Miguel Sousa Tavares
e a crise da Ucrânia
«Os Estados Unidos, a União Europeia e a NATO dizem que a Rússia se prepara para invadir a Ucrânia, como fez com a Crimeia, e porque nunca desistiu dos seus sonhos imperiais. Putin responde que aceitará uma garantia firme do Ocidente de que a Ucrânia não se tornará membro da NATO e não acolherá no seu território armas nucleares capazes de atingirem Moscovo em cinco ou sete minutos. Putin tem toda a razão. Há 30 anos, a Rússia “imperial” fez aquilo que só em sonhos o Ocidente podia esperar: dissolveu a União Soviética e o Pacto de Varsóvia, devolveu a independência aos Estados Bálticos, às repúblicas russófonas e à Ucrânia, província russa durante séculos, sede de uma importante base naval e de silos nucleares. A NATO respondeu não só não se dissolvendo, como ainda alargando sistematicamente as suas fronteiras para leste, em direcção à Rússia. E se é verdade que Putin anexou a Crimeia, não é menos verdade que esta sempre fora uma província russa (como a Florida é dos Estados Unidos) — tanto que foi ali, em Ialta, que teve lugar a mais importante cimeira dos Aliados durante a 2ª Grande Guerra, entre Estaline, Churchill e Roosevelt, e que a sua anexação teve o apoio maioritário da população, pois a entrega à Ucrânia, durante o tempo da URSS, fora um gesto absurdo do ucraniano secretário-geral do PCUS, Khrushchov. E na questão da adesão da Ucrânia à NATO, com a consequente instalação de tropas da NATO e armas nucleares no seu território apontadas à Rússia, Putin está carregado de razão: por igual razão, Kennedy esteve à beira de desencadear a terceira guerra mundial quando o mesmo Khrushchov quis instalar mísseis russos em Cuba, apontados aos Estados Unidos. A mesma narrativa não pode ter duas leituras e duas morais diferentes.» («Expresso» hoje)
Pela primeira vez na vida o Miguel Sousa Tavares, tem razão.
ResponderEliminarFaltou a Miguel Sousa Tavares mencionar o genocídio que a Ucrânia do Oeste se prepara para fazer contra a população do Donbass, só por esta não se entregar aos desejos da governação de extrema direita que canta loas de vitória ao fascista Stepan Bandera e se compromete a formar uma brigada, chamada de «Azov», vestida com uniformes e emblemas dos assassinos das «SS».
ResponderEliminarFaltou também mencionar o papel hipócrita da Casa Branca que antes da cimeira por zoom entre Putin e Biden entregou mísseis terra-ar ao exército ucraniano (com que finalidade?) enquanto o governo turco cedia «drones».
Ao que parece, a única voz mais razoável, nesta crise, é a de Putin e nada se parece com a opinião desastrada e mal formada de Joaquim Vieira no programa «O Último Apaga a Luz» que comparou o presidente russo a Hitler, dizendo que este usa um pretexto para atacar a Ucrânia semelhante ao de Hitler quando este ocupou o território dos sudetas. Em vez de investigar e ser objetivo, Joaquim Vieira preferiu ser um autêntico imbecil num programa que nada tem de senso comum.