Não, a inflação não atinge
todos da mesma maneira
Em Portugal, o peso da despesa em alimentação na despesa total é de quase 25% para as famílias mais pobres; nas mais ricas, fica abaixo de 10%. A despesa em carne varia entre os 6% do orçamento dos mais pobres e menos de 2% para os mais ricos. Para o pão e cereais, o peso é também de praticamente 6% na despesa total dos mais pobres, mas cifra-se em apenas 1% para as famílias mais ricas. Também na eletricidade e gás se nota esta discrepância: estes bens energéticos representam 12% da despesa das famílias mais pobres, contra apenas 4% para as mais ricas.
Estes e outros números do relatório ilustram o que o aumento de preço dos bens essenciais significa para as famílias mais vulneráveis. A situação de partida dos mais pobres é delicada. Em 2015, as famílias dos indivíduos que estão entre os 20% mais pobres gastaram uma média de 2200 euros em alimentação. Este valor equivale a 2300 euros em 2021 - para 12 meses! Por outro lado, o que ganham não chega: gastaram 120 euros por cada 100 de rendimento. Não têm “almofada” para absorver a inflação, contrariamente às mais ricas, que conseguem poupar. Com elevada probabilidade, já passavam privações. É claro não estamos em 2015, mas a taxa de pobreza de 2020 (22%) é superior à de 2015 (19%). ( ...)
-Susana Peralta no «Público de hoje
Sem comentários:
Enviar um comentário