04 fevereiro 2013

Notícias do processo histórico (essa coisa tão esquecida)

Palavras insuspeitas de há
69 anos só para envergonhar
os neoliberais de hoje



A edição do orgão da Democracia Cris de 25 de Abril de 1945
Lendo a fascinante Storia dell'Italia Partigiana (1943-1945), de Giorgio Bocca, encontro 19 linhas que foram publicadas no Popolo clandestino de 23 de Agosto de 1944, isto é quando grande parte da Itália ainda estava ocupada por nazis e fascistas e quando a resistência antifascista armada pagava um alto preço em vidas e sangue. Ponto importante e por demais esclarecedor é que essas palavras não foram escritas nem pelo PCI nem pelo PSI mas pela direcção da Democracia Cristã no norte(*) de Itália e diziam o seguinte para suprema vergonha das forças e personalidades neoliberais dos dias de hoje:

«O programa do partido, partido de massas mas não de classe que é e quer ser, orienta-se hoje com base nas aspirações  das massas e tendo em conta os programas dos outros partidos de massas existentes em Itália e com os quais ele tem certas premissas comuns que poderão facilitar acordos úteis ao renascimento da Itália. (...) Esta não é a época dos compromissos, dos paliativos, onde se ponha um freio com qualquer meio termo às massas trabalhadorasPensar que simples modificações de salários e eventuais irrisórias participações bastam para satisfazer a classe trabalhadora seriam hoje tão absurdas quanto as tentativas no século passado de resolver com a beneficiência pública ou outros meios a questão social. Seria  não compreender  do modo mais grosseiro o estado de espírito daquelas massas de que a DC quer ser expressão.(...) Seria dsconhecer em segundo lugar que as classes trabalhadoras não aspiram só ao seu próprio melhoramento económico mas mais substancialmente à eliminação daquelas condições por causa das quais se criam enormes  desigualdades sociais.»

(*) Giorgio Bocca explica logo de seguida: «Bem diversa a posição da Democracia Cristã no Centro-Sul que, sob a direcção de Alcide de Gasperi, se prepara para ser o partido da barragem  anticomunista.»

03 fevereiro 2013

Há 60 anos

O massacre colonialista
de Batepá em S. Tomé e Príncipe



 Logo denunciado na primeira página do Avante! de Fevereiro de 1953 e que já foi largamente evocado nas versões desaparecidas de «o tempo das cerejas» e de «os papéis de alexandria», havendo quem debata hoje se se tratou de um efectiva revolta de trabalhadores africanos ou de uma cruel e perversa inventona de sectores colonialistas em S. Tomé. Posteriormente, o PCP publicaria vastíssima informação sobre este massacre (incluindo uma edição policopiada de depoimentos de vítimas sobreviventes), o que, na minha opinião, só tera sido possível porque o advogado das vítimas era o corajoso e indomável  Manuel João da Palma Carlos, então membro do PCP.

Para o seu domingo, o saxofonista espanhol

Jorge Pardo


Prémio melhor músico de jazz europeu em 2013
da Academia Francesa de Jazz


aqui, do lado direito, pode ouvir
o seu novo álbum Huellas

Pura indagação intelectual

A sério, gostava de perceber



Juro por todos os santinhos que as parcas linhas que se seguem assentam num esforço  para não me situar no quadro da cultura partidária em que me formei e a que, de preferência de forma não cristalizada, me considero ainda hoje convictamente vinculado e que a perplexidade que vou expor tem em boa conta e respeita o facto de o BE ser um partido onde os aderentes, «querendo», podem constituir-se em tendências.

O título acima diz respeito àquilo a que hoje no Público Nuno Sá Lourenço refere como (sublinhado meu) «a proposta de três dirigentes do partido para a extinção das três correntes internas e a criação de uma única linha» em torno de uma nova chamada «Socialismo» e que parece já reunir a adesão da maioria dos dirigentes (creio que não a totalidade) que integram a maioria saída da última Convenção.

De caminho, convém anotar que aquela «de uma única linha» deve ser da responsabilidade do jornalista pois os promotores da nova corrente deverão saber que tal desiderato não está ao seu alcance.

A mim, que não pretendo ingerir-me em nada na vida interna do BE mas apenas tentar compreender certos fenómenos políticos, o que me faz confusão é que para extinguir três correntes, coisa que basta aos seus integrantes quererem para acontecer,  seja preciso criar uma nova e amplíssima nova corrente, quando a superação das três correntes anteriores se poderia fazer simplesmente com todos os seus integrantes a declararem, e agir em consequência, que a sua corrente é o BE ponto final, parágrafo.

E se não estou velho ou balhelhas de todo, o que me parece é que, pelo menos até agora, não aparecendo nesta nova corrente nomes significativos da antiga «sensibilidade» UDP e também nomes da minoria da última Convenção, estranho virá a ser se estes não se sentirem incomodados ou «cercados» pela nova corrente e não sejam empurrados para formar a sua, havendo então aqui uma espécie de baralhar e tornar a dar quanto a correntes dentro do BE, operação a que desejo as maiores felicidades, obviamente.

Não, não escreverei que «cheira-me que há aqui mais qualquer coisa não explicitada» porque, se o fizesse, poderia, e justamente, ser acusado de ter entrado no mero terreno das especulações, palpites ou pressentimentos.

Os filmes «em cartaz» ( )

Band of Angels

Cartaz de Band of Angels, filme realizado
em 1957 por Raoul Wash
com Yvonne de Carlo e Clark Gable
nos principais papéis
.

