16 setembro 2012

Para o seu domingo, graças a "The Nation"





e ainda aqui

Loretta Lynn, Coal Miner’s Daughter
Gil Scott-Heron, Whitey on the Moon
Billy Bragg, Between the Wars
Johnny Cash, Sixteen Tons
Judy Collins, Brother, Can You Spare a Dime?
Bruce Springsteen & Tom MorelloThe Ghost of Tom Joad
Odetta, Pastures of Plenty
American Ruling Class, Nickel and Dimed


Fica bem ao político da «lavoura» ...

... querer sol na eira
e chuva no nabal



Desculpem lá, não quero parecer mais esperto do que outros, mas há alguma coisa mal contada nesta história da «crise» Portas-Passos Coelho ou PP-PSD.

Com efeito, se como está publicamente assumido, Portas foi informado e manifestou discordância porque é que deixou seguir o anúncio das medidas e criou depois esta encenação com alguns laivos de suspense e dramatismo ?

É que teria sido muito mais natural e  eficaz que Paulo Portas tivesse dito a Passos Coelho: «Desculpe, Pedro, mas dada a minha profunda discordância com estas medidas e considerando a sua extrema gravidade, reclamo, como ministro de Estado e em nome do segundo partido da coligação, que o seu anúncio destas medidas seja adiado oito dias para as podermos discutir aturadamente e ponderar eventuais alternativas».

Nestes termos, do que suspeito é que «o grande artista» quer sempre ficar bem na fotografia.

Ah, afinal é para isso ?

Dos "máximos" para a
"mínima" 
e "escarrapachar-lhes"

O meu bom amigo Paulo Granjo, a respeito do «Congresso Democrático das Alternativas» (iniciativa apresentada numa base contra o memorando a que o PS continua vinculado) acaba de escrever isto aqui.
Como não desejo num dia destes entornar nenhum caldo, acho que os meus sublinhados falam por si.  E quanto à «plataforma mínima» remeto para os dois últimos parágrafos do que escrevi aqui.

As manifestações nas 1ªs páginas e...

... uma pequenina pergunta
Fica bem num blogue, através da reprodução da 1ª página do Público, sinalizar a projecção  que as manifestações de ontem tiveram nos jornais portugueses. Mas também não faz mal reparar que, nesta foto, se vêem duas faixas do MAS- Ruptura, uma recente dissidência do Bloco de Esquerda. E a pergunta é: se fosse o PCP ou um grupo de comunistas a fazer isto, o que se diria ?

e vergonha para estes


Registo seco

As saudades e penas deles




Na «Quadratura do Círculo» de há uns dias,  António Costa lamentava que as atitudes do governo tivessem conduzido a uma quebra do «consenso político e social» e, na entrevista de hoje ao Público, António José Seguro aproxima-se da mesma ideia. 

Dito isto, venho apenas lembrar que nestas vozes, em outras e nos factos, o «consenso político» eram os votos a favor ou abstenções «violentas do PS em relação a propostas do governo e que «o consenso social» era a assinatura da UGT num nefando acordo de «concertação social».

Não há outros decibéis de ocasião que disfarcem isto.

15 setembro 2012

Manifestação em Lisboa

Hoje foi magnífica,
espectacular e impressionante




>

Ode à Alegria 



um protesto
veemente e indignado

Oiço agora mesmo na RTP/1
 um locutor afirmar  que
a manifestação continuou e
continua junto
 à Assembleia da República.
Não sou promotor mas
 ga
ranto que a manifestação
 terminou na Praça de Espanha
.
Nada de confusões !
O que alguns querem bem eu sei !

Ai que tristeza e amargura

A Leonete não me lê


Por azar dos Távoras, na mesma edição em que o Público levava a primeira página esta expressiva imagem de paz social, a sua editora de política Leonete Botelho, escrevendo sobre «o sobressalto cívico» rematava, referindo-se a Passos Coelho, que «veremos hoje se não sepultou também a paz social». Ora, desta maneira de dizer ou escrever só se pode concluir que, para a ilustre jornalista, antes de hoje a paz social era geral e universal e estava vivíssima da costa na sociedade portuguesa. Acontece porém que, por causa de uma afirmação sua congénere, eu já tinha rezado a Leonete Botelho o responso que está aqui.
Sou assim forçado a concluir que Leonete Botelho não me lê, provavelmente porque não cede ao tique narcisista que tantos temos que é, pelo menos periodicamente, pesquisar o nosso nome no Google. Escrevo isto não é por razões do meu ego, é só porque, se me tivesse lido e reflectido dois segundos, a Leonete certamente deixaria de inventar uma tão patente «paz social» que a realidade não mostra e que, por vezes, as próprias páginas do seu jornal desmentem.

Porque hoje é sábado (290)

Bob Seger



A sugestão musical deste sábado é dedicada

 ao cantor norte-americano
Bob Seger.






ouvir aqui



Against the wind 


We were running against the wind 
We were young and strong, we were running
Against the wind 



And the years rolled slowly past 

And I found myself alone 

Surrounded bv strangers I thought were my friends 

I found myself further and further from my home 
And I guess I lost my way 
There were oh so many roads 
I was living to run and running to live 
Never worried about paying or even how much I owed 




Moving eight miles a minute for months at a time 

Breaking all of the rules that would bend 

I began to find myself searchin' 

Searching for shelter again and again 



Against the wind 

A little something against the wind 

I found myself seeking shelter 

Against the wind 



Well those drifters' days are past me now 

I've got so much more to think about 

Deadlines and commitments 

What to leave in
What to leave out 




Against the wind 

I'm still runnin' against the wind 

I'm older now but still running

Against the wind
Well I'm older now and I'm still running
Against the wind...

14 setembro 2012

Sobre um texto de Daniel Oliveira

Uns dão o litro,
outros falam ex cathedra 


Há dois dias, a propósito de uma crónica de Rui Tavares, publiquei um post que arrancava assim:«Os tempos que vivemos de justa indignação, raiva e revolta também vão bons para todos os quiserem cavalgar a aspiração de mudança agitando meia dúzia de ideias simples, em rigor simplistas, com a vantagem de indirectamente apresentar como empecilhos ou sectários todos os que não estiverem dispostos a sacrificar a verdade, o rigor e a seriedade políticos.»

Isto que então escrevi também se aplica inteiramente ao texto, que considero lamentável, que Daniel Oliveira publicou no Expresso online e no «arrastão» sob o título «Anatomia de um assalto (IV): as responsabilidades da oposição» (a escolha deste singular «oposição» já tem que se lhe diga, induz em juízos erróneos e revela logo uma suspeita recusa da identificação de uma patente diferenciação entre partidos de oposição).

Como muitos leitores certamente compreenderão, não se responde a um texto com 6111 caracteres com outro texto com apenas a mesma dimensão porque quem responde precisa de argumentar mais, além de que, ao contrário do que muitos fazem, tenciono proceder a generosas citações do próprio Daniel Oliveira.

Assim, lá vai, mesmo que canse a maioria dos leitores:


Daniel Oliveira arranca desde logo afirmando que «Não basta os partidos da oposição concordarem com este diagnóstico. Têm de ser consequentes. Não é apenas ao governo que se têm de exigir responsabilidades. É a todos. Quem contesta este caminho tem de apresentar alternativas (...) É apenas isto que falta para correr com esta gente: uma alternativa credível. Olha-se para os partidos da oposição e fica-se com a sensação de que, no meio da tragédia, continuam a sua vida como antes.»

Ora, ao escrever assim, o que Daniel Oliveira está a fazer é exactamente o mesmo que fazia o governo Sócrates e faz o governo Passos Coelho ao proclamarem a toda a hora que os que se lhe opunham ou opõem não apresentam alternativas. o PCP e o BE responderam a isto legitimamente e com fundamentos sólidos que têm apresentados alternativas, designadamente alternativas de política já que, na situação actual, concretas ou minuciosas alternativas de governo já é mais complicado por causa das orientações do PS. Mas se Daniel Oliveira tiver no bolso uma, eu não me importo e até agradeço. O problema está em que, tal como outros no passado, Daniel Oliveira também apõe ao substantivo «alternativa» o envenenadíssimo adjectivo «credível». E eu volto a perguntar : «credível» como e para quem ? É que não tenho a menor dúvida de que, para muitos, só será «credível» o que se aproximar dos ou continuar os eixos centrais das políticas que temos sofrido e nunca será credível o que tiver propósitos de verdadeira mudança e ruptura.




