01 julho 2012

O que uma pessoa aprende...

A criatividade semântica


Esta chamada de primeira página do Público e a peça nas interiores que a desenvolve, com as suas insistentes referências aos «protestos não-partidários» parece comprovar que, sendo as novidades uma exigência maior da imprensa, onde elas não existirem, não há problema, a imprensa inventa-as. É tão simples como isto: desde o 25 de Abril de 1974 não se passou um único ano em que o que mais houve foi aquilo a que agora o Público chama de «protestos não-partidários» e em que, em termos de lutas sociais, o mais raro sempre foram aquilo a que o Público, a contrario sensu, poderia chamar de «protestos partidários». E nem me dou ao trabalho de explicar que está na própria natureza das coisas que assim seja. Só deixo a nota que basta alguém fazer uma viagem ao «tradicional» Cap. III das Resoluções Políticas do Congressos do PCP e aí sempre encontrará uma relativamente detalhada menção a variadas lutas sociais, incluindo «as lutas das populações». E, por fim, se esta escolha semântica dos «protestos não-partidários» se destina a criar a ideia de que os partidos com eles estão a ser ultrapassados, não sou eu que vou aqui e agora desvendar um segredo de Polichinelo sobre quantas delas resultam ou beneficiam de contribuições da militância partidária.


In Resolução Política do
XVIII Congresso do PCP,
Lisboa, 
Dezembro de 2008


2 comentários:

  1. Esses protestos antipartidários têm como objetivo desvalorizar as lutas das populações que o PCP sempre apoiou. Ou estarão eles nas fábricas, nos hospitais,nas escolas, nos transportes...em todas essas lutas sectoriais que tanta importância têm e que sempre se têm realizado ao longo de todo este tempo de decadência?

    Um beijo.

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  2. "Protestos inorgânicos"!
    O que mais os assusta é a organização, é a moção de censura na rua.

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