20 abril 2020

Mais sobre o 25 de Abril na AR

Tão criativos que eles são !

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- André Lamas Leite no «Público»
Como se vê, entre os que fazem campanha contra a celebração do 25 de Abril na AR, há os que sentem a necessidade de oferecer soluções alternativas debaixo daquele principio de que há que ser criativo e que a situação da pandemia é a mais indicada (?) para isso.

Curioso é que todos o façam sem nunca se darem ao trabalho de contestarem de forma fundamentada e séria a evidência de que o modelo proposto para este ano garante perfeitamente regras de contenção e distanciamento (*). E sem que nos expliquem porque é que a AR pode reunir para decretar estados de emergência ou discutir projectos de lei sobre a pandemia e já não pode reunir para homenagear o 25 de Abril.

Nesse âmbito, vem agora por exemplo André Lamas Leite defender o modelo alternativo da salinha televisionada (não o Plenário) em que só usariam da palavra o PR e o Presidente da AR. Por mim, sentencio que as soluções ditas «criativas» raramente são inocentes. É que a AR é muito mais que o seu Presidente, é a representação nacional, por isso é plural e sobre o 25 de Abril há visões plurais pelo que impedir os discursos dos partidos seria uma intolerável amputação e deturpação. 

Dito isto, não ignoro que. no essencial, nesta polémica sobre o 25 de Abril na AR o filme está feito com  emoções e embirrações (fruto do longo confinamento ?) a prevalecerem sobre uma argumentação que, apelando à racionalidade, apela sobretudo ao respeito pelo lugar que o 25 de Abril deve ocupar na vida das instituições, do povo e do país.

(*) Deputados e convidados estarão a uma distância entre si porventura superior a que têm, nos seus locais de trabalho e transporte, as centenas de milhar de portugueses que vão trabalhar todos os dias.

3 comentários:

  1. Pois é. Os argumentos criativos escondem sempre propostas ideológicas (ai que medo da palavra...).

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  2. A Assembleia da República estruturou uma sessão evocativa do 25 de Abril tendo em atenção o contexto actual. Resultado disto: número reduzido de participantes e dentro das normas em vigor.
    A parte mais lúdica (jantares, festividades, fogos de artifício, etc) foi suprimida, bem como manifestações de rua.
    A comemoração do 25 de Abril na AR não é mera evocação histórica. É uma afirmação política traduzida através do discurso, de posicionamentos e contida nas críticas e propostas.
    Assim, a AR só tem o dever, neste preciso dia, de promover uma sessão que aí possibilite esta exigência democrática. Aliás, as comemorações do 1ºde Maio, com as devidas precauções, só terão sentido se tiverem lugar também nos locais de trabalho e na rua - na ocupação do espaço público permitindo a explicitação do que vai na alma dos trabalhadores.
    Neste cotexto, comparações com casamentos, batizados ou passeios em qualquer marginal são ridículos e sem sentido e se há lugar para referências comparativas, que se atenda aos milhares que labutam quotidianamente. Muitos deles sem condições mínimas de segurança.
    Destes, os paladinos de cenários alternativos para as comemorações do 25 de Abril ou do 1º de Maio, não piam.
    Àqueles que, por razões ponderáveis e compreensíveis, não possam estar presentes na sessão da AR, modestamente sugiro que deleguem expressamente noutrem.
    25 de Abril Sempre. Fascismo Nunca Mais.
    António Morais

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  3. Atrás das medidas de restrição virão as vozes que estão contra a democracia.

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