03 maio 2020

Um estudo de Eugénio Rosa

Pessoas por
 detrás dos números 

«(...)Segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho, até 30/4/2020, as empresas (80% são microempresas) já solicitaram a colocação em “layoff” de 1.212.000 trabalhadores, mas a ministra informou que só tinham sido aprovados de 360.000, que receberiam, com atraso, os 70% da sua remuneração, ignorando se os restantes 850.000 trabalhadores teriam acesso ao seu salário de Abril. Os 360.000 a quem foi aprovado o “layoff”, a sua remuneração mensal diminuirá de 1.011€, que é a média declarada, para apenas 696€. Para os 1.212.000 trabalhadores, isto representará uma perda de remunerações estimada em 361 milhões € por mês. Para quem ganha já muito pouco, esta redução é devastadora e levará muitas famílias à miséria. A estes trabalhadores que as entidades patronais querem colocar em layoff, há ainda a adicionar os 182.500 trabalhadores independentes de “recibo verde” que pediram ajuda, e cujo apoio máximo é de 635€ (em Março foi de 438,81€) sendo este este valor multiplicado pela percentagem de quebra de faturação ( se a quebra na faturação foi de 40%, o apoio é apenas de 40% daquele valor). Os independentes que estavam no 1º ano, e que por lei estavam isentos de contribuições (e são milhares) não têm direito a qualquer apoio. Segundo o Ministério do Trabalho, os despedimentos coletivos só até 30/4/2020 atingiram 26.800 trabalhadores, e as inscrições nos Centros de Emprego aumentaram em 52.000. E isto já para não falar das dezenas de milhares de trabalhadores que perderam o emprego e que não aparecem nas estatísticas oficiais de desemprego. Segundo um inquérito feito pela Universidade Católica a uma amostra representativa do total de empregados, 4% dos trabalhadores inquiridos perderam já o emprego. Projetando esta percentagem para toda a população trabalhadora isso dá um aumento do desemprego superior a 160.000 em apenas um mês, o que devastador em termos sociais (...).»


Estudo integral aqui

02 maio 2020

1º de Maio

E o rapaz do 10 de
Junho volta a atacar
Sobre tudo isto mas também a pensar nas pessoas respeitáveis que alinharam no incómodo e oposição à iniciativa da CGTP, aqui ficam  8 pazadas de cal:

- as celebrações do 1º de Maio estavam expressamente referidas como excepção no decreto (que Rui Rio aprovou) do estado de emergência o que protege explicitamente as deslocações inter-concelhos que a iniciativa englobou ;
- as iniciativas da CGTP foram acertadas ao pormenor com as autoridades de saúde e ninguém consegue invocar a mais pequena violação das regras de protecção e segurança recomendadas;
- os autocarros transportaram apenas 16 pessoas cada um com distribuição de gel desinfectante;
- como as imagens documentam, as filas de activistas (com máscaras) estavam distanciadas 5 metros e dentro de cada fila a distância era de 3 metros;
- os críticos da CGTP  que a este respeito falaram da «ordem» para estar em casa (JMT proclama mesmo absurdamente que «todos os portugueses  necessitam de permanecer em estrito confinamento doméstico» ) esquecem-se de que todos os dias centenas de milhares de trabalhadores saem de casa para ir trabalhar e muitas vezes em transportes públicos onde não há 3 metros de distância;
- estes mesmo críticos, tal como eu, quando andam nos passeios das nossas ruas e se cruzam com outros cidadãos não conseguem, em regra, manter uma distância de 3 metros;
- anoto que jamais verei J.M. Tavares e Rui Rio referirem-se a qualquer iniciativa da UGT associando-a ao PS e ao PSD;
- registo que J.M. Tavares, ao acenar com a compra pelo governo da paz social de que precisaria, mostra que 50 anos de vida da CGTP não lhe ensinaram nada sobre esta central sindical.


Porque hoje é sábado ( )

Fiona Apple



E o Patriarcado não comenta

Passaram 46 anos mas
o 25 de Abril ainda não
chegou à Igreja de São Nicolau




01 maio 2020

1º de maio de 2020

Uma imagem forte para
 um dia muito querido




Ao contrário do que disse um jornalista-comentador da SIC Notícias, nenhuma violação de regras de segurança (4-5 metros de distância !) e nenhuma excepção. Apenas uma afirmação de que a luta não se rende e de que, agora ainda mais, importa defender os direitos dos trabalhadores.

Tempos sombrios

Um 1º de Maio
quando  já se fala de fome

manchete do «Expresso»


Magnifico título de uma peça no «Público»

30 abril 2020

Breve história de um "filantropo"

«Roubar em grande e
restituir em pequeno
 é a filantropia"

Paul Lafargue
«Bernard Arnault. símbolo da falsa
 generosidade dos milionários»
«Bernard Arnault, a primeira fortuna da França, que se dizia ser pouco mdiático, recentemente multiplicou as declarações. Diante da pandemia e da escassez, o homem comunicou sobre o fornecimento, pelo seu grupo LVMH, de gel hidroalcoólico, máscaras e testes para hospitais franceses. Mais recentemente, ele relatou que estava cortando dois meses de salários como CEO da LVMH, abrindo mão de todos prémios  variáveis até 2020 e cortando dividendos em 30%.  (...)
Bernard Arnault é um sonegador de impostos. 81% das acções de seu grupo pessoal estão alojadas na Bélgica, um paraíso fiscal no coração da Europa, onde os impostos sobre acções e propriedades estão no nível mais baixo de todos os tempos. O Grupo LVMH possui mais de 200 subsidiárias offshore. A imagem do generoso bilionário não deve obscurecer a realidade: a de uma ganância devoradora satisfeita às custas do contribuinte e, portanto, dos franceses.
O homem professa um liberalismo desinibido, mas ele nunca hesita em bombear o financiamento público: a mídia de seu grupo de imprensa atualmente beneficia do desemprego parcial. Então é o Estado, em outras palavras, nós, que pagamos esses funcionários, enquanto os dividendos fluem. E essas práticas não são diferentes das dos outros gigantes do CAC 40: os exemplos de grandes grupos franceses que continuam a pagar dividendos monumentais enquanto usam paraísos fiscais (Total) ou desemprego parcial (Vivendi) estão bem à vista.
Mais em francês aqui


notícia da RTP em 2012 colocada 
no Facebook pelo meu amigo Macedo Varela

No meio de tanto drama social e desgraça...

... talvez a única coisa boa
que a pandemia trouxe e...
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- Amílcar Correia, em editorial do «Público»


Nota : esclareço que toda a vida me recusei a usar a expressão «Estado-Providência». Com efeito, certamente por ignorância minha, nunca percebi porque é que «Welfare State» (Estado de Bem estar) foi traduzido para «Estado-Providência».


... o Estado
passou a ser óptimo

manchete do «Público» de 30.4