29 setembro 2012

Uma poderosa manifestação e...

... o que eles nunca entenderão


É claro que o protesto e a luta se destinam a alcançar recuos e mudanças na política que sofremos e tem de se acreditar firmemente na justiça e possibilidade desse objectivo.

Mas, dito isto, há coisas que, com recuos ou sem eles, os desgovernantes que temos nunca poderão entender, a saber:

- o valor democrático profundo da torrente de indignação e combatividade que hoje desfilou até e se concentrou no Terreiro do Paço;

- a força das convicções, da generosidade e da solidariedade que cimenta laços de espírito de resistência e de luta entre tantos milhares de homens, mulheres e jovens de todos os pontos do pais, trabalhadores no activo, precários e desempregados, cidadãos e cidadãs de uma grande diversidade social e estatuto profissional;

- a grandeza maior de uma central sindical - a CGTP-IN e só a CGTP-IN - que, numa situação de grande dramatismo e emergência nacionais, honrando os seus sólidos compromissos com os trabalhadores, é capaz de lançar largas pontes para o mundo do trabalho não sindicalmente organizado e de se assumir como porta-voz de um descontamento de carácter geral e nacional e de uma aspiração e exigência de mudança que percorre maioritariamente a sociedade portuguesa;

- e, por fim, talvez o testemunho maior e mais impressionante, de como, passados 38 anos e com a participação de tantos e tantos que ainda não eram sequer nascidos nessa época luminosa e libertadora, são ainda os grandes ideais e valores do 25 de Abril que surgem como símbolos e referências maiores de uma forte esperança e de uma imensa vontade transformadora.

E, para já,  tenho dito.


Hoje, hoje, hoje

(para os de Lisboa, arranque nos Restauradores)
Geraldo Vandré em «Hora de Lutar»

Porque hoje é sábado (292)

The Avett Brothers


A sugestão musical deste sábado destaca
 a banda norte-americana The Avett Brothers,
 
cujo último álbum se intitula The Carpenter.




28 setembro 2012

É já amanhã !





Concentração (principal ou para
 quem não vem de fora de Lisboa)
nos
Restauradores

Manobras prévias de desvalorização

A outra pergunta que o 
Expresso nunca poderá fazer !

Na capa do Expresso online vem hoje esta pergunta (e respectiva resposta). Mas o que o Expresso devia meditar é porque nunca poderá fazer a seguinte pergunta:


Rima e não é verdade

A suposta equidade
na famosa austeridade


 1ª página do Diário Económico
1ª página do Público

Ainda a TSU

Passos Coelho e a sua
razão contra quase todos




Segundo o Público de hoje, produziu ontem no Estoril uma  extensa e dorida lamúria reafirmando a  sua razão na questão da TSUe vendo na rejeição popular da transferência do  dinheiro dos trabalhadores para as empresas um inquietante sinal dos tempos. Entre outras inesquecíveis pérolas, debitou, por exemplo, que «se a visão que temos das empresas não é a de instituições relevantes, mas estão reconduzidas, por qualquer razão à dialéctica do trabalho e do capital, então teremos progredido muito pouco». Coitado do Coelho,  tantos anos depois, acreditou mesmo no «fim da história» do Fukuyama, o que é que se há-de fazer.

Tomando embalagem para amanhã

Si, si puede por Linda Allen
(Yes it can be done)






Si se puede, si se puede, Yes, it can be done
None can deny you your dreams for your daughters and sons
Si se puede, si se puede, it can be done
None can deny you your dreams for your daughters and sons

For the sake of this young girl, asparagus cutter, who rises at 3
To work in the fields before school and she sleeps when she can
She comes home and she cares for her sisters and brothers 'til her parents return
She'll fix supper and study, go off to her bed, then she'll do it again

For the sake of Manuel, who has worked in this valley for 20 long years
He's picked and he's pruned, and he dreams of a farm that will someday be his
And he knows what a worker sho toils on the land deserves to get by
Respect and good wages, toilets, fresh water, a clean place to live

For the sake of Tomas who has struggled for justice, a voice in the wind
But he's kept the flame burning, 'til 2 become 3, then a thousand and more
For the sake of Cesar, tho' the road has been long, he is walking again
With the women and men in the union's great shadow that none can ignore

For the sake of these workers with so many dreams who have marched many miles
Through Yakima's orchards, Seattle's fine market, to Olympia's dome
See the bright banners flashing, and a thousand-voiced choir praise the colors of earth
And justice will reign and we'll reap the great harvest in our Washington home 

27 setembro 2012

Impressionante !

