23 novembro 2012

O PCP e o trabalho precário

As contagens que o Público não fez



Numa pergunta da entrevista a Jerónimo de Sousa hoje publicada, o Público afirma que «nas teses [para o seu XIX Congresso], o PCP só tem um parágrafo sobre trabalho precário», querendo com isso obviamente insinuar que o PCP não presta a devida atenção ao problema.

Ora, devem os leitores ficar a saber que nesse parágrafo se afirma o essencial, ou seja que «A  precariedade dos vínculos laborais é especialmente grave: gera instabilidade no trabalho e na vida, fomenta o desemprego, agrava a exploração. A luta contra a precariedade expressa-se por objectivos reivindicativos concretos nos locais de trabalho, apoiados por acções mais gerais de denúncia e sensibilização pública. A sindicalização e organização dos trabalhadores em situação de vínculo precário é vital para a sua inserção na luta e para favorecer a unidade de classe entre os trabalhadores.»

Em matéria de pesquisas e contagens, já agora devem os leitores ficar a saber que há uma que o Público não fez: é que a palavra ou termo «precariedade» aparece no texto 21 vezes.

Mas muito mais importante que estatísticas sobre palavras ou parágrafos, teria sido se os jornalistas entrevistadores tivessem feito previamente uma viagem informativa e uma contagem às múltiplas iniciativas legislativas que, desde há imensos anos, o PCP vem apresentando para combater esse perverso fenómeno que agride profundamente a vida de mais de um milhão de portugueses e representa, nas suas consequências práticas, uma grave lesão ao exercício dos seus direitos democráticos enquanto trabalhadores.

Contra um crime infame

Um grande
combate do nosso tempo






Aqui têm números mas na verdade têm nome, rosto, história de vida, filhos. E olhos que nos olham e interpelam agora.

22 novembro 2012

Fim de dia com

Lord Huron





Desde principio que se estava a ver...

Porque a memória é curta, 
repito este lembrete antigo




post de 27 de Junho de 2012

A este respeito, é bom recordar o que o PCP
 disse aqui e aqui
E, por causa da tosse, leia-se
 ainda 
aqui o seguinte:


Contagem de votos nos EUA

Maravilhas do país
de Silicon Valley




On Thursday (a seguir à votação), more than a hundred people — activists, high school students who worked for months to register voters, and voters who said they were forced to use provisional ballots — protested outside the election center

Arizona’s Ballot Count Fiasco


Aqui: «By the end of today, Arizona will have finally finished counting all of its ballots from the election that took place more than two weeks ago. More than a quarter of the roughly 2.2 million votes were cast as early or provisional ballots, and the delay in getting them all counted has stirred great controversy in state in which people of color have grown accustomed to dirty tricks. Some watchdogs charged that Latinos were being targeted for disenfranchisement, but as more and more of those ballot were tallied, it became increasingly apparent that all sorts of voters have had to wait for their ballots to be counted. Still, the last two weeks have illustrated that Arizona needs to revamp the way it conducts elections.(...).

Por fim, só acrescentar que no país tecnologicamente mais avançado do mundo, a exemplo do que aconteceu em 2008, os resultados finais definitivos da última eleição presidencial deverão demorar mais quatro ou cinco meses a serem conhecidos.

P.S.: Enquanto isto e a uma escala que nenhum europeu podia supor, proliferam nos EUA os sites, ora de republicanos ora de democratas, denunciando fraudes alheias, com destaque para os estranhos casos em que, em diversas assembleias de voto de certos condados, um dos candidatos teve zero votos.

21 novembro 2012

Palavras de administrador

Quem me manda a mim
ter caído 
em pequenino
no caldeirão da ingenuidade



na primeira página do i de hoje

Tendo caído em pequenino no caldeirão da ingenuidade e supondo que o administrador da Siemens viva em Portugal, preparava-me eu para advertir que talvez, na primeira curva da estrada, tivéssemos o senhor administrador a protestar contra a insegurança  e falta de polícias nas ruas, contra a falta de professores para lhe ensinar os filhos, contra a falta de médicos e enfermeiros que lhe cuidem da saúde de si e da família, contra a degradação dos múltiplos serviços que lhe são prestados pela administração local, and so on, so on, so on.

Mas parei a tempo. Nas minhas debilitadas meninges acendeu-se um raio de luz que me mostrou que o senhor administrador da Siemens,m pelos vistos nada ralado com esta má publicidade para a marca,  ao contrário de 98% dos portugueses, há-de ter meios e capim suficientes para resolver isso tudo pagando no privado.

