21 março 2012

E hoje também o


Lendo poemas em Occupy Wall Street

LENA RETAMOSO URBANO
(n. 1971, Perú)

BRANCO É O SONHO DA NOITE 
Tradução de Antonio Miranda 

branco é sonho da noite que ruge quando fechas os olhos
oculto 
gesto de flor antes de nascer


a noite repousa no colmilho de uma luz prodigiosa
aspira o coração de sua viagem interminável 
sonha o alento que o ar desconhece
branca a pele que o horizonte abandonando-se em seus contornos
branco o grito de Narciso diante do espelho branco
o dia em que teu corpo 
fez de minhas espinhas dorsais um ramo de flores
branco o desejo que no amar-te lacera sua vontade
branca sua impaciência de onda após onda 
branca a distância entre a terra 
branca a sede que em seus lábios 
o mar infatigavelmente desposa
branca a lembrança ondulante de um peixe dormido 
apaixonado pela areia que espreita sua morte
branco o silêncio que o homem confunde com sua voz
branca a tarde em que caminho para esquecer que te encontro 
e que no ar os beijos são sepulcros alegres
branca a noite em que recordo 
tuas mãos virem como sedas vertiginosas 


o lago avança até a luz 
seu corpo escurece
minha voz é crepúsculo na irmandade de suas águas
árvores desnudas estampam 
a fuga de teu corpo

Hoje é o

Dia Internacional pela
Eliminação da Discriminação Racial

poster de 2009 de um sindicato canadiano

20 março 2012

Portugal "laranja" no seu melhor


Na sua maioria são velhos e ainda por cima alentejanos, portanto, que se lixem, vamos lá a discutir a arbitragem do Bruno Paixão no Gil Vicente-Sporting.

Por uma vez, de acordo

Pois estamos !




19 março 2012

Piam agora que é tarde !

Extraordinário !


Durante o dia de ontem, os noticiáros da TSF fartaram-se de dar esta notícia que fala por si e quase dispensaria comentários. Entretanto, podem ficar no ar apenas três perguntas: estes senhores nunca no devido tempo foram avisados por imensas e autorizadas vozes daquilo sobre que agora vêm chorar lágrimas de crocodilo ? Estes senhores têm ao menos por dez segundos ao deitar a percepção de quanto sofrimento, miséria e desespero social estes seus erros causaram ? Como esperam estes senhores que, daqui para a frente, ouçamos e julguemos as suas, em cada momento infalíveis, sentenças ?

um sítio a conhecer e visitar


18 março 2012

Para o seu domingo

Andrew Bird no SXSW 2012



Hoje, em Paris

Grande cortejo da campanha
de Jean-Luc Melenchon/Front de Gauche


Aqui, em L'Humanité: «18 mars, reprenons la Bastille, J-5. François Delapierre, directeur de campagne de Jean Luc Mélenchon, explique comment se présentera le cortège de la marche du 18 mars. Il sera à la fois festif et composé de travailleurs, notamment d’entreprises en lutte.
« On veut que cette journée soit un rassemblement joyeux, le symbole d’une nouvelle impulsion. Pas simplement un meeting, mais une marche dans laquelle chacun fera partie de l’évènement. On veut donner la voix aux invisible, faire surgir dans le cortège le peuple français, à majorité composé d’employés et d’ouvriers. C’est pourquoi on voudrait que chacun vienne en tenue de travail, avec sa pancarte et ses revendications, son mot d’ordre ou son slogan propre. Que toutes les pancartes du cortège forment comme un grand cahier de doléances.(...)»


Actualização (15 hs.): já de seguida o vídeo do comício:

17 março 2012

Porque hoje é sábado ( )


Damien Jurado



A sugestão musical de hoje destaca
 o cantor indie norte-americano
Damien Jurado, cujo último álbum
 se intitula Maraqoba.




Vá lá, por favor

Nada de invejas,
espanto ou indignação



Afinal, parece que são eles que alumiam as nossas vidas !

16 março 2012

Novas sobre o ex- D. Sebastião do PSD

Uma pergunta que arrasa tudo


Lido no Público online:«O Governo respondeu hoje às críticas da oposição sobre o regresso de António Borges ao conselho de administração da Jerónimo Martins, considerando não existir qualquer conflito de interesses no facto de o economista acumular este cargo com a supervisão das privatizações junto da Parpública.» (...) «O deputado comunista Honório Novo sugeriu mesmo a saída de Borges da comissão de acompanhamento. “Lançamos um desafio para que, das duas uma, ou o senhor António Borges tem decoro e se demite da comissão de privatizações ou o Governo tem que o demitir do cargo para o qual o nomeou”, afirmou, citado pela Lusa».


