Vozes ao alto !
Um voto para todos os dias do ano
Duas dezenas de pessoas da área da cultura e da universidade, incluindo vários ex-militantes do Partido Comunista Português, assinam um artigo, que aqui reproduzimos, no qual explicam os motivos pelos quais é importante defender a força do partido. (Expresso)
Nas últimas décadas, foi sendo recomendado aos comunistas portugueses que optassem por um de dois caminhos: fazerem do PS um inimigo de classe idêntico aos partidos da direita ou, em nome do combate a esta mesma direita, moderarem o programa comunista a ponto de este se confundir com o dos socialistas. Ora, o PCP tem sabido rejeitar os termos deste mesmo dilema, recusando quer uma via retórica de mera hostilização ideológica do PS, quer a rendição à lógica do “fim da história” em que medram os consensos típicos do bloco central.
Os comunistas portugueses têm rejeitado, uma e outra vez, as soluções de política económica tidas como “evidentes” e “inevitáveis”, que se imporiam porque “estamos no século XXI” ou porque as “regras europeias são o que são” – soluções e regras que têm gerado estagnação económica, desigualdade social e insustentabilidade ambiental.
Mas esta rejeição não impediu que os comunistas portugueses dessem o apoio decisivo a Mário Soares, na sua primeira eleição presidencial, ou a Jorge Sampaio, no governo de Lisboa. E a persistência da oposição comunista ao capitalismo tão pouco impediu que Jerónimo de Sousa, já em 2015, tivesse vindo abrir caminho à “geringonça”, resgatando António Costa da derrota eleitoral que sofreu diante de Passos Coelho.
Durante os últimos seis anos, o PCP deu ao PS de António Costa condições para governar. Recebeu, certamente, muito menos do que aquilo que deu. E os trabalhadores também. Com “paciência revolucionária”, para glosar Jerónimo de Sousa, os deputados comunistas assentiram que um partido minoritário permanecesse, por um tempo recorde, à frente do governo do país. O voto comunista foi decisivo para a aprovação de sucessivos orçamentos de estado e um garante da estabilidade governativa em Portugal durante seis anos.
Esta situação poderia prolongar-se por mais anos, se se avançasse em áreas onde a herança da troika continua a pesar decisivamente, das relações laborais desequilibradas ao investimento público estiolado. O PS não quis avançar. E aqui chegados importa compreender que a estabilidade política não pode ser o primeiro desígnio com que um partido de esquerda se compromete. Porque o PCP está também comprometido com as aspirações de mudança manifestadas pela força dos mais fracos. Como bem disse Jerónimo de Sousa no recente debate que o opôs a António Costa, “um pobre tem uma reivindicação de fundo”, que um salário de 700€ não satisfaz, “e que é deixar de ser pobre”.
O reforço do PCP nas eleições do dia 30 de janeiro é importante porque a esquerda precisa de gente disponível para conversar de forma exigente e leal, com princípios e sem acrimónia. Os deputados comunistas são gente dessa, gente comprometida com a soberania democrática. E se António Costa tem, por ora, fechado a porta à solução governativa que em 2015 o fez Primeiro-Ministro, então mais necessário é apoiarmos quem abriu caminho a esse princípio de alternativa.
O reforço do PCP é importante também por outras razões. Sem a força dos comunistas, a dependência externa do país seria ainda maior. A força dos comunistas é também a de um povo que resista e responda a ditames externos em matéria económica ou de política internacional. É a força de uma esquerda popular que tem uma perspectiva internacional e assume uma posição anti-imperialista – uma força que, como afirmam os deputados comunistas ao Parlamento Europeu, não se esquece que a União Euopeia não é a Europa.
Finalmente, mas não menos importante, é certo que sem a força dos comunistas o destino dos trabalhadores nos pequenos e grandes conflitos laborais, que são travados quotidianamente nas empresas, seria mais sofrido e menos justo. Porque a força comunista é também a que apoia o sindicalismo, entre outros movimentos sociais. Por isso dizemos que um voto no PCP em dia de eleições é um voto para todos os dias do ano.