O campeão do descaramento

Se Vexa está amnésico,
muitos de nós não !



As mais jovens gerações podem não ter visto isso mas ainda somos às carradas os portugueses que bem nos lembramos como na década de 85 a 95, sob o ilustre magistério governativo do actual PR, se afundou boa parte da agricultura portuguesa a troco de uns cobres europeus, se procedeu a um vasto abate da nossa frota de pesca e se acelerou a desindustrialização do país.

E, agora, o inenarrável personagem vem-nos dizer que a culpa é de um «estigma». Ao menos, cale-se e vá cuidar dos netos !

O parlapié do senhor Selassié

Eternamente gratos, senhor Selassié..



Como Daniel Oliveira bem assinala, agora temos este senhor do FMI a intervir e interferir descaradamente no debate político nacional. Talvez poderes de governador-geral da colónia...


... o pior é que não somos parvos.


JN de 25.11.2011

20 novembro 2012

Submarinos e contrapartidas

Confesso que desisti de perceber



Chamem-lhe preguiça, falta de conhecimentos ou de estudo mas confesso que desisti de perceber seja o que for sobre o caso das contrapartidas dos submarinos que está agora, ao fim de anos e anos, em julgamento.

Desde logo, acho uma graça imensa aos advogados dos réus que vêm agora dizer que a celebração de um novo contrato anularia todas as acusações relativas ao processo do contrato antigo. Percebo que é para isso que são pagos mas não percebo como é que, juridicamente, um novo contrato  pode anular acusações de «burla qualificada» e «falsificação de documentos».

Depois vejo que o novo contrato abrange a recuperação de um hotel no Algarve e fico a perguntar de quem é o hotel e se vai haver uma espécie de bodo aos pobres hoteleiros.

A imprensa relembra-me também que houve 19 projectos de contrapartidas que «nunca saíram do papel» mas na lista dos réus não me parece que figure alguém dos muitos que, representando os interesses do Estado, terão andado a dormir na forma.


Tudo visto, despeço-me do assunto sentenciando que os submarinos estarão à tona de água mas a defesa do interesse público há muito que submergiu.

Combatentes de sofá

As conquilhas
continuam estragadas



No i, o blogger socialista Tomás Vasques, escrevendo sobre a greve geral e os incidentes frente à AR, salienta a dado passo:«(...)Isto significa que, nos dias difíceis em que vivemos, com elevado capital de queixa de uma imensa maioria de portugueses, a pesporrência da CGTP e do PCP e a “necessidade estratégica” de aparecerem como os únicos “donos da rua”, objectivamente, constituem um travão à participação e à envolvência de muita gente. Mas, não foi, também, porque a “greve geral” eclipsou-se, pelo menos mediaticamente, a favor de um reduzido grupo de manifestantes – duas dezenas, se tanto – que durante mais de uma hora, com transmissão televisiva em directo, apedrejaram o cordão da polícia incumbido de defender a Assembleia da República, e a carga policial a que esse apedrejamento deu azo. Jerónimo de Sousa disse, na sexta-feira, que “ao governo, à classe dominante e à comunicação social deram um jeitão os incidentes em frente à Assembleia da República” – o que é apenas meia verdade. A outra meia verdade é que ao governo (a este, aos anteriores e aos que hão-de vir) dá um jeitão o autismo e a pesporrência do PCP e da CGTP.»

Depois de devidamente citado este naco de prosa insuperavelmente pesporrente, talvez convenha dizer a Tomás Vasques o seguinte:

- que, quando avalia, aliás muito por baixo como era de esperar de tal teclado, os resultados da greve geral, talvez fosse sério ter em conta que no país em que ele e eu vivemos há mais de um milhão de precários, com tudo o que isso significa de real limitação ao livre exercício do direito à greve;

- que, quando fala não sei o quê sobre os querem ser «donos da rua», parece estar esquecido de duas coisas: uma é que basta rever mentalmente todas as grandes manifestações já ocorridas para se saber que assim não tem sido; e a outra é que decorre explicita ou implicitamente do discurso da CGTP o considerar um bem precioso a mais ampla convergência na luta e no protesto dos mais vastos sectores  e camadas sociais que fôr possível mobilizar;

- e que, por mim , militante do PCP e apoiante da CGTP, não tenho nada a opôr a que, dando por uma vez o corpo ao manifesto, a UGT e o PS ocupem combativamente as ruas, assim contribuindo para a «envolvência de muita gente».

Em conclusão, estou farto de ver este filme cínico e hipócrita: os que não lutam entretidos a ladrar contra os que lutam.