23 fevereiro 2024

Esclarecimentos essenciais

Uma importante entrevista
a Bernardino Soares, cabeça
 de lista da CDU por Santarém


«O que vemos no governo português e noutros governos europeus é nenhuma preocupação em obrigar as partes a sentarem-se à mesa para conseguir negociar uma paz, que seja aceite por ambas as partes. O que se preocupam é em prolongar a guerra~. Passando para o plano internacional, as posições do PCP relativamente a conflitos como o da Ucrânia fragilizaram a sua imagem, mas recentemente Paulo Raimundo afirmou num dos debates que, afinal, as posições do atual governo russo eram muito diferentes das do PCP. Qual é, então, a posição do partido em relação ao conflito na Ucrânia?

O que prejudicou a posição do PCP foi a deturpação que foi feita em toda a comunicação social da posição que efetivamente tivemos, que foi de rejeição da invasão da Ucrânia pela Rússia, regime com o qual, aliás, não temos nenhuma proximidade ou identificação. Se calhar até alguns partidos de extrema-direita na Europa têm uma proximidade grande com o regime de [Vladimir] Putin. O que dissemos na altura foi que esta guerra não foi o primeiro episódio neste conflito. Esta guerra já existe desde 2014 e a invasão foi apenas mais um degrau na escalada deste conflito. Para resolver este conflito, era necessário que todos se empenhassem - incluindo os Estados Unidos da América e a NATO, que tem um papel preponderante nesta guerra, tal como a Rússia - para conquistar a paz.

O que vemos no governo português e noutros governos europeus é nenhuma preocupação em obrigar as partes a sentarem-se à mesa para conseguir negociar uma paz, que seja aceite por ambas as partes. O que se preocupam é em prolongar a guerra. Acho que a política que devemos defender num Estado português não pode ser prolongar a guerra. Portanto, essa deturpação que foi feita em relação à posição do PCP foi uma instrumentalização da justa preocupação das pessoas com a guerra, uma guerra ainda por cima aqui tão perto, que visou prejudicar o prestígio do PCP junto das populações. E está a ser agora utilizada outra vez.

Curiosamente, ninguém se indigna com o facto de a maioria dos partidos portugueses não condenar com toda a veemência o que está Israel a fazer na Faixa de Gaza e o genocídio que ali está a acontecer. Isso demonstra bem como todo esse debate foi feito não com a preocupação com o martirizar do povo da Ucrânia, mas com a preocupação de atingir o PCP e o seu prestígio junto das populações. Mas o esclarecimento tem avançado e hoje está mais claro que as questões não são assim tão simples como na altura nos quiseram a todos fazer crer e que de facto para nós chegarmos a uma solução de paz, é preciso trabalhar para a paz e não trabalhar para a guerra  »

22 fevereiro 2024

Mais uma do Ventura

 Mania da perseguição~

Chega queixou-se de
 ser alvo de tiros —afinal
era uma moto
da própria comitiva

André Ventura  : «A caravana do Chega é recebida por tiros em Famalicão. Tiros! Vamos permitir que os mesmos de sempre actuem com total impunidade ?»

Comunicado da PSP: «Relativamente a este assunto, o Comando Distrital da PSP de Braga informa que, no momento da passagem da caravana, encontrava-se uma equipa policial em patrulhamento no recinto da feira que, ao aperceber-se dos sons, saiu do recinto e pôde constar que se tratava de rateres produzidos por um motociclo que seguia na caravana”, lê-se num comunicado da PSP emitido na noite desta quarta-feira.» (Público)

21 fevereiro 2024

Tal e qual como os fascistas dos anos 30 do século passado

 Chega quer
«limpar» universidades

Manuel Loff no «Público?

“Liberdade intelectual”

«Mas não há aqui nada de novo. O que o Chega está a fazer é copiar a campanha bolsonarista lançada há 20 anos no Brasil através do Movimento Escola Sem Partido (MESP). Também naquele caso se denunciava a “doutrinação política e ideológica” na escola para procurar intimidar os professores, com teses como a do Professor não é educador, um dos títulos da "Biblioteca Politicamente Incorreta" que o MESP promoveu, retórica habitual de todos os ultraconservadores, islamistas e cristãos integristas incluídos, horrorizados com a gradual eliminação na lei de barreiras discriminatórias de classe, de género, étnicas, religiosas, fundadas em preconceitos que a ciência demonstrou há muito não terem qualquer validade racional. Este é um dos mais velhos debates entre democratas e antidemocratas: o do papel da educação e da escola pública na formação dos jovens, no exercício dos seus direitos de cidadania, na democratização da sociedade. O mais perigoso do contexto atual é que frequentemente o Chega não está sozinho nestas suas obsessões. Quando, em 2019, Miguel Morgado, um dos dirigentes do PSD que têm feito sistematicamente a ponte com a ultradireita, denunciou ao Tribunal Constitucional legislação que, segundo ele, estava eivada de “ideologia de género” (exatamente a expressão usada pela ultradireita), ele foi acompanhado pela grande maioria das bancadas do PSD e do CDS (e até por um veterano do PS, Miranda Calha). O Chega nem deputados tinha então.»

20 fevereiro 2024

Ora bem

Relatar um crime nunca é um crime -
 Stella Assange
 

Desemprego e pobreza

 Portugal 2024

Metade dos desempregados 
portugueses estão em risco de pobreza

Dados do Instituto Nacional de Estatística demonstram que 10% da população empregada está em risco de pobreza. Taxa agravou-se para os desempregados, atingindo quase metade desta população. (Público)

19 fevereiro 2024

Um caso de memória curta

 Ai estes liberais!

