30 dezembro 2024

15.000 euros!

Vai ganhar mais que 
o primeiro-ministro e o PR

Graças à generosidade  de Montenegro, como recém-nomeado secretário-geral  da  Presidência do Conselho de Ministros (e antigo executor dos cortes no tempos de Passos Coelho) vai continuar a ganhar os 15.000 euros que ganhava no Banco de Portugal. Bela prenda de Natal !

Actualização às 20 hs: entretanto Helder Rosalino anunciou a sua indisponibilidade para assumir o novo cargo.

29 dezembro 2024

Não há palavras para tanto horror

 O terrível sofrimento
 dos palestinianos

Alexandra Licas Coelho, sempre ela!,
no «Público» de 28/12

(...) « Os palestinianos têm sido a grande fonte directa do maior horror do nosso tempo de vida: aquele que está em curso desde 7 de Outubro. Quem acompanha os incontáveis testemunhos que eles nos têm dado do seu próprio holocausto, sobretudo pelo Instagram, vai reconhecer centenas de momentos no relatório de Mordechai. Idem para quem segue as agências e tribunais da ONU, a Human Rights Watch, a Amnistia Internacional e muitas outras organizações, incluindo israelitas. Uma sucessão de horrores e recordes. Resumo aqui: recorde de bombas e de crianças mortas à bomba, à fome, de diarreia, hipotermia ou outros problemas que não seriam mortais, se fossem assistidas. Recorde de crianças mortas com tiros na cabeça, no peito. Recordes de médicos e trabalhadores humanitários mortos. Recorde de licença para matar civis por cada alvo de alto ranking: 300 para 1. Recorde de civis mortos com as mãos no ar ou bandeiras brancas. Recorde de detidos arbitrariamente, homens, mulheres e crianças, com tortura, violação e mortes nas cadeias (muitíssimo acima de Guantánamo). Recorde de sacos de plástico para corpos, e saquinhos de plástico para pedaços de carne e ossos. Famílias com muitos saquinhos de plástico, que eram filhos, filhas, mães, pais. Quase 100 por cento da população deslocada: 2,3 milhões de pessoas. Destruição ou razia da grande maioria das casas, escolas, hospitais, mesquitas, edifícios em geral. Fome e epidemias em massa. Pessoas a comer erva e ração de animais, e cães a comer os cadáveres das pessoas. Lixo e esgoto por toda a parte. Ausência de electricidade e água potável. Cesarianas sem anestesia, além das amputações e outras cirurgias. Sofrimento contínuo e atroz de centenas de milhares de mutilados, queimados, doentes. Mais de 45 mil mortos oficiais, milhares de desaparecidos, centenas de valas comuns, projecções de centenas de milhares de mortos. Sem falar na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, onde o Hamas não está no poder, e milhões de outros palestinianos são reféns de um governo de colonos, que nunca capturou semelhante quantidade de terra, árvores e animais, ou matou e prendeu tanta gente.»


JAZZ PARA O SEU DOMINGO

Gunhild Carling



28 dezembro 2024

Milhares de milhões

 Vejam quem ganha
com o 
belicismo

 


Miguel Sousa Tavares no «Expresso» de 27/12

(...) «A tese entre os europeus é a de que a Rússia, uma vez ganha a guerra da Ucrânia, não se deteria nas suas fronteiras — uma tese cujo fundamento não se baseia em nada nem esclarece até onde iria a Rússia, se teria capacidade para tal e um verdadeiro desejo de se lançar numa guerra contra a NATO. Mas uma vez que Putin se viu obrigado a aumentar as despesas com a defesa por força do pântano que encontrou na Ucrânia (ele, que a seguir se lançaria Europa adentro…) tal é suficiente para os arautos da guerra apregoarem a inadiável corrida às armas. Ora, não obstante toda a propaganda, as despesas militares da Rússia representam apenas um sétimo das dos Estados Unidos (126 mil milhões de dólares contra 916 mil milhões). Para quem achar, então, que isto, toda esta histeria bélica, pode ser apenas um exagero inocente, fruto de erros de cálculo ou pânico desencadeado pela invasão russa da Ucrânia, há alguns dados que podem servir de meditação. Como os 100% de crescimento bolsista e os 600 mil milhões de euros de lucros da indústria de armamento europeu no ano passado, com a alemã Rheinmetall, fabricante dos tanques Leopard-2 fornecidos à Ucrânia, à cabeça, com um aumento de 158% nos lucros, bem assim como a capitalização bolsista de 120 mil milhões (mais 26% desde o início da Guerra da Ucrânia) da americana Lockheed Martin, fabricante dos mísseis antitanque Javelin ou dos sistemas de artilharia Himars, igualmente testados na Ucrânia. E todas as demais empresas de armamento dos dois lados do Atlântico. (...) »

Porque hoje é sábado ( )

Sabrina Carpenter



27 dezembro 2024

A propósito das percepções

A escolha das palavras

António Guerreiro no «Público»

«Livro de Recitações

Percepção de insegurança”
Expressão que passou a circular com grande frequência no espaço público, com origem no Governo.
Era preciso não deixar o “fenómeno” por conta de uma construção imaginária e dar-lhe um forte teor de realidade. Esta operação linguística, que teve certamente uma razão intuitiva, mostra o quanto a política é sempre uma questão de linguagem.
Quem introduziu, a propósito da questão da insegurança, o termo “percepçãotinha à sua disposição pelo menos outras duas palavras que nomeiam com maior rigor o que se passa: as palavras “sensação” e “impressão”. Se o autor desta fábula escolheu a palavra “percepção” foi porque as outras duas acentuavam demasiado a dimensão subjectiva. A percepção é mais objectiva e racional que a sensação, e ainda muito mais que a impressão.
Sabemos isso desde Aristóteles, desde que ele definiu o homem como um “animal político”, isto é, dotada da razão própria das palavras.»

26 dezembro 2024

Desenfreado belicismo

Eles estão loucos mas
quem pagaria seriamos nós




Helena Pereira no «Público»

(...) «
O Presidente eleito (Trump) pediu que todos os Estados aumentem a contribuição para 3%, sendo que na última sexta-feira o Financial Times noticiava que iria exigir afinal 5%. Mark Rutte, ainda antes Mda participação de Trump em reuniões da NATO como Presidente dos EUA, já declarou imprescindível o aumento de despesas para 3% e começou a fazer uma autêntica campanha na opinião pública para isso, instando os cidadãos europeus a “aceitarem fazer sacrifícios”, como cortes nas suas pensões ou na saúde.(...)»

Miguel Sousa Tavares no «Expresso»

«Mas, entretanto, o gelo do Ártico continua a derreter e o planeta continua a aquecer. Os ucranianos continuam a morrer no campo de batalha e o seu país a ser destruído, mas não há pressa alguma em alcançar a paz porque são eles que morrem e depois a reconstrução da Ucrânia será um excelente negócio para algumas empresas ocidentais, financiado com o dinheiro russo depositado nos bancos ocidentais e entretanto confiscado por decisão informal de um tribunal ad hoc da NATO e União Europeia — como antes aconteceu com a Sérvia, destruída pelos bombardeamentos da NATO, reconstruí­da por empresas americanas. Mas, atenção, porque agora, de crescendo em crescendo, já não basta enviar armas para a Ucrânia “por quanto tempo quanto necessário”: agora somos nós também que temos de entrar “em mentalidade de guerra”. Cortar na saúde, nas pensões, nos direitos sociais, começar a desmantelar o nosso querido modelo social europeu, porque — só não vê quem não quer ver — tudo isto é igual à situação em 1939. Sem tirar nem pôr, com a única diferença de que agora os judeus estão por cima e só praticam o bem e os nazis são os russos. E, com o medo induzido convictamente pelos grandes líderes que temos e alimentado por uma imprensa dócil e alinhada como nunca antes, preparamo-nos para nos curvar perante o génio do mal da Casa Branca. O homem que olha para os estudos sobre o clima, para as imagens do gelo a derreter no Ártico e na Gronelândia e resume tudo a três palavras: “drill, baby drill!”. Nós, tugas, vamos desde já investir em mais dois submarinos para combater os russos (se os marinheiros quiserem embarcar, não se tratando de exercícios), e, apesar da falta de pilotos, vamos investir 5000 milhões em F-35, o último grito dos céus. Mas isso não é nada comparado com o que nos vão exigir: 3%, 3,5%, 5% de toda a riqueza que produzimos neste país a trabalhar, a investir, a pensar no futuro. Mas qual futuro? É a guerra, estúpido! O futuro é investir em acções das empresas de armamento.».



Um paÍS cor-de-rosa

Agora é só comparar
com a mensagem de Natal
de Montenegro