Alice Samara, Historiadora
André Carmo, Professor Universitário e Dirigente Sindical
Ana Estevens, Geógrafa
Ana Margarida de Carvalho, Escritora
Bárbara Carvalho, Musicóloga e Dirigente Associativa
Fernando Ramalho, Livreiro e Músico
Golgona Anghel, Professora Universitária
Isabel Almeida, Professora Universitária
Joana Simões Piedade, Jornalista e Mediadora Cultural
João Ramos de Almeida, Jornalista
João Rodrigues, Economista
Joaquim Paulo Nogueira, Programador Cultural
José Neves, Historiador e Delegado Sindical
Luís Gouveia Monteiro, Jornalista e Docente Universitário
Manuel Loff, Historiador
Maria João Brilhante, Professora Universitária
Miguel Chaves, Sociólogo
Miguel Ribeiro, Programador de Cinema
Nuno Teles, Economista
Pedro Cerejo, Tradutor
Pedro Vieira, Escritor e ilustrador
Tiago Mota Saraiva, Arquitet
Mas esta rejeição não impediu que os comunistas portugueses dessem o apoio decisivo a Mário Soares, na sua primeira eleição presidencial, ou a Jorge Sampaio, no governo de Lisboa. E a persistência da oposição comunista ao capitalismo tão pouco impediu que Jerónimo de Sousa, já em 2015, tivesse vindo abrir caminho à “geringonça”, resgatando António Costa da derrota eleitoral que sofreu diante de Passos Coelho.
Durante os últimos seis anos, o PCP deu ao PS de António Costa condições para governar. Recebeu, certamente, muito menos do que aquilo que deu. E os trabalhadores também. Com “paciência revolucionária”, para glosar Jerónimo de Sousa, os deputados comunistas assentiram que um partido minoritário permanecesse, por um tempo recorde, à frente do governo do país. O voto comunista foi decisivo para a aprovação de sucessivos orçamentos de estado e um garante da estabilidade governativa em Portugal durante seis anos.
Esta situação poderia prolongar-se por mais anos, se se avançasse em áreas onde a herança da troika continua a pesar decisivamente, das relações laborais desequilibradas ao investimento público estiolado. O PS não quis avançar. E aqui chegados importa compreender que a estabilidade política não pode ser o primeiro desígnio com que um partido de esquerda se compromete. Porque o PCP está também comprometido com as aspirações de mudança manifestadas pela força dos mais fracos. Como bem disse Jerónimo de Sousa no recente debate que o opôs a António Costa, “um pobre tem uma reivindicação de fundo”, que um salário de 700€ não satisfaz, “e que é deixar de ser pobre”.
O reforço do PCP nas eleições do dia 30 de janeiro é importante porque a esquerda precisa de gente disponível para conversar de forma exigente e leal, com princípios e sem acrimónia. Os deputados comunistas são gente dessa, gente comprometida com a soberania democrática. E se António Costa tem, por ora, fechado a porta à solução governativa que em 2015 o fez Primeiro-Ministro, então mais necessário é apoiarmos quem abriu caminho a esse princípio de alternativa.
O reforço do PCP é importante também por outras razões. Sem a força dos comunistas, a dependência externa do país seria ainda maior. A força dos comunistas é também a de um povo que resista e responda a ditames externos em matéria económica ou de política internacional. É a força de uma esquerda popular que tem uma perspectiva internacional e assume uma posição anti-imperialista – uma força que, como afirmam os deputados comunistas ao Parlamento Europeu, não se esquece que a União Euopeia não é a Europa.
Finalmente, mas não menos importante, é certo que sem a força dos comunistas o destino dos trabalhadores nos pequenos e grandes conflitos laborais, que são travados quotidianamente nas empresas, seria mais sofrido e menos justo. Porque a força comunista é também a que apoia o sindicalismo, entre outros movimentos sociais. Por isso dizemos que um voto no PCP em dia de eleições é um voto para todos os dias do ano.
Alice Samara, Historiadora
André Carmo, Professor Universitário e Dirigente Sindical
Ana Estevens, Geógrafa
Ana Margarida de Carvalho, Escritora
Bárbara Carvalho, Musicóloga e Dirigente Associativa
Fernando Ramalho, Livreiro e Músico
Golgona Anghel, Professora Universitária
Isabel Almeida, Professora Universitária
Joana Simões Piedade, Jornalista e Mediadora Cultural
João Ramos de Almeida, Jornalista
João Rodrigues, Economista
Joaquim Paulo Nogueira, Programador Cultural
José Neves, Historiador e Delegado Sindical
Luís Gouveia Monteiro, Jornalista e Docente Universitário
Manuel Loff, Historiador
Maria João Brilhante, Professora Universitária
Miguel Chaves, Sociólogo
Miguel Ribeiro, Programador de Cinema
Nuno Teles, Economista
Pedro Cerejo, Tradutor
Pedro Vieira, Escritor e ilustrador
Tiago Mota Saraiva, Arquiteto