O intervencionismo estatal
na banca é muito má ideia

17 fevereiro 2024

Uma insolente discriminação contra imigrantes

 O estupor do
 Ventura nem disfarça

«O Chega quer obrigar os imigrantes em Portugal a cinco anos de contribuições antes de terem acesso a apoios sociais, cidadãos que em 2022 foram responsáveis por um lucro de mais de 1.600 milhões de euros na Segurança Social. Esta medida consta do "plano estratégico para as migrações em Portugal" apresentado este sábado pelo presidente do Chega, André Ventura, na sede do partido, em Lisboa.» (DN)

Como se vê, xenofobia da mais descarada e empedernida.

É o que dá não confiar nos bancos

 Se isto é de facto assim,
 então aqui há gato

Envelopes com 679.500
 euros na Madeira não
levam juiz a suspeitar
 de crimes

(Público)


15 fevereiro 2024

SOBRE UM ARTIGO DE MANUEL CARVALHO

Deixemos as deturpações
 e caricaturas  e premiemos
  «
a razão, coerência,
 sensatez e recato.»

Num artigo no «Público, já de si malevolamente intitulado «Um partido duas vezes fora de tempo», Manuel Carvalho. como seria de esperar, perpetra uma série de incompreensões, deturpações e caricaturas sobre  orientações e posições do PCP (alegada «simpatia velada» pela Rússia na guerra da Ucrânia e pela «tirania» da Venezuela - a este respeito ler esclarecimentos na notafinais .

Mas o que merece registo especial é que Manuel Carvalho acaba por dedicar largos parágrafos, a que vale a pena prestar atenção, a elogiar atitudes e posturas positivas do PCP  por comparação com atitudes dominantes no panorama político nacional.«

De facto, M.C, escreve também que «O PCP tanto está ameaçado por acreditar num mundo onde o proletariado e a luta de classes ainda existem, como pelo mérito de definir o seu lugar na política pela razão, coerência, sensatez e recato.»

Num tempo de casos, casinhos, suspeitas e instintos primários de justiça imediata e na praça pública, o PCP e o seu líder foram uma excepção. Quando todos os partidos da oposição clamavam por demissões, comissões de inquérito ou o derrube do Governo, Paulo Raimundo ou os deputados comunistas apareciam a reclamar calma ou tempo. Se havia urgência alguma entre o alarido de tempero populista que o Chega conseguiu instituir como regra, para o PCP essa urgência estava na defesa dos salários, do Serviço Nacional de Saúde ou no ataque aos lucros da banca. Se, no geral, cada caso levava a política a desfocar-se das suas funções públicas, o PCP mantinha a cabeça fria e não deixava que a sua linha de rumo naufragasse no coro histriónico da punição ou da vergonha.»

E prossegue Manuel Carvalho:«Em Julho do ano passado, Paulo Raimundo recusava transformar o país num “lamaçal” e alertava: “Andamos a falar em processos atrás de processos e a saúde está como está, os salários estão como estão, há um problema brutal de habitação e, sobre isso, nada.” Por essa altura, mesmo quando o Governo se afundava na desorientação, Paulo Raimundo mantinha a prudência e a coragem de recusar seguir a manada. “Apesar das notícias que vamos ouvindo, apesar dos casos e muitos que conhecemos, apesar disso tudo, o país não é isso. Aqui há gente séria, aqui há gente honesta, aqui há gente capaz de construir o caminho que interessa aos trabalhadores e ao povo”, dizia. Quando o primeiro-ministro se demitiu, o PCP ficou sozinho ao lembrar que não era “obrigatório” associar à demissão de Costa “a dissolução da Assembleia da República”. Porque, dizia, “o país precisava não de eleições, mas sim de soluções”.

E terminava a parte positiva assim :«Na comunicação social tradicional, vão tendo o tempo e o espaço de um pequeno partido. Mas as suas mensagens não dispõem daquele dramatismo, demagogia ou populismo que alastram como vírus no mundo pantanoso das redes sociais.»

Tudo visto e lido regressemos pois ao título deste post :Deixemos as deturpações e caricaturas  e premiemos «a razão, coerênciasensatez e recato.»

NOTAS FINAIS

1. Sobre a guerra na Ucrânia :

Paulo Raimundo no «Público» de 16.11.22;“É   que não começou o problema em 24 de Fevereiro. Ele teve um escalar condenável nesse dia, mas não começou aí”, disse, afirmando que o PCP condenou “desde o princípio a intervenção militar russa, até por questões do direito internacional”. «Nós não menosprezamos, nem relativizamos, a intervenção militar russa”, completou.»

2. Sobre a «simpatia» do PCP pela «tirania na Venezuela»



Nestas duas fotos vemos Juan Guaidó, então autoproclamado «líder da oposição » e autoproclamado Presidente de facto a falar na Venezuela perante dezenas de jornalistas das televisões, rádios e jornais, como se calcula coisa muito própria de uma «tirania».

Uma inadmissível interferência

Declaração para a acta

Apesar de outros o já terem feito de forma insuperável, à beira do fim dos debates televisivos, não ficaria de bem com a minha consciência  se não produzisse uma declaração para a acta que visa sobretudo sublinhar que considero que acrescentar a debates de 30 minutos (portanto 15 minutos para cada interveniente) horas de notas, de comentários e «pulsómetros» constitui uma inaceitável interferência no processo de formação da vontade eleitoral dos telespectadores. Dir-se-ia que por detrás destes métodos e destas escolhas editoriais está o medo de que os cidadãos decidam exclusivamente pela sua própria cabeça e livres de tutelas externas.