13 fevereiro 2013

Contra a banalização desta desgraça

Uma tragédia do presente,
um crime contra o futuro



Sabemos todos que os números reais são bastante superiores e devíamos saber e nunca esquecer que grande parte destes portugueses desempregados nem sequer tem direito a qualquer subsídio. Sabemos todos que mesmo entre os responsáveis pelas políticas que a isto conduziram nunca faltam palavras condoídas sobre o drama colectivo e individual que este números representam. E também sabemos muitos que até as mais inspiradas palavras são pobres para retratar com rigor e densidade todos os dramas, pensamentos desesperados e raivas surdas  que a vivência atomizada do desemprego faz nascer amargurando as vidas de quase um terço da população activa. E se razões, para mim prioritárias e bastantes, de natureza humanista não chegarem para sacudir algumas consciências neoliberais, então ao menos que percebessem que isto, a prosseguir esta evolução, não é apenas uma tragédia do presente mas um crime contra o futuro do país pelo que representa de desaproveitamente actual e futuro (sim, por muito que custe dizê-lo, a continuarmos assim, boa parte deste milhão de desempregados não voltará a encontrar trabalho) de capacidades e competências profissionais. Tudo visto, é preciso que no sentimento colectivo os números do desemprego não entrem na banalização até porque na consciência e vida quotidiana dos desempregados de banal nada têm.



na edição de hoje

Nada de admirar

Um pouco mais ou
um pouco menos que a do Zico




Sim, nada de admirar porque é fácil, é barato e dá dezenas milhares de assinaturas que é coisa que, como temos visto, nos tempos que correm, faz parte de fenómenos que bem podem incluir os 189918  votos (4,5%) do Coelho nas últimas presidenciais. Uma pessoa explica dez ou vinte vezes que sobre esta matéria se dizem coisas que, quando muito se aplicam ao dois maiores grupos parlamentares - os do PSD e do CDS - e que não é justo aplicá-las aos grupos parlamentares menos numerosos. Uma pessoa explica que as reduções do número de deputados, como se viu estrondosamente no passado, não atingem proporcionalmente todos os partidos antes,  por causa do método de Hondt e dos círculos distritais, afectam mais agravadamente o número de eleitos pela CDU, pelo BE e pelo CDS, afectando ainda a representação geográfica. Uma pessoa explica que o mais provável é que alguns partidos tenham deputados a mais para o fraco trabalho que realizam e que outros terão de menos para o muito trabalho que fazem mas que essa é uma questão que só os eleitores podem resolver. Uma pessoa explica, explica, explica mas os defensores da redução do número de deputados não querem ouvir porque a sua cobardia em descortinar as reais causas dos problemas sempre os puxam para os atalhos erróneos e demagógicos.

Já quanto ao inefável Medina Carreira e à sua opinião de que «se saíssem 100, nada se perderia» só me apetece retorquir que se dos media saissem 20 comentadores da sua estirpe, aí é que não se perderia nada.

11 fevereiro 2013

Há 50 anos

Sylvia Plath despedia-se do mundo

 
 Palavras
 
Golpes,
De machado na madeira,
E os ecos!
Ecos que partem
A galope.

A seiva
Jorra como pranto, como
Água lutando
Para repor seu espelho
sobre a rocha

Que cai e rola,
Crânio branco
Comido pelas ervas.
Anos depois, na estrada,
Encontro

Essas palavras secas e sem rédeas,
Bater de cascos incansável.
Enquanto
Do fundo do poço, estrelas fixas
Decidem uma vida.

(tradução de Ana Cristina Cesar)

Havendo lata...

... é sempre possível
salvar as aparências


Sim, prezados leitores, todas aquelas notícias e imagens de idas de uma delegação chefiada por António Costa ao Largo do Rato foram puras contrafacções dos «media» que só por inadvertência não foram oportunamente desmentidas.


Tenho de ir ao médico

Ainda ensonado (que vergonha),
ouvindo a rádio,
pensei que era
Passos Coelho que tinha resignado