21 setembro 2020

Em boa hora

 Uma carta que
estava a fazer falta


Um grupo de 22 católicos escreveu uma "carta aberta" ao Patriarca de Lisboa e ao Bispo de Aveiro, a manifestar o desagrado pelo facto de terem dado o nome ao movimento que se opõe à obrigatoriedade das aulas da cidadania. Na missiva, estes cidadãos dizem sentir-se envergonhados e dececionados.

Na carta enviada ao Cardeal D. Manuel Clemente e ao bispo de Aveiro, os signatários começam por dizer que o apoio ao manifesto Em defesa das Liberdades de Educação "envergonhou-os enquanto cidadãos, cristãos e católicos". Consideram que "é uma desastrada forma de intervenção cívica". Defendem que o que está em causa são questões relativas à igualdade de género e não à ideologia de género.

Acrescentam que a associação dos dois bispos ao manifesto "foi desnecessária e política e pastoralmente irresponsável" e é um sinal da "preocupante aproximação entre a Igreja e forças políticas".

Entre os signatários, estão elementos de movimentos católicos, professores universitários, economistas, advogado e jornalistas. Nuno Franco Caiado é o subscritor número 1. "Parecem posições que vêm de um passado distante, não compreendo a realidade dos dias de hoje. Não nos revemos nestas posições".
Maria João Sande Lemos, do Movimento Nós Somos Igreja diz que assina como cidadã. "Imagine se agora disséssemos os nossos filhos, os nossos netos não podem aprender nada na escola que se refira à PIDE. Vamos fazer objeção de consciência contra a PIDE, não pode ser. Não é?"

A carta foi enviada sexta-feira à tarde e Nuno Franco Caiado diz que o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, já respondeu: "Mantém integralmente a posição assumida, o que nos parece alguma falta de diálogo e que não entendeu a nossa posição".

Na carta enviada também à Nunciatura Apostólica e à Conferência Episcopal Portuguesa os signatários afirmam que a "cidadania não é uma opção mas um direito e um dever de todos".

19 setembro 2020

Fantasias

 O umbigo 
como centro do mundo


Comemorando a 2500ª edição do Expresso. Marcelo Rebelo de Sousa perpetra hoje num caderno do jornal um depoimento que nos diz que o semanário foi «decisivo para o 25 de Abril» porque   « representou uma rutura com o regime».  
Estamos assim perante uma escandalosa e atrevida reescrita da história feita de sofismas, sonegações e exageros.
Ficamos a saber que para Marcelo Rebelo de Sousa «decisivo para o 25 de Abril»foi o «Expresso» que o mesmo é dizer que decisiva foi a «ala liberal»da União Nacional que aliás não   pretendia nenhuma ruptura com o regime. (ver Nota)
E com esta tese estapafúrdia se esconde que decisivas sim , para além obviamente da iniciativa do movimento dos capitães, foram a prolongada e sacrificada resistência antifascista e a luta libertadora dos povos das   colónias que transformou as guerras coloniais num atoleiro para o fascismo português.      
É no que dá quando  se julga que o umbigo de alguns é o centro do mundo e o motor da história.

Nota : qual ruptura com o regime. qual carapuça ! Em Abril de 1973, Marcelo Rebelo de Sousa ainda escrevia   uma carta a Marcelo Caetano também se queixando do recém-realizado 3º Congresso da Oposição Democrática e denunciando a influência que nele tinham tido os comunistas.

Porque hoje é sábado ( )

Jealous of The Birds 


18 setembro 2020

A imagem internacional dos EUA e de Trump

 Se, por absurdo, os estrangeiros votassem nas eleições americanas, Trump estava feito ao bife



Vale a pena ler

Uma biografia notável



Uma edição da «Página a Página»

«Escrevendo directamente em português, numa prosa limpa e comunicativa, Giovanni Ricciardi, de há muito ligado a profundos estudos sobre o nosso neo-realismo literário, levou a efeito amorosamente esta biografia, que é fruto sazonado de uma honesta e aplicada investigação, tendo ao mesmo tempo a vivacidade, o colorido, o empenhamento afectivo do romance de uma vida. (...)

Soeiro Pereira Gomes, que sobretudo pelos Esteiros, e até por alguns dos Contos Vermelhos, vai provavelmente ficar na história da literatura portuguesa como um dos principais autores da primeira metade do século XX, com a simplicidade de certos grandes mestres que o caracteriza, merecia bem ter encontrado este biógrafo.


Do prefácio de Urbano Tavares Rodrigues

17 setembro 2020

João Ferreira apresentou a sua canidatura

«(...) Num mundo onde se tenha acabado a esperança, como o retratou Saramago no seu “Ensaio sobre a cegueira”, deixamos de olhar para o futuro, deixamos de o ver. “A cegueira também é isto”, dizia. Recordando Castrim, “esperança: é a maneira como o futuro fala ao nosso ouvido”. Num tempo em que tantos não veem nem ouvem o futuro falar-lhes ao ouvido, mais necessário se torna saber organizar e abrir esse futuro. Transformar inquietação em luta, converter o desassossego em confiança. Confiança num futuro construído à medida dos sonhos e projectos a que temos direito e de que não queremos desistir. De que não vamos desistir.

