A história de Gorbachev, o mesmo que o X Congresso do PCP acolheu com entusiasmo e esperança, ainda está por fazer, tendo em conta todas as circunstâncias anteriores e posteriores à desintegração da URRS. A análise tem de se centrar mais nos órgãos do poder do Estado e do PCUS, do que numa pessoa, por mais importante e influente que ela seja numa determinada conjuntura. Quando estive na URSS em 1981 1982 verifiquei, ao fim de algum tempo que o PCUS era/estava um partido morto, sem debate interno, sem funcionamento democrático, sem discussão dos problemas do local de trabalho, do país e do mundo. Então, após uma conversa com o camarada Yuri Kuskunine, comunista convicto e grande amigo do PCP, no sentido de o nosso colectivo (quem quisesse) pudesse assistir a uma reunião da célula do PCUS no Instituto onde nos encontrávamos. Foram criadas todas as dificuldades, os adiamentos sucediam-se, até que lá veio a autorização. Tive então a oportunidade de verificar com os meus próprios olhos aquilo de que já suspeitava. Chegou o burocrata-mor, todo engravatado e com semblante fechado, chamou mais dois militantes para a mesa, debitou o seu discurso escrito, perguntou se havia dúvidas e se alguém queria intervir, o que não aconteceu. Tiveram lugar duas votações sem qualquer debate e sob um silêncio sepulcral, todos aprovaram por braço no ar, o burocrata encerrou o "conclave", saiu com o mesmo ar pesado e importante com que entrou e todos saímos da sala. Em minha opinião, a raiz de todos os males está aqui : o PCUS já não era sequer um simulacro de um partido marxista e leninista. Desde quando ? Não sei. Mas ouvi muitas opiniões. Andropov, Gorbachev, Ligatchov e alguns outros dirigentes do PCUS tinha consciência do estado a que a URSS e o PCUS tinha chegado no tempo de Brejnev, Suslov, Ponomariev e outros. Eu vi Brejnev, no Palácio dos Congressos, em 7 de Novembro de 1981, completamente senil, doente, a quem levavam regularmente um pequeno copo de leite que ele ia bebendo aos poucos, sempre com a boca em movimentos repetitivos semelhantes aos característicos da doença de Parkinson. Quem mandava era a NOVA CLASSE que começou a nascer depois da morte de Lenine. Sobre como é que um "legionário" bêbedo e louco como IELTSIN chegou ao poder, no PCUS e no Estado, de uma das 2 superpotências do Mundo e fez o que fez sem ninguém o impedir, como é que há uma convergência objectiva entre ele e os caquéticos ou oportunistas corruptos que quiseram depor Gorbachev, não para defender um socialismo que há muito tinha deixado de existir, mas sim para se defenderem a si próprios e a uma casta de alguns milhões de corruptos que tinha capturado o Estado e o PCUS, têm de ser interrogações para qualquer comunista, soviético ou não. E o SOCIALISMO não podia proporcionar menos bem estar do que o capitalismo, já depois de se apropriar da maior parte da mais-valia gerada pelos trabalhadores. Mais do que tentar rotular Gorbachev devido a um anúncio que também acho não devia ter aceitado fazer, é preciso cavar mais fundo, até à raiz real dos graves problemas que causaram uma grande tragédia para a Humanidade, apesar de todos os desvios. Outra reflexão a fazer de forma intelectualmente honesta por parte dos comunistas é a resposta à pergunta : Porque é que o Povo Soviético não defendeu a sua Revolução e o seu Regime, depois de 70 anos do seu triunfo e de indubitáveis conquistas, nunca antes verificadas num espaço de tempo histórico tão curto ? Porquê ? Um marxista fiel ao materialismo dialético nunca pode ser dogmático. O marxismo e o seu método de análise e de acção são os grandes legados de Marx e Engels. E não se veem aparecer novos homens e mulheres de excepção que recriem a teoria revolucionária para a Revolução no século XXI. Que pena Álvaro Cunhal não ter hoje 30/40 anos...
Fernando Oliveira, 65 anos, inconformado e resistente.
