Brad Goode
Uma obsessão
de Pacheco Pereira
Explicitamente a propósito do seu trabalho de organização de «uma grande exposição» sobre Sá Carneiro, Pacheco Pereira vem hoje no «Público» fustigar «o desprezo e o incómodo dos partidos políticos portugueses pela sua história » explicitando que isto é «válido para o PSD, PS e PCP.»
No que toca ao PCP, trata-se de uma velha campanha de Pacheco Pereira que resiste a todas as informações e esclarecimentos que, por mais de uma vez, o PCP já prestou.
Com efeito, Pacheco Pereira finge ignorar que o PCP, ao contrário do PSD e do PS, tem uma estrutura própria (o CES) que cuida do seu património arquivistico e corresponde a numerosos pedidos que lhe são feitos por historiadores, jornalistas, estudantes e universidades, que o PCP tem online toda a coleção dos Avantes! clandestinos e já editou numerosos livros sobre aspectos da história do PCP.
Adenda:
Do artigo de Pacheco Pereira no «Público» resulta claro que a citada exposição visa salientar um visão mais «avançada» daquele líder partidário.
A este respeito só espero que Pacheco Pereira nela inclua uma referência ao papel de Sá Carneiro no chamado «golpe Palma Carlos» e outra referente a um projecto de lei dos partidos levado por S.C. ao 1º governo provisório onde se estipulava a obrigação dos partidos entregarem às autoridades o ficheiro dos seus militantes.
E que, já agora, também inclua esta 1ª página do «Povo Livre».
Era uma vez
um menino de Gaza
«O prémio de Fotografia do Ano do concurso World Press Photo foi atribuído à imagem de um menino palestiniano de nove anos que perdeu ambos os braços durante um ataque israelita na Faixa de Gaza, anunciou esta quinta-feira a organização.
A imagem vencedora, um retrato de Mahmoud Ajjour, foi captada pela fotógrafa 'freelance' Samar Abu Elouf, para o jornal norte-americano The New York Times. Samar vive atualmente no mesmo complexo de apartamentos de Doha, no Qatar, onde se encontra o menino, em tratamento.
Natural da Faixa de Gaza, de onde foi evacuada em dezembro de 2023, a fotógrafa estabeleceu laços com as famílias locais e documentou alguns dos poucos feridos graves que conseguiram sair do território para receber tratamento, relata a organização do prémio.»(DN)
Funções públicas,
enriquecimento privado
Não é que o Governo reconheça o erro que cometeu. O Governo só está arrependido porque os portugueses descobriram que se tratou de uma trapaça política, estão zangados e a zanga cai mesmo em cima das eleições legislativas.
Enredado no jogo de sombras das suas posições políticas e das contradições que elas arrastam, o Governo PSD/CDS esperava conseguir a quadratura do círculo. Por um lado, queria poder dizer que estava a combater o aumento do custo de vida mas não queria atacar a subida dos preços para não melindrar os grupos económicos que têm multiplicado lucros por essa via. Por outro lado, queria poder dizer ao povo que estava a aumentar salários e rendimentos sem mexer uma palha para que eles aumentassem efectivamente. Por outro lado ainda, o Governo queria dar a ideia de que a descida de impostos era para todos, apesar de descerem de forma significativa apenas para uma minoria. A fechar os lados ao quadrado, era preciso que toda essa encenação fosse feita a tempo da discussão do Orçamento do Estado para 2025, de forma a sustentar o discurso de que o Governo até estava a preocupar-se com o povo e a melhorar as suas condições de vida para, assim, tornar mais difícil o chumbo do orçamento.
Foi assim que surgiu, em Agosto do ano passado, a decisão de reduzir as taxas de retenção na fonte do IRS, incluindo os seus efeitos retroactivos.
Retendo menos imposto todos os meses, o salário ou a pensão disponível aumentava. Aumentando o salário ou a pensão disponível, o custo de vida parecia um bocadinho mais suportável. E até parecia que a redução dos impostos tocava mesmo a todos.
Durante alguns meses a manobra do Governo surtiu o efeito pretendido pela propaganda governamental mas já se sabia que, quando chegasse o momento da liquidação anual do IRS, ficaria à vista a trapaça política com o IRS.
E ficou!
Quem habitualmente recebia devoluções significativas de IRS vê agora o seu montante reduzir-se. Quem recebia devoluções mais curtas vê-as agora desaparecer ou tem mesmo de pagar.
O povo está zangado, pois claro que está. E, para mal do Governo, está zangado a pouco tempo de eleições legislativas.
Tivesse o Governo aliviado os impostos sobre o trabalho e aumentado os que recaem sobre os grandes lucros e as fortunas, tivesse tomado medidas para aumentar os salários e as pensões, tivesse contido os preços para que o custo de vida não aumentasse e não estaria agora a esbracejar como os náufragos, repetindo em desespero justificações esfarrapadas que ninguém toma como sérias e de que ninguém quer saber.
Essas medidas continuam, hoje como há um ano, a ser urgentes e necessárias. Não para salvar o Governo PSD/CDS do naufrágio mas para dar ao povo as bóias de salvação de que precisa para que não se afundem as suas condições de vida.
Eurodeputado