Nesta eleição dirijo-me a todos e a cada um, independentemente das escolhas eleitorais que fizeram no passado. A todos apelo:

Aos que vivem do seu trabalho, e que sentem que, com o seu empenhado esforço, poderiam viver melhor, se fosse outra, mais justa, a repartição da riqueza que criam.

Às mulheres, penalizadas por múltiplas desigualdades, discriminações e violências, no trabalho, na família e na sociedade.

Aos jovens, que não abdicam do direito a serem felizes.

Aos reformados e idosos, que aspiram a uma vivência gratificante no plano pessoal e social depois de uma vida de trabalho.

Esta candidatura apela à força que há em todos, em cada um de nós. Assumam-na como vossa. Confiem-lhe, mais do que o vosso apoio, a vossa energia criadora, transformadora. Façamos desta candidatura parte da luta pela mudança que desejamos para as nossas vidas, da mudança que Portugal precisa.(...)»


na integra aqui

16 setembro 2020

Sobre a nova Lei da Memória Histórica em Espanha

«Le pido prestado el título de su magnífico libro de recuerdos a Vladimir Nabokov para celebrar la aprobación del anteproyecto de Ley de Memoria Histórica, una asignatura pendiente en la democracia española desde hace más de cuatro décadas. Entre las medidas que apareja la nueva ley estará la declaración de "nulos de pleno derecho" todos los juicios sumarísimos del franquismo, toda esa pantomima legal con que se pretendió blanquear el asesinato político, la escabechina y la matanza indiscriminada.
Carmen Calvo ha explicado que "la mejor forma de reparación es declarar nulo cualquier juicio que haya derivado en el fusilamiento sin garantías de personas importantes, como el presidente Companys". Habría que añadir también que la reparación debe incluir los fusilamientos gratuitos de personas poco o nada importantes, porque la inmensa mayoría de las docenas de miles de españoles "ajusticiados" a tiro limpio durante y después de la guerra no disfrutaban de un cargo señalado ni eran el presidente de la Generalitat. Los mataron sólo por apoyar al gobierno legítimo de la República, por pensar diferente o simplemente porque pasaban por allí.
Mucho más contundente será la decisión de sancionar con multas de hasta 150.000 euros las infracciones en el cumplimiento de la nueva ley, lo que significa, por fin, la próxima ilegalización de la Fundación Francisco Franco, un engendro dedicado a glorificar el recuerdo del mayor genocida de la historia de España, un dictador cenizo que estableció a sangre y fuego un régimen fascista similar al de Mussolini durante casi cuarenta años, gracias a la ayuda precisamente de Mussolini y de su colega Adolf Hitler. En ningún otro país europeo se permite la mitomanía de dictadores fascistas, pero Spain is different, ya se sabe, y aquí se tolera la exaltación del franquismo no sólo en fundaciones y bares de carretera sino también en un orfeón de voluntarios empeñado desde hace meses en asediar la residencia del vicepresidente del gobierno.
Con todo, la apuesta principal de esta nueva Ley de Memoria Histórica es la exhumación de los miles de cadáveres que aun permanecen desperdigados en fosas comunes y cunetas, víctimas de la brutal represión franquista. Será una operación a gran escala, mucho más costosa y pertinente que el simbólico desalojo de la momia de Franco del Valle de los Caídos, puesto que requerirá una búsqueda exhaustiva por todo el territorio nacional, la creación de un banco de ADN y la puesta en marcha de un plan de subvenciones para los familiares de las víctimas.
No se trata de reabrir viejas heridas, como se nos ha repetido machaconamente desde las altas instancias, sino de todo lo contrario, de intentar cerrarlas, puesto que para sanar una herida primero hay que encontrarla, del mismo modo que para olvidar, para pasar página a un recuerdo, primero hay que recordarlo. ¿Cómo olvidar cuando no hay ni siquiera una tumba, una lápida, un lugar donde plantar el olvido, depositar flores y lágrimas? ¿Cómo se ha de perdonar cuando nadie ha pedido perdón? Son miles y miles los muertos que claman impotentes desde la tierra no en busca de justicia -algo ya imposible-, mucho menos de venganza, sino de reposo, de poder descansar en paz después de tantos años. Es la memoria de nuestros muertos la que habla.»

Vamos chegar a este ponto ?

Inacreditável
capa do "Jornal de Negócios" hoje

14 setembro 2020

Sobre a desigualdade na pré-campanha das presidenciais


Um pouco de decência,
 se faz favor
A candidata Ana Gomes aproveitou o seu espaço de comentário político ontem, domingo, na SIC Notícias para comentando o apoio de Isabel Moreira a Joáo Ferreira acusar este de não ser um defensor do Estado de Direito.
Fica assim ainda mais evidente que a manutenção daquele espaço de comentário político na SIC é um descarado favorecimento de Ana Gomes e um reprovável factor de desigualdade na pré-campanha das presidenciais. Se Ana Gomes não a tem, então devia ser a SIC a ter a decência de acabar com ele.
Adenda com a
evolução do assunto: