seu pior e o seu melhor se ficam a dever, não tanto à
instituição em si, mas às maiorias que nela se formam e às
forças políticas que nela intervêm.
Entre
outras coisas, pretexto à parte, o que impressiona na colecção de
«clichés» tranquilamente repetidos pela cultíssima Clara Ferreira
Alves é que ela não se tenha dado conta que quase tudo o que diz
sobre a AR, longe de resultar de um esforço sério para saber quem
faz o quê, como e em que circunstâncias, resulta sobretudo da
«imagem» produzida pelos critérios que os «media» usam na
cobertura dos trabalhos parlamentares.
E
impressiona também que CFA acuse o discurso parlamentar de não
pretender «alcançar
mais do que o «soundbite» do telejornal e o subtítulo de jornal»
e,
quatro linhas à frente, já esteja a perguntar se «alguém
se lembra, a propósito do aborto, da regionalização ou da famosa
Europa, de uma frase, um sentido de voto,(...) determinados com
clareza e sapiência na AR?», ou
seja, já esteja no fundo a pedir mais e melhores «soundbites».
CFA nem sequer repara como seria cruel e injusto que alguém quisesse julgar as suas crónicas, em geral de indiscutível qualidade, com uma pergunta do género « alguém se lembra de alguma coisa inesquecível que, em 1998, tenha sido escrita na “Pluma Caprichosa”?»
Talvez
Clara Ferreira Alves nunca o perceba ou nunca o reconheça, mas a
sua crónica sobre «os
senhores deputados»
padece afinal da mesma superficialidade, da mesma demagogia e da
mesma vacuidade que julga ter fustigado no que de pior ocorre de
facto na vida parlamentar.
É
que nós conhecemos um grupo parlamentar que, com apenas 13
deputados, consegue quase todos os anos ser o mais activo e o que
apresenta um maior número de iniciativas legislativas. Nós
conhecemos um grupo parlamentar, por sinal o mesmo, que honestamente
ninguém poderá acusar de mergulhado na demagogia ou na «chalaça
politiqueira»
ou de passar o tempo «chupando
os dentes de fome de poder»,
porque é incontestável que se alinha por assinaláveis padrões de
seriedade e sobriedade e é bem conhecido por, quando muito, afiar os
dentes por fome de justiça.
Conhecemos
mas não dizemos o seu nome. Porque ficamos à espera que seja Clara
Ferreira Alves a dizê-lo.E
se e quando o fizer, terá dado então uma contribuição para punir
o que merece ser punido e mudar o que precisa de ser mudado na vida
política e parlamentar do país mil vezes superior à da sua cómoda
crónica sobre «os
senhores deputados»
e à dos seus equivocados suspiros por «uma
revisão completa do sistema eleitoral».
Uma bela iniciativa
É já no próximo sábado
Para ampliar imagem e ver composição
da Comissão Promotora desta sessão ir aqui.
da Comissão Promotora desta sessão ir aqui.
18 março 2013
O prometido é devido ou...
Mesmo que alguns leitores pensem que estou a dar corda a uma iniciativa que se finou ou nasceu fanada e que a muitos leitores esta matéria apareça como muito técnica ou demasiado árida, é devida a interpelação que aqui prometi lançar aos autores de um Manifesto recente, num quadro de consideração por muitos dos seus subscritores e de lealdade no debate de ideias.
Nesse texto, cujas (a meu ver, lamentáveis) filosofia e pressupostos gerais não comentarei agora, os seus subscritores pronunciam-se convictamente (sublinhado meu) «pela abertura da possibilidade de apresentação de listas nominais, de cidadãos, em eleições para a Assembleia da República. Igualmente, tornando obrigatório o voto nominal nas listas partidárias».
Sobre as mal chamadas «listas de cidadãos» já me pronunciei aqui sem que, passados alguns dias, isso - tanto quanto tenha reparado - tenha suscitado qualquer resposta ou crítica argumentadas.
É antes em torno daquele «tornando obrigatório o voto nominal nas listas partidárias» que, a benefício da clareza e do sentido de responsabilidade nas intervenções públicas, entendo dirigir as seguintes perguntas aos autores do referido Manifesto:
1. O «voto nominal nas listas partidárias» significa o desaparecimento ou fim do boletim de voto relativamente simplificado que os eleitores portugueses usam desde há 38 anos e donde constam a denominação, sigla e símbolo de todas as forças concorrentes em cada círculo eleitoral e o respectivo quadradinho para votar ?
2. Se sim, isso significa que os eleitores levarão para a cabine de voto, para que não se perceba à vista desarmada onde vão votar, um conjunto de boletins de voto em que os partidos ou coligações figuram separadamente e de onde consta a lista completa dos candidatos (cerca de 50 no caso de Lisboa) que apresentaram àquele círculo ?
3. Se assim fôr, têm os autores da proposta boa consciência que a votação nominal nos candidatos, para além do seguro embaraçado causado em centenas de milhar de votantes, representará certamente um não despiciendo acréscimo do tempo que demora exercer o direito de voto ?
4. Se definem essa votação nominal em candidatos como «obrigatória», significa isso que serão considerados nulos todos os votos de cidadãos que não tiverem gosto, paciência ou capacidade para o fazerem ? E têm alguma noção do que isso poderá significar nacionalmente em termos de percentagem de votos nulos ?
5. Se é a votação nominal nos candidatos que define quem vai ser eleito e determina a configuração dos grupos parlamentares, é esta proposta um convite subtil aos candidatos das diversas listas para que, além de fazerem campanha em contraste com candidatos de outras forças, também a façam em contraste com os seus companheiros de lista ?
6. Sabendo-se que os partidos de menor ou média representação parlamentar elegem num reduzido número de círculos, está-se a ter em conta que, por bambúrrio das «preferências» nominais dos eleitores, possa haver grupos parlamentares que não elegem um único economista ou um único jurista que reputavam essencial ao seu desempenho parlamentar ?
7. Porque é que o Manifesto fala do «voto nominal nas listas partidárias» em vez de falar só «nas listas» ? Foi um lapso esquisito de escrita ou pretende-se colocar as listas mal chamadas de «cidadãos» fora da votação nominal ?
8. No Manifesto afirma-se que « A Assembleia da República representa hoje sobretudo – com honrosas excepções – um emprego garantido, conseguido por anos de subserviência às direcções partidárias e de onde desapareceu a vontade de ajuizar e de controlar os actos dos governos»; suprindo as minhas imperdáveis insuficiência em matéria gramatical, será possível esclarecerem-me se o «honrosas excepções» abrange apenas o «emprego garantido» ou também o «de onde desapareceu a vontade de ajuizar e de controlar os actos dos governos» ?
Feitas as perguntas, apenas três observações complementares:
- a primeira é para lembrar ou informar que a chamada «personalização de candidaturas» é velha de um século pois no final do século XIX e no inicio do século XX outra coisa não havia e só tenho pena de não encontrar uma formosa citação de Jean Jaurés em que ele proclamava ser tempo de, nas eleições, mais do que às personalidades, dar um lugar central e decisivo às ideias e aos projectos políticos;
- a segunda é que convido os principais autores do Manifesto a responder a estas perguntas concretas e não a virem-me dizer que há outros países onde há sistema de voto personalizado;
- a terceira é para dizer que, evidentemente ninguém é obrigado a responder-me mas eu também terei o direito de, nesse caso, tirar, a seu tempo, algumas conclusões.
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