Arrivederci Monica
Alguém viu a «onda laranja»
e o «empate técnico» com
que os media nos massacraram ?
Não, ninguém viu porque o PSD teve o mesmo resultado que em 2019 (27,80 %).Mas esta campanha de susto teve os seus efeitos devastadores sobre a votação do BE e da CDU. Tirando o facto de a direita não ter a maioria, tudo nos resultados é triste e motivo de preocupação.
Caderno de encargos
Os silêncios de Rui Rio
Rui Rio já leva 10 dias de campanha eleitoral e é muito revelador que, encenadas arruadas à parte, nada diga sobre as propostas do PSD mais marcantes e diferenciadoras.
Nada sobre o SNS deixar de ser tendencialmente gratuito e serem privatizadas as Unidades de Saúde Familiares.
Nada sobre medidas fiscais que vão a correr diminuir o IRC das empresas e deixa as baixas do IRS para as calendas gregas.
Nada sobre a privatização de parte importante da segurança social.
Nada sobre o seu intuito de na prática congelar o valor do salário mínimo nacional e das pensões de reformas.
Nada sobre tantos outros retrocessos com que o PSD, fiel ao seu legado dos tempos do «ir além da troika», promete infernizar a vida das camadas populares.
Precisamos de mudanças sim mas de mudanças para melhor como o voto na CDU garante.
Vozes ao alto !
Duas dezenas de pessoas da área da cultura e da universidade, incluindo vários ex-militantes do Partido Comunista Português, assinam um artigo, que aqui reproduzimos, no qual explicam os motivos pelos quais é importante defender a força do partido. (Expresso)
Nas últimas décadas, foi sendo recomendado aos comunistas portugueses que optassem por um de dois caminhos: fazerem do PS um inimigo de classe idêntico aos partidos da direita ou, em nome do combate a esta mesma direita, moderarem o programa comunista a ponto de este se confundir com o dos socialistas. Ora, o PCP tem sabido rejeitar os termos deste mesmo dilema, recusando quer uma via retórica de mera hostilização ideológica do PS, quer a rendição à lógica do “fim da história” em que medram os consensos típicos do bloco central.
Os comunistas portugueses têm rejeitado, uma e outra vez, as soluções de política económica tidas como “evidentes” e “inevitáveis”, que se imporiam porque “estamos no século XXI” ou porque as “regras europeias são o que são” – soluções e regras que têm gerado estagnação económica, desigualdade social e insustentabilidade ambiental.
Mas esta rejeição não impediu que os comunistas portugueses dessem o apoio decisivo a Mário Soares, na sua primeira eleição presidencial, ou a Jorge Sampaio, no governo de Lisboa. E a persistência da oposição comunista ao capitalismo tão pouco impediu que Jerónimo de Sousa, já em 2015, tivesse vindo abrir caminho à “geringonça”, resgatando António Costa da derrota eleitoral que sofreu diante de Passos Coelho.
Durante os últimos seis anos, o PCP deu ao PS de António Costa condições para governar. Recebeu, certamente, muito menos do que aquilo que deu. E os trabalhadores também. Com “paciência revolucionária”, para glosar Jerónimo de Sousa, os deputados comunistas assentiram que um partido minoritário permanecesse, por um tempo recorde, à frente do governo do país. O voto comunista foi decisivo para a aprovação de sucessivos orçamentos de estado e um garante da estabilidade governativa em Portugal durante seis anos.
Esta situação poderia prolongar-se por mais anos, se se avançasse em áreas onde a herança da troika continua a pesar decisivamente, das relações laborais desequilibradas ao investimento público estiolado. O PS não quis avançar. E aqui chegados importa compreender que a estabilidade política não pode ser o primeiro desígnio com que um partido de esquerda se compromete. Porque o PCP está também comprometido com as aspirações de mudança manifestadas pela força dos mais fracos. Como bem disse Jerónimo de Sousa no recente debate que o opôs a António Costa, “um pobre tem uma reivindicação de fundo”, que um salário de 700€ não satisfaz, “e que é deixar de ser pobre”.
O reforço do PCP nas eleições do dia 30 de janeiro é importante porque a esquerda precisa de gente disponível para conversar de forma exigente e leal, com princípios e sem acrimónia. Os deputados comunistas são gente dessa, gente comprometida com a soberania democrática. E se António Costa tem, por ora, fechado a porta à solução governativa que em 2015 o fez Primeiro-Ministro, então mais necessário é apoiarmos quem abriu caminho a esse princípio de alternativa.
O reforço do PCP é importante também por outras razões. Sem a força dos comunistas, a dependência externa do país seria ainda maior. A força dos comunistas é também a de um povo que resista e responda a ditames externos em matéria económica ou de política internacional. É a força de uma esquerda popular que tem uma perspectiva internacional e assume uma posição anti-imperialista – uma força que, como afirmam os deputados comunistas ao Parlamento Europeu, não se esquece que a União Euopeia não é a Europa.
Finalmente, mas não menos importante, é certo que sem a força dos comunistas o destino dos trabalhadores nos pequenos e grandes conflitos laborais, que são travados quotidianamente nas empresas, seria mais sofrido e menos justo. Porque a força comunista é também a que apoia o sindicalismo, entre outros movimentos sociais. Por isso dizemos que um voto no PCP em dia de eleições é um voto para todos os dias do ano.
