Já aqui abordei este assunto várias vezes e, desde logo, quando esta intenção apareceu pela primeira vez. Mas é legítimo voltar a ele agora que o governo se apronta para concretizar mais este infamante retrocesso na legislação laboral e direitos dos trabalhadores que nenhumas fórmulas ou variações concretas poderão atenuar.
Entretanto, segundo a TSF, parece que o "PS acusa Governo de estar a criar «novo conflito social»", certamente esquecido de que esta medida estava na memorando que assinou e que a UGT, em sede concertação social, deu o seu acordo a esta alteração do fim de um mês de indemnização por cada ano de trabalho, a pretexto de uma viciosa «harmonização».
E volto a repetir que esta é uma das muitas medidas que não justificaveis pela crise, que não têm qualquer influência sobre o défice e a dívida e nem sequer sobre a competitivade da economia portuguesa, apenas visando favorecer o patronato em detrimento clamoroso dos direitos dos trabalhadores e das suas condições para, por um tempo, enfrentar as sequelas do seu despedimento.
Calculo que haja democratas e pessoas de esquerda que, por medo de interpretações esquemáticas e ilegítimas, não sejam capazes de me acompanhar no lembrete que vem a seguir mas eu não tenho medo de insistir numa informação que não envolve nenhuma espécie de reabilitação do fascismo: é que juro que, no dia 24 de Abril de 1974, as indemnizações por despedimento já eram pelo menos de 15 dias por cada ano de antiguidade.
Isto não diz nada, repito, sobre qualquer bondade do fascismo mas diz muito sobre a dementada agressão aos trabalhadores a que desonrosamente se vinculam todos os que, de uma ou outra forma e descontadas coreografias verbais, apoiam esta punhalada de alto lá com ela.