06 setembro 2011

Retrato de Passos Coelho e de uma política

Tumulto - o verdadeiro e o suposto

Os jornais de hoje dão natural relevo às declarações ontem feitas por Passos Coelho prevenindo e agitando o espantalho de tumultos sociais   guiados pelo objectiuvo de «destruir e queimar  o país».  Para mim, é óbvio que se trata não apenas de uma daquelas declarações que desvendam o carácter de um político  e de uma política mas sobretudo de mais um instrumento da larga panóplia de truques e chantagens com que se pretende intimidar os cidadãos e contê-los  numa amargurada resignação e abdicação do exercício de direitos de protesto, de resistência e luta.  Andou bem ontem Jerónimo de Sousa,  em intercalação improvisada ao discurso escrito, quando veio lembrar que o verdadeiro e dramático  tumulto já está aí, brutal, violento  e destruidor nas medida de austeridade e agressão decididas pelo governo PSD-CDS.

05 setembro 2011

Os bastidores da austeridade

Vacinas, pão... e brioches



Regressado dos tão (compreensivelmente) ignorados quanto suaves, fáceis e revigorantes trabalhos de desimplantação mais urgente dos pavilhões na Festa do Avante!, deparo com as duas notícias acima (respectivamente do Público e do DN) que me parecem elucidar bastante sobre certos bastidores dos efeitos da política de austeridade. E, como estou muito fresco, limito-me a dizer que só nos falta uma qualquer Maria Antonieta que recomende ao povo que já que não pode comer pão, coma brioches.

04 setembro 2011

Comício da Festa do «Avante !»


Imensas razões para uma
luta carregada de razão


Jerónimo de Sousa hoje na comício da Festa:

«(...)O sucesso do Governo do PSD/CDS será a tragédia do país. O sucesso na concretização do seu programa de governo será a catástrofe e a ruína dos portugueses. As medidas tomadas vão sempre no sentido de penalizar quem trabalha, quem vive de uma reforma, quem não tem emprego, dos que exercem a sua actividade dependente do poder compra das populações – os sectores produtivos que vivem do mercado interno, o pequeno comércio, a restauração, um conjunto vasto de actividades onde predominam as pequenas e médias empresas.(...)

É insuportável este aumento sistemático de tudo. De impostos, de transportes, de energia, de bens e serviços essenciais, dos medicamentos, de juros e impostos na habitação e muito mais insuportável para aqueles que são empurrados para o desemprego ou vivem de um trabalho precário e mal remunerado que são uma grande parte dos trabalhadores, nomeadamente as novas gerações.

«(...)Como se a injustiça fiscal em Portugal fosse uma novidade descoberta nestes últimos dias. E é interessante vermos como aqueles que fazendo parte dos partidos da troika da submissão – o PS, PSD e CDS – a manifestarem-se agora sensíveis à tributação dos mais ricos e poderosos. Esses mesmos que, sem excepção, na última legislatura rejeitaram as diversas propostas que o PCP apresentou para introduzir alguma justiça fiscal em Portugal.

Quando há poucos meses o PCP propunha reforçar a tributação fiscal para quem possui carros de luxo, iates, aviões particulares, casas com valor acima de um milhão de euros, todos sem excepção, PSD, PS e CDS votaram contra!

Quando há poucos meses o PCP quis criar uma nova taxa aplicável às transacções em bolsa, quando o PCP apresentou propostas para que a banca e os grandes grupos económicos pagassem a mesma taxa de imposto (IRC) que os pequenos empresários já pagam, quando o PCP apresentou propostas para que as mais-valias mobiliárias de SGPS ou de Fundos de Investimento passassem a ser finalmente tributadas, o PS, o PSD e o CDS uniram-se e disseram sempre não.(...)

Temendo que os trabalhadores assumam a consciência dos perigos, sacudam o matraquear da ideologia das inevitabilidades e transformem a indignação e a revolta em luta, vem o Governo fazer cínicos apelos à concertação e ao diálogo.

Quando falam em diálogo pensam em verbo-de-encher. Quando proclamam a concertação pensam na resignação dos trabalhadores e das suas organizações. Mas o que mais temem é essa força social imensa que em movimento e em luta faz mover o que parece inamovível.

Travando a luta concreta por objectivos concretos, por mais pequena e modesta que seja, ela flui e conduz à convergência. Transformando as muitas lutas em luta maior, portadora de interesses e aspirações concretos, num novo patamar de exigência de ruptura com esta política e de mudança necessária no rumo de justiça social, do progresso e do desenvolvimento, e de afirmação patriótica que reforce os alicerces da soberania nacional.