De seguida, era fatal como o destino, Daniel Oliveira passa à distribuição de críticas ao PS, ao BE e ao PCP. Sobre o BE escreve que «faz experiências, divide o seu pequeno poder por pequenos poderes internos, desbarata a sua credibilidade, que já foi tão abalada nos dois últimos anos, e sonha com transposições automáticas de uma realidade (a grega) que tão pouco tem a ver, na sua história e cultura política, com a nossa.» E sobre o PS, em ponto que considero uma espécie de papel de tournesol sobre as verdadeiras concepções de fundo de Daniel Oliveira, o mais que consegue escrever é que «A direção do PS parece estar convencida que pode, como de costume, ficar, com um ar muito responsável, à espera que o poder lhe caia nas mãos de podre. Perante a selvajaria apresentada no último fim-de-semana, Seguro exalta-se e... pede uma audiência com o Presidente da República. Nem é capaz de dizer o óbvio: que este orçamento terá de contar com o seu voto negativo.»
Deste modo, Daniel Oliveira consegue passar ao lado da menção, que seria obrigatória, a que o PS está condicionado pelo seu papel no parto do memorando com a troika, a que aprovou ou se absteve «violentamente» em matérias tão estruturais e decisivas como o último Orçamento de Estado, o novo tratado orçamental ou as selváticas alterações à legislação de trabalho, a que se opõe à renegociação da dívida, tudo matérias que , coisa que D.O. convenientemente omite, suscitaram o veemente voto contra do PCP e do BE. E, neste quadro, está-se mesmo a ver que Daniel Oliveira não está nada disponível para secundar uma ideia explicita ou implicitamente presente nas análises do PCP e que João Semedo, do BE,  em recente entrevista ao Público,  veio sintetizar na justa fórmula de que «o problema maior da esquerda são as posições do PS».



Por fim, compreender-se-á que me demore mais no que Daniel Oliveira escreve sobre o PCP, ou seja que «O PCP mantém-se na sua fortaleza, seguro da sua razão e sem contactos que o possam contaminar com a impureza alheia».
Desde logo, começando por dizer que se a referência à contaminação com a impureza alheia tem que ver com a atitude do PCP sobre uma próxima iniciativa de que Daniel Oliveira é promotor, então Daniel Oliveira tem de aguentar duas estocadas: a primeira é que não abriu o bico quando, para as já remotas iniciativas da Aula Magna e do Trindade,nem o Bloco nem os alegristas sequer sondaram o PCP; a segunda é que Daniel Oliveira teve muito mais tempo e oportunidade para contribuir para a formatação e objectivos dessa iniciativa do que aquele que foi dado ao PCP ou a qualquer comunista representativo da orientação do PCP.
Anotando que eu preferia mil vezes que Daniel Oliveira exprimisse as suas divergências sobre as propostas e acções do PCP do que cair na falsificação da «fortaleza» e do seu alegado medo da «impureza», considero penoso ter de explicar a D.O. não só que o diálogo entre forças políticas também se faz pela apresentação e  eventual comparação entre as suas propostas e discurso públicos mas também que, com realce para o plano parlamentar, tem havido uma significativa convergência de posições  e de votos entre o PCP e o BE.
E, por fim, é por demais revelador que, ao falar sobre o PCP apenas em termos de «fortaleza» e de medo de contaminação com as «impurezas», Daniel Oliveira não seja capaz de explicitar em letra escrita aquilo que ele muito sabe: ou seja, que constitui um autêntico segredo de Polichinelo a evidência de que, sem retirar méritos e importância a outras largas contribuições,  é a corrente comunista que dá a mais forte, mais intensa, mais generosa e sacrificada contribuição para o combate à politica deste governo e sobretudo para a animação de movimentos de protesto, de resistência e de luta  abrangendo uma grande diversidade de áreas da vida nacional e de sectores sociais.


(peço desculpa aos leitores pelas diferenças no tamanho das letras e pelos fundos brancos, tudo azelhices técnicas minhas)

Coisa de nada ? Talvez sim, talvez não

Reparem neste pormenor


Pois é, há uma maioria parlamentar PSD-CDS, numericamente sólida, embora conquistada, como muitos hoje melhor sabem, na base da mentira e da ocultação. E, no entanto, no Público de hoje oito páginas estão subordinadas à imagem acima.