02 junho 2023

Sobre o incontornãvel Milhazes

 Justas palavras
de Miguel Sousa Tavares

«Utilizando o seu espaço de comentário da guerra da Ucrânia na SIC — verdadeiro modelo de isenção e profundidade de análise —, José Milhazes teve um contributo decisivo para o saneamento por razões políticas do russo-português Vladimir Plias­sov como professor de Língua e Cultura Russas do Centro de Estudos Russos da Universidade de Coimbra. Baseando-se apenas numa denúncia de dois “activistas ucranianos”, Milhazes deu voz e amplitude à acusação, provadamente falsa, de que Pliassov usava as aulas para fazer propaganda a favor da Rússia. Foi quanto bastou para que o reitor da Universidade, Amílcar Falcão, sem sequer ouvir o visado ou o testemunho dos seus alunos, todos desmentindo a acusação, o despedisse sumariamente por delito de opinião — que, a ter existido, seria fundamento inadmissível num país democrático; não tendo sequer existido, é simplesmente escabroso. Longe, porém, de ficar envergonhado ou arrependido com o seu contributo para tão edificante história, Milhazes voltou antes à carga. Agora atirou-se aos artistas que aceitaram participar na Festa do Avante!, acusando-os de serem coniventes com um partido que “apoia um regime de bandidos e assassinos”. Presume-se que se ele mandasse nem os artistas seriam autorizados a participar, nem haveria festa, nem mesmo o PCP estaria legalizado. Usando a sua tribuna televisiva, José Milhazes autoinvestiu-se da função de delator oficial dos “amigos de Putin e da Rússia”. Um papel que lhe assenta como uma luva, não tivesse sido ele um exilado político voluntário na Rússia soviética, onde estes eram velhos hábitos de convivência social: uma vez estalinista, para sempre estalinista. » (MST no Expresso)

1 comentário:

  1. São justas diante da posição dos «media» sobre este conflito. No caso da SIC, temos uma autêntico charlatão conduzindo e manipulando a opinião sobre este assunto, tendo ao seu lado um colaborador chamado Nuno Rogeiro que se situa no mesmo plano. Alexandre Guerreiro que até certa altura tinha uma opinião diferente, foi censurado e banido da programação.
    Para que a opinião de Miguel Sousa Tavares tivesse a aceitação dos seus patrões teria de ter algum sinal anticomunista ou anti russo, quando diz «Um papel que lhe assenta como uma luva, não tivesse sido ele um exilado político voluntário na Rússia soviética, onde estes eram velhos hábitos de convivência social: uma vez estalinista, para sempre estalinista».
    Eu pergunto a este «snob» de trazer por casa, chamado Miguel Sousa Tavares, se ele poderá dar a noção aos portugueses o que é ser um estalinista e se isso existe? Não nos esqueçamos da forma como este cretino conduziu a entrevista ao general Vasco Gonçalves, quando a revolução do 25 de Abril fez 20 anos. Em vez de entrevistador, o papel de comissário da polícia lhe assentava como uma luva.

    Quanto ao resto, a opinião de Miguel Sousa Tavares apenas vai contra o excesso de um «charlatão» chamado José Milhazes que deve julgar que quando este conflito acabar, terá os louros ou o mérito dos «media» para quem trabalhou com rigor e método (no ato de mentir).
    Quanto ao resto, já sabemos, pois o conflito ainda não acabou e porque a informação vale por aqueles que o fazem com ou sem honestidade.
    Não é o caso de José Pacheco Pereira, outro camaleão nas artes de mentir, que escreve o seguinte:
    «Toda a gente sabe que não tenho a mínima intransigência face à responsabilidade criminosa de Putin e da Federação Russa na invasão da Ucrânia. Nenhuma, bem pelo contrário: desejo que a Rússia seja derrotada e que pague um preço pela invasão, pela tentativa de anexação de territórios de um outro país, pelos crimes de guerra cometidos, pelos ataques indiscriminados a civis, pela destruição de infra-estruturas ucranianas, pelas ameaças nucleares, pelo reforço da ditadura na Rússia, pelas perseguições a dissidentes e mesmo, ironia das ironias, pelo efeito de militarização do mundo em resultado do expansionismo e imperialismo russo. Não é lista pequena, pois não?»
    São estes os patifes que têm direito à opinião no nosso país e o fazem de modo constante. Por mim, continuo a aguardar um outro tempo, onde os «media» e a imprensa deem espaço à verdadeira isenção, rigor, critério e livre opinião. Por agora e em relação a este conflito, o país voltou ao tempo do salazarismo.

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