DÍVIDA

Perguntas e respostas
 

Numa oportuna edição, para leitura e divulgação,  já esta disponível aqui em PDF este folheto de 4 páginas editado pela Auditoria Cidadã à Dívida.

O tema do momento sobre o

Afeganistão





Entrevista no "Ipsilon"

Maria Teresa Horta



Hoje no Ipsilon do Público (sem link), uma interessante entrevista com Maria Teresa Horta.



Escrevendo à antiga mas sem posição

Uma vítima do Acordo Ortográfico


Loja na Rua da Misericórdia, em Lisboa
(este «post» deve ser considerado sem efeito.
A leitora Helena Dias, na caixa de comentários, garante
que o Acordo 
permite que continuemos a grafar «facto».)

15 março 2012

Final de dia com

o jazz de Tom Wetmore


Red Lights

A vida de Carlos Costa em peça de teatro

Quinze anos [na prisão]a assobiar por um mundo melhor

Com o título acima em itálico, um texto de Inês Nadais (sem link) chama hoje no Público justamente a atenção paara a estreia hoje em Guimarães da peça de teatro Diz-lhes Que Não Falarei Nem Que Me Matem, baseada na vida do meu estimado camarada Carlos Costa, e com encenação de Marta de Freitas e produção da Companhia Mundo Razoável. A peça estará em exibição em Guimarães até sábado e, depois, de 12 a 22 de Abril, no Teatro Carlos Alberto, no Porto.

Estados Unidos da América

Uma áspera batalha contra os
ataques à segurança social



Ler mais aqui.

14 março 2012

Haja decoro e bom senso

Quando Fernanda 
Câncio entra em órbita



Com um atraso de dois meses e meio, só agora reparo que escrevendo aqui sobre «a legião de órfãos» que as eleições de 5 de Junho terá criado, Fernanda Câncio regouga a certo passo (sublinhado meu):«seguem-se pcp e be, forçados agora a defrontar-se com a direita que ajudaram a pôr no poder e a, no processo, terem de defender (horror) aquilo que antes vilipendiavam -- a obra dos governos ps -- numa das cambalhotas mais tristemente cómicas da história portuguesa recente

Sobre isto, que me dá mais dó que outra coisa, apenas três cordatas, elegantes e respeitosas observações:

1. Insista Fernanda Câncio quanto quiser no tópico mas essa do PCP e BE que ajudaram a pôr a direita no poder só para quem estivesse estado na Lua nos idos de Março de 2011 porque quem andava por cá sabe muito bem que o PCP e o BE, que tinham votado contra os três anteriores, não podiam votar o PEC IV e que essa missão competia quando muito ao PSD com quem o PS tinha andado "alcovado" durante três PEC's e vários Orçamentos.

2. Em ligação com o ponto anterior, recordo que só em 30.12.2011 (e nunca antes, está quieta) é que Fernanda Câncio escreveu isto (sublinhado meu):«A segunda lição do ano é para o PS. Como todos os partidos de centro-esquerda no poder quando a crise do euro levou a UE a mudar radicalmente a orientação das políticas, do hiper-investimento que foi a sua reacção ao crash financeiro mundial para a austeridade e a obsessão com os défices e as dívidas, cometeu o erro de não exprimir o seu desacordo e de não procurar dentro da União parceiros nessa oposição. Assumir as medidas de austeridade como suas e até como boas foi uma ingenuidade voluntarista que pagou, à bruta, nas urnas.». Não sei se era a isto que F. Câncio queria que PCP e BE ficassem associados e amarrados.
3. É certo que hoje em dia já não sou uma pessoa tão bem informada como fui em tempos passados mas ainda assim, acho que se o PCP andasse a defender «a obra dos governos PS» eu teria indiscutivelmente dado por isso.

Recital só sobre poemas de Blas Otero

Paco Ibañez, sempre


Na próxima quinta-feira, em Bilbau, realiza-se um recital de Paco Ibañez inteiramente baseado em poemas de Blas Otero (1916-1979), celebrando o dia do nascimento deste grande poeta espanhol.





Me Llamarán
de Blas Otero
Me llamarán, nos llamarán a todos.
Tú, y tú, y yo, nos turnaremos,
en tornos de cristal, ante la muerte.
Y te expondrán, nos expondremos todos
a ser trizados ¡zas! por una bala.


Pero tú, Sancho Pueblo,
pronuncias anchas sílabas,
permanentes palabras que no lleva el viento...


Escrito está. Tu nombre está ya listo,
temblando en un papel. Aquel que dice:
abel, abel, abel ... o yo, tú, él ...


Bien lo sabéis. Vendrán
por ti, por ti, por mí, por todos
Y también
por ti.
(Aquí
no se salva ni dios. Lo asesinaron.)