Lê-se no Público online que «O PCP e o BE vieram nesta quinta-feira exigir a saída do actual
secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, na sequência de uma
notícia da Visão em que a revista dá conta de que, em 2005,
enquanto responsável do Citigroup, o actual governante tentou vender ao
Governo de José Sócrates contratos swaps que permitiriam fazer
descer o rácio da dívida pública sobre o PIB, colocando os valores “fora
do balanço”, sem que fossem contabilizados pelo Eurostat, o gabinete
europeu de estatísticas.
"Se a ministra das Finanças
não tem condições para continuar, naturalmente um seu secretário de
Estado também não tem", assume o líder parlamentar do PCP, Bernardino
Soares. "Alguém com este currículo não tem condições para ficar [no
Governo]", conclui também a deputada do Bloco de Esquerda, Ana Drago.»
Por razões de idade e de formação, eu só posso apreciar e homenagear esta fidelidade do PCP e do BE à ideia nuclear de que o exercício de funções públicas e designadamente governativas se deve reger por exigentes critérios de dedicação ao interesse público. Mas, ao mesmo tempo, tenho de discordar destas atitudes a propósito de Pais Jorge porque me parecem revelar uma grande incompreensão para o facto de, depois de décadas de belos e grandes negócios privados feitos à sombra do Estado, estar naturalmente muito reduzido o campo de recrutamento político dos partidos do mal chamado «arco da governação». Se Clausewitz declarou que «a guerra é a continuação da política por outros meios», há muito tempo que eu não vejo outra coisa se não as funções governativas serem a continuação dos negócios por outros meios.
Fica-se com a impressão de que o campo de recrutamento de membros para o Governo já é mesmo muito reduzido.
ResponderEliminarE a propósito: ouvi hoje que Rui Machete, tal como Cavaco Silva, terá comprado e vendido acções do grupo SLN/BPN com mais-valias elevadíssimas. A noticia não fala de qualquer ilegalidade mas, na minha opinião, tratando-se de figuras proeminentes do Estado, dada a a dimensão do escândalo do BPN e o elevado prejuízo que os contribuintes estão a ser obrigados a suportar, por uma questão de moralidade, devia ser publicada a lista de casos semelhantes, com os preços de compra e venda de tais acções, as datas das referidas operações e como e por quem foram fixados os critérios de fixação dos preços.
Agora que o BNP, apesar de privatizado, continua a representar um encargo para o Estado, e numa altura em que o Governo se prepara para "poupar" cerca de 4.700 milhões de euros, não seria oportuno procurar bem as menos-valias que possam ser recuperadas, na SLN/BPN e noutros casos?