A história de Gorbachev, o mesmo que o X Congresso do PCP acolheu com entusiasmo e esperança, ainda está por fazer, tendo em conta todas as circunstâncias anteriores e posteriores à desintegração da URRS.
ResponderEliminarA análise tem de se centrar mais nos órgãos do poder do Estado e do PCUS, do que numa pessoa, por mais importante e influente que ela seja numa determinada conjuntura.
Quando estive na URSS em 1981 1982 verifiquei, ao fim de algum tempo que o PCUS era/estava um partido morto, sem debate interno, sem funcionamento democrático, sem discussão dos problemas do local de trabalho, do país e do mundo.
Então, após uma conversa com o camarada Yuri Kuskunine, comunista convicto e grande amigo do PCP, no sentido de o nosso colectivo (quem quisesse) pudesse assistir a uma reunião da célula do PCUS no Instituto onde nos encontrávamos.
Foram criadas todas as dificuldades, os adiamentos sucediam-se, até que lá veio a autorização.
Tive então a oportunidade de verificar com os meus próprios olhos aquilo de que já suspeitava.
Chegou o burocrata-mor, todo engravatado e com semblante fechado, chamou mais dois militantes para a mesa, debitou o seu discurso escrito, perguntou se havia dúvidas e se alguém queria intervir, o que não aconteceu.
Tiveram lugar duas votações sem qualquer debate e sob um silêncio sepulcral, todos aprovaram por braço no ar, o burocrata encerrou o "conclave", saiu com o mesmo ar pesado e importante com que entrou e todos saímos da sala.
Em minha opinião, a raiz de todos os males está aqui : o PCUS já não era sequer um simulacro de um partido marxista e leninista. Desde quando ? Não sei. Mas ouvi muitas opiniões.
Andropov, Gorbachev, Ligatchov e alguns outros dirigentes do PCUS tinha consciência do estado a que a URSS e o PCUS tinha chegado no tempo de Brejnev, Suslov, Ponomariev e outros.
Eu vi Brejnev, no Palácio dos Congressos, em 7 de Novembro de 1981, completamente senil, doente, a quem levavam regularmente um pequeno copo de leite que ele ia bebendo aos poucos, sempre com a boca em movimentos repetitivos semelhantes aos característicos da doença de Parkinson.
Quem mandava era a NOVA CLASSE que começou a nascer depois da morte de Lenine.
Sobre como é que um "legionário" bêbedo e louco como IELTSIN chegou ao poder, no PCUS e no Estado, de uma das 2 superpotências do Mundo e fez o que fez sem ninguém o impedir, como é que há uma convergência objectiva entre ele e os caquéticos ou oportunistas corruptos que quiseram depor Gorbachev, não para defender um socialismo que há muito tinha deixado de existir, mas sim para se defenderem a si próprios e a uma casta de alguns milhões de corruptos que tinha capturado o Estado e o PCUS, têm de ser interrogações para qualquer comunista, soviético ou não.
E o SOCIALISMO não podia proporcionar menos bem estar do que o capitalismo, já depois de se apropriar da maior parte da mais-valia gerada pelos trabalhadores.
Mais do que tentar rotular Gorbachev devido a um anúncio que também acho não devia ter aceitado fazer, é preciso cavar mais fundo, até à raiz real dos graves problemas que causaram uma grande tragédia para a Humanidade, apesar de todos os desvios.
Outra reflexão a fazer de forma intelectualmente honesta por parte dos comunistas é a resposta à pergunta :
Porque é que o Povo Soviético não defendeu a sua Revolução e o seu Regime, depois de 70 anos do seu triunfo e de indubitáveis conquistas, nunca antes verificadas num espaço de tempo histórico tão curto ?
Porquê ?
Um marxista fiel ao materialismo dialético nunca pode ser dogmático.
O marxismo e o seu método de análise e de acção são os grandes legados de Marx e Engels.
E não se veem aparecer novos homens e mulheres de excepção que recriem a teoria revolucionária para a Revolução no século XXI.
Que pena Álvaro Cunhal não ter hoje 30/40 anos...
Fernando Oliveira, 65 anos, inconformado e resistente.