Os trabalhadores sempre foram o motor do desenvolvimento de lutas. Daqui saudamos a CGTP-IN pela sua afirmação e determinação, fiel aos seus princípios que recusando colaborar ou ser mera espectadora face ao assalto aos direitos e aos bolsos dos trabalhadores se posiciona como força que mobiliza e organiza os trabalhadores portugueses. A decisão de convocar para o dia 1 de Outubro uma grande acção nacional de luta assume assim uma importância crucial. Lá estaremos.(...)

Se não estiver na Festa, música para o seu domingo


David Rovics






Fique então com o cantor norte-americano David Rovics que actuou na sexta-feira na Festa do Avante !.

E não se esqueça, no programa de hoje da Festa, entre outras dezenas de pontos de interesse, não se esqueça do grande comício às 18 hs., do encerramento do Palco 25 de Abril com os Xutos & Pontapés às 21 hs. e no Auditório 1º de Maio com Camané às 21.30 hs, a Bienal de Artes Plásticas e a sua evocação do pintor Cipriano Dourado, o filme «48» às 16 hs. no Avanteatro, and so on, so on, a perder de vista e com muita dificuldade escolha.

03 setembro 2011

Festa do «Avante!» ? - não sei o que é !

Sem um pingo de vergonha na cara !




Talvez muitos leitores estranhem porque resolvo num dia destes fazer, com a primeira imagem acima, tanta publicidade ao Público.


Mas eu acho que esta publicidade inteiramente se justifica. Com efeito, folheado o jornal vinte vezes, tive de concluir que, por incrível que  a segunda imagem acima (branco total, zero, nicles, nadica de nada) reproduz fielmente tudo o que a edição impressa do Público de hoje traz sobre a abertura ontem da Festa do Avante!.

Dizem-me aqui ao lado da cozinha onde ajudo que a Festa existe mesmo, que Jerónimo de Sousa fez ontem declarações politicamente significativas, que na Atalaia se viveu ontem uma noite memorável, designadamente com o encanto, a beleza e magia da Grande Gala da Ópera, e que este singular e incomparável evento continua hoje e amanhã e que nos rostos dos milhares que a visitam não há nem um cisco da nostalgia de que ontem falava uma peça do Público.

Mas tudo isto devem ser invenções dos comunistas portugueses.

Porque hoje é sábado (304)


Marissa Nadler


A sugestão musical de hoje
destaca a cantora Marissa Madler
cujo último álbum pode ser ouvido
 aqui.
 



02 setembro 2011

Daqui a nada, a Festa do Avante! 2011 !

Uma bandeira vermelha no seu
ponto mais alto, um cristal de mil faces




Neste dia, nunca resisto a repetir-me
sem ponta de escrúpulo ou vergonha
:

«(...) E isto para já não falar do elemento,
também ele cultural, que é a jamais
completamente retratável simbiose
que naquele espaço se dá entre tradição
e modernidade, entre romaria popular e
festa urbana, entre paixão política e
dimensão cultural, entre tolerância e
solidários afectos humanos.(...)
E pronto, ala que se faz tarde.
E não se esqueça de que melhor
do que ouvir
contar, é ir à Festa.
E construir o seu próprio

e livre roteiro de viagem neste
cristal de mil faces que é
a Festa do Avante!,

a festa dos comunistas que,
sem nenhuma
contradição
e antes com genética coerência,

é uma festa a todos aberta.»

[Vítor Dias, artigo no Semanário de 31.8.2000]

É preciso dizer mais ?

A cada um as suas prioridades


Comunistas convocam banca e grandes grupos a pagar “factura da crise” -PCP propõe novo escalão de IRS
(Público de hoje)

Grupo parlamentar do PCP propõe uma nova taxa sobre transacções financeiras em bolsa Grupo parlamentar do PCP propõe uma nova taxa sobre transacções financeiras em bolsa (Rui Gaudêncio (Arquivo))

O PCP propôs nesta quinta-feira a criação de um novo escalão de IRS para rendimentos acima de 175 mil euros e o aumento das contribuições pagas pela banca e grupos económicos com lucros superiores a 50 milhões de euros.

“Quando se fala de tributar os mais ricos e poderosos, o PCP entende que esta ideia não pode ser ilusória ou metafórica. Tem que ser coerente e consequente. Há que impor tributação adequada que tem que onerar de facto os grupos financeiros económicos com lucros mais elevados”, argumentou o deputado comunista Honório Novo.

Em conferência de imprensa, no Parlamento, o deputado apresentou oito iniciativas legislativas visando “objectivos de justiça fiscal” que, somadas, aumentariam a receita fiscal em cerca de “2600 a 2700 milhões de euros”.

Entre as iniciativas apresentadas, inclui-se a criação de um novo escalão no IRS, de 49,5 por cento, para rendimentos colectáveis superiores a 175 mil euros, uma taxa adicional sobre propriedades com valor superior a um milhão de euros, uma taxa sobre bens de luxo, como barcos e automóveis de valor superior a cem mil euros, e o aumento de 20 para 21,5 por cento sobre as mais-valias mobiliárias.

Este último diploma, com objectivo idêntico a uma medida anunciada na quarta-feira pelo ministro das Finanças, frisou Honório Novo, já tinha sido apresentado pelo PCP no âmbito do Orçamento do Estado para 2011 e em Janeiro passado, tendo merecido a “rejeição emocionada do PS, PSD e CDS”.

Defendendo que os grandes grupos económicos e o sistema financeiro, que “beneficiaram de ajudas públicas”, têm “que ser convocados para pagar a factura da crise também”, Honório Novo propôs a eliminação da quase totalidade dos benefícios fiscais, deduções e abatimentos a empresas com lucros tributáveis superiores a 50 milhões de euros.

Esta medida faria com que “a taxa efectiva de tributação passe para 25 por cento” no sistema financeiro e nos grandes grupos económicos que, disse Honório Novo, têm pago taxas efectivas de cerca de 12 por cento.

Referindo relatórios oficiais, do Governo e do Banco de Portugal, Honório Novo frisou que a “tributação efectiva do sistema financeiro se fixou em 12 por cento, menos de metade da taxa nominal de IRC”.

O PCP propôs ainda uma taxa extraordinária de 3,5 por cento até final de 2014 sobre lucros empresariais acima de dois milhões de euros e uma nova taxa sobre transacções financeiras em bolsa.

Para Honório Novo, as medidas hoje apresentadas mostram que “o que se podia fazer para efectivamente tributar os ricos e poderosos é muito e está quase tudo por fazer”.

01 setembro 2011

Ler Maruja Torres hoje no «El País»

 Este até era querido e inofensivo


La bestia


«Pocos sucesos me han conmovido tanto, en el transcurso de este agosto, como el abrazo de Vergara esquina Pelayo perpetrado, en la intimidad, por los dos principales partidos de la oposición: el que gobierna y el otro.

Está, por un lado, la indudable ternura que semejante actitud provoca, en estos tiempos de cólera floja, cagalera intensiva y sentimentalismo a flor de piel. Por otro, nos encontramos con el beneficio de haber contribuido, al entregarle su libra de carne constitucional a los mercados, a la exaltación poética de Shakespeare y su El mercader de Venecia. Aunque la verdad es que, comparado con estos, su Shylock más bien parece la sirenita de Copenhague. Paciencia: ya llegaremos a El rey Lear cuando la Consti -ahora ya la puedo tutear- se arrastre, vieja y ciega y desdentada, y desconfiando de todo el que se le acerque.

Lejos de mi ánimo provocar el desánimo. Más bien todo lo contrario. Creo que los reformadores se han quedado cortos, al no especificar -por lo menos, los plazos- cómo deben ir desarrollándose la analfabetización, funcional y literal, de las nuevas generaciones, el aumento de los beneficios de las sociedades privadas que subastarán las camas libres en los hospitales antaño públicos y... Perdón, soy tonta. Si de eso es, precisamente, de lo que trata la reforma. Hay otro tema, que tampoco se ha especificado porque está implícito en el trato, y es el de que las rentas que no sean del trabajo no deberán tocarse ni con una rosa.

No me cabe duda de que existen urgentes razones que han empujado a los próceres -el uno, por sentido de la responsabilidad, dice; el otro, digo, frotándose las manos- a proceder a procesarnos con la máquina de restar. Pero ¿se han dado cuenta de que alimentar a la bestia solo la vuelve más insaciable?»

O regresso do saudoso Dick Cheney ou...

... a mania que eles têm
de escrever Memórias
 Artigo aqui.