02 fevereiro 2013

Há 70 anos

A vitória heróica
e decisiva de Stalingrado



NUEVO CANTO DE AMOR
A STALINGRADO


de Pablo Neruda 
 Yo escribí sobre el tiempo y sobre el agua,
describí el luto y su metal morado,
yo escribí sobre el cielo y la manzana,
ahora escribo sobre Stalingrado.

 Ya la novia guardó con su pañuelo
el rayo de mi amor enamorado,
ahora mi corazón está en el suelo,
en el humo y la luz de Stalingrado.

Yo toqué con mis manos la camisa
del crepúsculo azul y derrotado:
ahora toco el alba de la vida
naciendo con el sol de Stalingrado.

 
Honor a ti por lo que el aire trae,
o que se ha de cantar y lo cantado,
honor para tus madres y tus hijos
y tus nietos, Stalingrado.

Honor al combatiente de la bruma,
onor al Comisario y al soldado,
honor al cielo detrás de tu luna,
honor al sol de Stalingrado.
Yo sé que el viejo joven transitorio
de pluma, como un cisne encuadernado,
desencuaderna su dolor notorio
por mi grito de amor a Stalingrado.
Yo pongo el alma mía donde quiero.
Y no me nutro de papel cansado
adobado de tinta y de tintero.
Nací para cantar a Stalingrado.
 
Mi voz estuvo con tus grandes muertos
contra tus propios muros machacados,
mi voz sonó como campana y viento
mirándote morir, Stalingrado.
 
Ahora americanos combatientes
blancos y oscuros como los granados,
matan en el desierto a la serpiente.
Ya no estás sola, Stalingrado.
 
Francia vuelve a las viejas barricadas
con pabellón de furia enarbolado
sobre las lágrimas recién secadas.
Ya no estás sola, Stalingrado.
 
Y los grandes leones de Inglaterra
rolando sobre el mar huracanado
clavan las garras en la parda tierra.
Ya no estás sola, Stalingrado.
 
Hoy bajo tus montañas de escarmiento
no sólo están los tuyos enterrados:
temblando está la carne de los muertos
que tocaron tu frente, Stalingrado.
 
Tu acero azul de orgullo construido,
tu pelo de planetas coronados,
tu baluarte de panes divididos,
tu frontera sombría, Stalingrado.
 
Tu Patria de martillos y laureles,
la sangre sobre tu esplendor nevado,
la mirada de Stalin a la nieve
tejida con tu sangre, Stalingrado.
 
Las condecoraciones que tus muertos
han puesto sobre el pecho traspasado
de la tierra, y el estremecimiento
de la muerte y la vida, Stalingrado
 
La sal profunda que de nuevo traes
al corazón del hombre acongojado
con la rama de rojos capitanes
salidos de tu sangre, Stalingrado.
 
La esperanza que rompe en los jardines
como la flor del árbol esperado,
la página grabada de fusiles,
as letras de la luz, Stalingrado.
La torre que concibes en la altura,
los altares de piedra ensangrentados,
los defensores de tu edad  madura,
los hijos de tu piel, Stalingrado.
 
Las águilas ardientes de tus piedras,
los metales por tu alma amamantados,
los adioses de lágrimas inmensas
y las olas de amor, Stalingrado.
 
Los huesos de asesinos malheridos,
los invasores párpados cerrados,
y los conquistadores fugitivos
detrás de tu centella, Stalingrado.
 
Los que humillaron la curva del Arco
y las aguas del Sena han taladrado
con el consentimiento del esclavo,
e detuvieron en Stalingrado.
 
Los que Praga la Bella sobre lágrimas,
sobre lo enmudecido y traicionado,
pasaron pisoteando sus heridas,
murieron en Stalingrado.
 
Los que en la gruta griega han escupido,
la estalactita de cristal truncado
y su clásico azul enrarecido,
ahora dónde están, Stalingrado?
 
Los que España quemaron y rompieron
dejando el corazón encadenado
de esa madre de encinos y guerreros,
se pudren a tus pies, Stalingrado.
 
Los que en Holanda, tulipanes y agua
salpicaron de lodo ensangrentado
y esparcieron el látigo y la espada,
ahora duermen en Stalingrado.
 
Los que en la noche blanca de Noruega
con un aullido de chacal soltado
quemaron esa helada primavera,
enmudecieron en Stalingrado.
 
Guárdame un trozo de violenta espuma,
guárdame un rifle, guárdame un arado,
y que lo pongan en mi sepultura 
con una espiga roja de tu estado,
para que sepan, si hay alguna duda,
que he muerto amándote y que me has amado,
y si no he combatido en tu cintura
dejo en tu honor esta granada oscura,
este canto de amor a Stalingrado.

 



Sergei Prokofiev's Piano Sonata No. 7 in
B major, Op. 83 (1942) ("Stalingrad")

Porque hoje é sábado (311)

Elina Duni

A sugestão musical de hoje traz até vós
a cantora albanesa radicada
na Suiça Elina Duni.




É sempre boa altura

Regressando a cartoons americanos



first born = primogénito
 copiados de aqui

01 fevereiro 2013

A «famiglia» alargada da SLN/BPN ou...

... mas Cavaco deu-lhe posse !



ver primeiras palavras aqui



no Público online

É só o que tenho a dizer

Esta manhã na A. R. 


No final, o maestro disse aos jornalistas lamentar profundamente  a falta de ouvido da maioria dos portugueses para este tipo de música.