Desculpem lá, mas isto
quer dizer alguma coisa





Agora mesmo, na  «Quadratura do Círculo» da SIC Notícias, vejo ser dada a palavra a António Costa a propósito do «recuo do governo na TSU», este fala larguíssimos minutos e, nunca por nunca ser, foi capaz de aproximar da ideia de que o que está em cima da mesa do governo é, por outras vias, extorquir o mesmo ou equivalente aos portugueses.E, pronto, cada um tire as conclusões que quiser.

Redução das subvenções às campanhas eleitorais

Pois, pois, mas há
9 anos era à tripa-forra !


Pois é, o Público põe-os a «subir» e quem ontem, na SIC Notícias, tivesse ouvido Luís Montenegro, do PSD e Carlos Zorrinho, do PS,  teria ficado talvez a julgar que se trata de dois partidos anjinhos nesta matéria. Mas como os media dificilmente conseguem sair da espuma dos dias, cá venho eu lembrar que foi em 24 de Abril de 2003 que ocorreu um momento crucial nesta matéria com a aprovação, a mata-cavalos, de um texto saído de uma Comissão Eventual para a Reforma do Sistema Político, baseado num projecto-de-lei do PS - o 222/IX - que veio a dar origem à Lei 19/2003 (*) que consagrou um astronómico e descaradíssimo aumento das subvenções estatais aos partidos e campanhas eleitorais. Sobretudo a pensar naqueles que, a toda a hora, repetem que «os partidos são todos iguais», fique-se saber que PCP, BE e Os Verdes votaram contra.

Intervenção de António Filipe,
deputado do PCP, nesse dia


«(...) A lei de financiamento dos partidos, Srs. Deputados, foi alterada várias vezes, nos últimos anos, e podemos dizer que, a partir do momento em que foi vencida uma grande divergência que existia, que era a de saber se era ou não aceitável o financiamento dos partidos por empresas - e lembro que o PCP sempre combateu o financiamento dos partidos por empresas, defendendo uma solução de proibição, sendo essa a grande divergência que existia relativamente às posições dos demais partidos -, a partir do momento em que todos os partidos aderiram à tese da proibição do financiamento dos partidos por empresas, criaram-se condições para um grande consenso em matéria de financiamento dos partidos. E as últimas revisões da lei, particularmente desde 1998, foram sempre pautadas por um grande espírito de diálogo, por uma grande abertura, por uma grande procura de consensos, os quais foram sempre atingidos.

Lamentavelmente, agora, deixou de ser assim e a maioria decide impor soluções absurdas, unilateralmente, abdicando de qualquer perspectiva de consenso relativamente ao financiamento dos partidos.  Mas o que é importante é atentar no seguinte: que soluções são essas que a maioria propõe para credibilizar a vida política?

Em primeiro lugar, propõe o aumento brutal das subvenções públicas aos partidos, numa concepção dos partidos quase como uma espécie de repartições públicas, procurando acentuar a sua dependência relativamente ao Estado e ao bolso dos contribuintes.
Srs. Deputados, quanto a esse aumento das subvenções aos partidos, pretende a maioria concentrá-lo sobretudo nos grandes partidos, na medida em que faz depender essa subvenção, fundamentalmente, dos resultados eleitorais obtidos.
Num quadro em que os portugueses se debatem com uma situação económica difícil em que os portugueses vêem degradar-se os seus salários reais, em que as autarquias estão confrontadas com dificuldades financeiras praticamente insuperáveis e que vão prejudicar a qualidade de vida dos cidadãos, num quadro de aumento dos impostos e de aumento dos encargos fiscais sobre os cidadãos, a maioria pretende aumentar para o dobro as subvenções do Estado aos partidos políticos, concentrando essas subvenções precisamente nos partidos maioritários.
É absolutamente inaceitável, Sr. Presidente e Srs. Deputados! Não é assim que se dignifica a vida política! (...)»
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(*) Depois disso, por três vezes esta lei foi alterada e o PCP sempre votou contra por considerar insuficientes as reduções propostas.


(por fim, quem tiver tempo
 e paciência 

aprenderá muito
 visitando aqui o debate
 desse dia 24.4.2003)