25 setembro 2013

Salvo melhor opinião

Um equívoco de André Freire


Em artigo hoje publicado no Público, com o título acima, o  estimado Prof. André Freire introduz um critério de apreciação de resultados dessas eleições que lá original me parece ser (pelo menos, não me lembro de, desde 1976, alguma vez o ter visto formulado) mas que me parece ser completamente artificial e até um pouco absurdo.

Com efeito, escreve ele : « Um primeiro critério [para a definição do que é uma vitória nas autárquicas] pode ser o PS ter mais votosdo que o PSD, oun as esquerdas terem mais votos que as direitas. Porém, a questão que se coloca é, tal como em 2009, como contar ? Nessas  autárquicas , o PSD teve cera de 1 milhão e 300 mil votos , 22,9%, e o PS mais de  2 milhões, 37,7%. Mas quando contamos o PSD com os seus aliados à direita, o caso muda de figura: com cerca de 214 mil votos [?] (38,6%) [estes últimos números de A. Freire parecem-me todos gatados pois, pelas minhas contas, PSD, CDS e os seus diversos tipos de coligações somaram então cerca de  2.300.000. votos e 43%], as direitas ganharam ao PS. É sempre o grande trunfo das direitas e o calcanhar de Aquiles das esquerdas: as primeiras conseguem somar, as segundas não.»

Com toda delicadeza, o que me parece haver nestas palavras é uma coisa nunca feita em Portugal, a saber, passar da constatação de que à direita há mais facilidade de  conseguirem  entendimentos governativos do que à «esquerda» para a proibição de, em ainda por cima eleições locais, somar os votos do PS, da CDU e do BE e concluir que eles foram mais ou menos dos que os recebidos pelos partidos de direita, agora partidos de governo. Nem em legislativas isso jamais se fez, porque conjecturas ou previsões sobre dificuldades de entendimento governativo entre PS, PCP e BE nunca impediram de dizer que a oposição, em conjunto, tinha alcançado mais ou menos votos que os partidos do governo em conjunto e dái extrair os correspondentes significados e sinais políticos.

É este o ponto essencial mas ainda posso terminar perguntando ao Prof. André Freire : porque é que em autárquicas os  votos do conjunto PSD e CDS seriam os únicos a ser sempre somáveis se, parte deles, até foi obtida em concorrência e disputa de um com o outro ?.

Olhem que é preciso coragem

Quando uma revista faz,
ela sim, a honra da América


 a ler o resto do artigo aqui

e ainda a este propósito :

Edição (2011) da Oxford University Press (EUA),
416 ps., $22,16.

apresentação:

Americans are greatly concerned about the number of our troops killed in battle--100,000 dead in World War I; 300,000 in World War II; 33,000 in the Korean War; 58,000 in Vietnam; 4,500 in Iraq; over 1,000 in Afghanistan--and rightly so. But why are we so indifferent, often oblivious, to the far greater number of casualties suffered by those we fight and those we fight for?

This is the compelling, largely unasked question John Tirman answers in The Deaths of Others. Between six and seven million people died in Korea, Vietnam, and Iraq alone, the majority of them civilians. And yet Americans devote little attention to these deaths. Other countries, however, do pay attention, and Tirman argues that if we want to understand why there is so much anti-Americanism around the world, the first place to look is how we conduct war. We understandably strive to protect our own troops, but our rules of engagement with the enemy are another matter. From atomic weapons and carpet bombing in World War II to napalm and daisy cutters in Vietnam and beyond, we have used our weapons intentionally to kill large numbers of civilians and terrorize our adversaries into surrender. Americans, however, are mostly ignorant of these facts, believing that American wars are essentially just, necessary, and "good." Tirman investigates the history of casualties caused by American forces in order to explain why America remains so unpopular and why US armed forces operate the way they do.

Trenchant and passionate, The Deaths of Others forces readers to consider the tragic consequences of American military action not just for Americans, but especially for those we fight.»


Como cada de um de nós bem sente

Grandes génios do assalto !  


CM
      Público


24 setembro 2013

Muito a propósito destes tempos

Ai, Sttau, a falta que fazes !

(clicar para aumentar e depois fazer zoom)
A redacção da «Guidinha» (Luís de Sttau Monteiro) no suplemento «A Mosca» do «Diário de Lisboa» de 8 de Outubro de 1973. (Imagem colhida no blogue portadaloja.blogspot.com)

Neste dia

Há 40 anos, a proclamação
da independência da Guiné-Bissau

Aristides Pereira, intervindo na Assembleia Nacional Popular

Amílcar Cabral, assassinado oito meses antes

O Texas está sempre na vanguarda

Não vão ao médico, não



23 setembro 2013

Um grande poeta que parte

António Ramos Rosa
(1924-2013)


A Partir da Ausência
 

Imaginar a forma
doutro ser Na língua,
proferir o seu desejo
O toque inteiro

Não existir

Se o digo acendo os filamentos
desta nocturna lâmpada
A pedra toco do silêncio densa
Os veios de um sangue escuro

Um muro vivo preso a mil raízes

Mas não o vinho límpido
de um corpo
A lucidez da terra
E se respiro a boca não atinge
a nudez una
onde começo

Era com o sol E era
um corpo

Onde agora a mão se perde
E era o espaço

Onde não é

O que resta do corpo?
Uma matéria negra e fria?
Um hausto de desejo
retém ainda o calor de uma sílaba?

As palavras soçobram rente ao muro
A terra sopra outros vocábulos nus
Entre os ossos e as ervas,
uma outra mão ténue
refaz o rosto escuro
doutro poema

 in "A Nuvem Sobre a Página"

Hoje

Nos 40 anos sobre
a morte de Pablo Neruda


Foto em L'Humanité de hoje

Tu És em Mim Profunda Primavera

O sabor da tua boca e a cor da tua pele,
pele, boca, fruta minha destes dias velozes,
diz-me, sempre estiveram contigo
por anos e viagens e por luas e sóis
e terra e pranto e chuva e alegria,
ou só agora, só agora
brotam das tuas raízes
como a água que à terra seca traz
germinações de mim desconhecidas
ou aos lábios do cântaro esquecido
na água chega o sabor da terra?

Não sei, não mo digas, tu não sabes.
Ninguém sabe estas coisas.
Mas, aproximando os meus sentidos todos
da luz da tua pele, desapareces,
fundes-te como o ácido
aroma dum fruto
e o calor dum caminho,
o cheiro do milho debulhado,
a madressilva da tarde pura,
os nomes da terra poeirenta,
o infinito perfume da pátria:
magnólia e matagal, sangue e farinha,
galope de cavalos,
a lua poeirenta das aldeias,
o pão recém-nascido:
ai, tudo o que há na tua pele volta à minha boca,
volta ao meu coração, volta ao meu corpo,
e volto a ser contigo a terra que tu és:
tu és em mim profunda primavera:
volto a saber em ti como germino.

 in "Os Versos do Capitão"

Dicho en Pacaembu (Brasil, 1945)
 (Canto General)
Cuántas cosas quisiera decir hoy, brasileños,
cuántas historias, luchas, desengaños, victorias
que he llevado por años en el corazòn para decirlos, pensamientos
y saludos. Saludos de las nieves andinas,
saludos del Océano Pacífico, palabras que roe han dicho
al pasar los obreros, los mineros, los albañiles, todos
los pobladores de mi patria lejana.
Qué me dijo la nieve, la nube, la bandera?
Qué secreto me dijo el marinero?
Qué me dijo la niña pequeñita dándome unas espigas?


Un mensaje tenían: era: Saluda a Prestes.
Búscalo, me decían, en la selva o el río.
Aparta sus prisiones, busca su celda, llama.
Y si no te permiten hablarle, míralo hasta cansarte
y cuéntanos mañana lo que has visto.


Hoy estoy orgulloso de verlo rodeado
de un mar de corazones victoriosos.
Voy a decirle a Chile: “Lo saludé en el aire
de las banderas libres de su pueblo”.

Yo recuerdo en París, hace años, una noche
hablé a la multitud, vine a pedir ayuda
para España republicana, para el pueblo en su lucha.
España estaba llena de ruinas y de gloria.
Los franceses oían mi llamado en silencio.
Les pedí ayuda en nombre de todo lo que existe
y les dije: “Los nuevos héroes, los que en España luchan, mueren,
Modesto, Líster, Pasionaria, Lorca,
son hijos de los héroes de América, son hermanos
de Bolívar, de 0′Higgins, de San Martín, de Prestes”.
Y cuando dije el nombre de Prestes fue como un rumor, inmenso
en el aire de Francia: París lo saludaba.
Viejos obreros con los ojos húmedos
miraban hacia el fondo del Brasil y hacia España.


Os voy a contar aún otra pequeña historia.

Junto a las grandes minas de carbòn, que avanzan bajo el mar
en Chile, en el frío puerto de Talcahuano,
llegò una vez, hace tiempo, un carguero soviético.
(Chile no establecía aún relaciones
con la Uniòn de Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Por eso la policía estúpida
prohibiò bajar a los marinos rusos,
subir a los chilenos.)

Cuando llegò la noche
vinieron por millares los mineros desde las grandes minas,
hombres, mujeres, niños, y desde las colinas
con sus pequeñas lámparas mineras,
toda la noche hicieron señales encendiendo
y apagando
hacia el barco que venía de los puertos soviéticos.

Aquella noche oscura tuvo estrellas:
las estrellas humanas, las lámparas del pueblo.


Hoy también desde los rincones
de nuestra América, desde México libre,
desde el Alto Perú sediento,

desde Cuba, desde Argentina populosa,
desde Uruguay, refugio de hermanos asilados,
el pueblo te saluda, Prestes, con sus pequeñas lámparas
en que brillan las altas esperanzas del hombre.
Por eso me mandaron por el aire de América,
para que te mirara y les contara luego
còmo eras, qué decía su capitán callado
por tantos años duros de soledad y sombra.

Voy a decirles que no guardas odio.
Que sòlo quieres que tu patria viva.


Y que la libertad crezca en el fondo
del Brasil como un árbol eterno.

Yo quisiera contarte, Brasil, muchas cosas calladas,
llevadas estos anos entre la piel y el alma,
sangre, dolores, triunfos, lo que deben decirse
los poetas y el pueblo: será otra vez, un día.


Hoy pido un gran silencio de volcanes y ríos.

Un gran silencio pido de tierras y varones.
Pido silencio a América de la nieve a la pampa.

Silencio: La Palabra al Capitán del Pueblo.

Silencio: Que el Brasil hablará por su boca.






Vídeo do Comício do Pacaembu
(S.Paulo) em 1945 onde Neruda leu o poema acima
.

(poema e vídeo copiados do blogue
«A Viagem dos Argonautas»de Carlos Loures)

A minha manchete

Merkel arrasa mas maioria
parlamentar anterior vai à vida

A ZDF logo às 22 hs. de ontem
e a repartição final dos deputados confirmou:


e nas interiores podia ser assim: 

 

22 setembro 2013

Ainda só com base em sondagens

Muito bem, celebrem a vitória
"histórica" de Merkel mas, por favor, não esqueçam os votos (*) reais dos cidadãos


Fonte: ZDF
O que não depende de sondagens é uma referência crítica a um sistema eleitoral que. com a cláusuça-barreira dos 5%, manda para o lixo cerca de 10% dos votos dos eleitores.