Alice Samara, Historiadora
André Carmo, Professor Universitário e Dirigente Sindical
Ana Estevens, Geógrafa
Ana Margarida de Carvalho, Escritora
Bárbara Carvalho, Musicóloga e Dirigente Associativa
Fernando Ramalho, Livreiro e Músico
Golgona Anghel, Professora Universitária
Isabel Almeida, Professora Universitária
Joana Simões Piedade, Jornalista e Mediadora Cultural
João Ramos de Almeida, Jornalista
João Rodrigues, Economista
Joaquim Paulo Nogueira, Programador Cultural
José Neves, Historiador e Delegado Sindical
Luís Gouveia Monteiro, Jornalista e Docente Universitário
Manuel Loff, Historiador
Maria João Brilhante, Professora Universitária
Miguel Chaves, Sociólogo
Miguel Ribeiro, Programador de Cinema
Nuno Teles, Economista
Pedro Cerejo, Tradutor
Pedro Vieira, Escritor e ilustrador
Tiago Mota Saraiva, Arquitet
Mas esta rejeição não impediu que os comunistas portugueses dessem o apoio decisivo a Mário Soares, na sua primeira eleição presidencial, ou a Jorge Sampaio, no governo de Lisboa. E a persistência da oposição comunista ao capitalismo tão pouco impediu que Jerónimo de Sousa, já em 2015, tivesse vindo abrir caminho à “geringonça”, resgatando António Costa da derrota eleitoral que sofreu diante de Passos Coelho.
Durante os últimos seis anos, o PCP deu ao PS de António Costa condições para governar. Recebeu, certamente, muito menos do que aquilo que deu. E os trabalhadores também. Com “paciência revolucionária”, para glosar Jerónimo de Sousa, os deputados comunistas assentiram que um partido minoritário permanecesse, por um tempo recorde, à frente do governo do país. O voto comunista foi decisivo para a aprovação de sucessivos orçamentos de estado e um garante da estabilidade governativa em Portugal durante seis anos.
Esta situação poderia prolongar-se por mais anos, se se avançasse em áreas onde a herança da troika continua a pesar decisivamente, das relações laborais desequilibradas ao investimento público estiolado. O PS não quis avançar. E aqui chegados importa compreender que a estabilidade política não pode ser o primeiro desígnio com que um partido de esquerda se compromete. Porque o PCP está também comprometido com as aspirações de mudança manifestadas pela força dos mais fracos. Como bem disse Jerónimo de Sousa no recente debate que o opôs a António Costa, “um pobre tem uma reivindicação de fundo”, que um salário de 700€ não satisfaz, “e que é deixar de ser pobre”.
O reforço do PCP nas eleições do dia 30 de janeiro é importante porque a esquerda precisa de gente disponível para conversar de forma exigente e leal, com princípios e sem acrimónia. Os deputados comunistas são gente dessa, gente comprometida com a soberania democrática. E se António Costa tem, por ora, fechado a porta à solução governativa que em 2015 o fez Primeiro-Ministro, então mais necessário é apoiarmos quem abriu caminho a esse princípio de alternativa.
O reforço do PCP é importante também por outras razões. Sem a força dos comunistas, a dependência externa do país seria ainda maior. A força dos comunistas é também a de um povo que resista e responda a ditames externos em matéria económica ou de política internacional. É a força de uma esquerda popular que tem uma perspectiva internacional e assume uma posição anti-imperialista – uma força que, como afirmam os deputados comunistas ao Parlamento Europeu, não se esquece que a União Euopeia não é a Europa.
Finalmente, mas não menos importante, é certo que sem a força dos comunistas o destino dos trabalhadores nos pequenos e grandes conflitos laborais, que são travados quotidianamente nas empresas, seria mais sofrido e menos justo. Porque a força comunista é também a que apoia o sindicalismo, entre outros movimentos sociais. Por isso dizemos que um voto no PCP em dia de eleições é um voto para todos os dias do ano.
Alice Samara, Historiadora
André Carmo, Professor Universitário e Dirigente Sindical
Ana Estevens, Geógrafa
Ana Margarida de Carvalho, Escritora
Bárbara Carvalho, Musicóloga e Dirigente Associativa
Fernando Ramalho, Livreiro e Músico
Golgona Anghel, Professora Universitária
Isabel Almeida, Professora Universitária
Joana Simões Piedade, Jornalista e Mediadora Cultural
João Ramos de Almeida, Jornalista
João Rodrigues, Economista
Joaquim Paulo Nogueira, Programador Cultural
José Neves, Historiador e Delegado Sindical
Luís Gouveia Monteiro, Jornalista e Docente Universitário
Manuel Loff, Historiador
Maria João Brilhante, Professora Universitária
Miguel Chaves, Sociólogo
Miguel Ribeiro, Programador de Cinema
Nuno Teles, Economista
Pedro Cerejo, Tradutor
Pedro Vieira, Escritor e ilustrador
Tiago Mota Saraiva, Arquiteto
Já houve um país
onde as propostas da IL foram
longamente experimentadas
Por vontade do PSD,
era uma vez o «tendencialmente
gratuito» do SNS
No debate entre António Costa e Rui Rio houve uma revelação que merece uma mais ampla divulgação. A saber: no projecto de revisão constitucional do PSD, quanto ao Serviço Nacional de Saúde, elimina-se a referência ao seu carácter «tendencialmente gratuito». E não adianta que, em substituição, o PSD lã escreva que ninguém pode ser excluído dos cuidados de saúde por razões económicas. Porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.E não adiantam explicações esfarrapadas de Rui Rio. Salta à vista de toda a gente que quem quer eliminar o «tendencialmente gratuito» é porque está contra o «tendencialmente gratuito».