25 abril 2020

Um dia a menos de liberdade

Há 46 anos, o dia
vivido em Caxias



Há 46 anos, o 25 de Abril só chegou aos que estavam presos em Caxias cerca das 7 da manhã de dia 26. Não que não soubessem que algo de  estranho se estava a passar. Com efeito, a seguir ao almoço, o meu companheiro de cela esmurrou a porta com violência para reclamar pela falta do «recreio» e chegou o chefe dos guardas que, em estado de grande nervosismo, comunicou quase gaguejando que recreio não havia. Depois vimos a patrulha da GNR que vigiava o morro traseiro ser reforçada com mais um elemento, agora todos de capacete (o que não era habitual) e dupla cartucheira. Eu até tinha recebido no final de Março a informação de que o movimento dos capitães , apesar do 16 de Março, continuava com os seus projectos e tinha também, recebido a informação essencial sobre os principais pontos do Programa do MFA. Mas nem isso me ajudava porque também sabia dos riscos de um golpe do Kaúlza de Arriaga. O resto dia até à noite foi passado com grande troca de palavras entre os presos de toda aquela ala. E já ao fim da noite é que o José Tengarrinha gritou que havia uma mensagem exterior de claxon (soube depois que era o Carvalhas e outro economista de nome Ferreira)  que falava de «Governo» mas o resto ficou imperceptível. E assim chegou a pior noite da minha vida (a segunda foi em 28 de Setembro de 1974), dominada pelo terror de eventuais represálias da PIDE. O José Tengarrinha explicou uma vez que não se barricou porque não valia a pena dado que a porta da cela abria para fora. E era verdade mas, ainda assim, eu e o João Pedro barricámo-nos com o armário da cela. E, claro, o susto só terminou com a chegada de manhã cedo pelo lado exterior (voltado para o morro) da cela de dois fuzileiros. Aí não precisei de saber mais nada: com fuzileiros não podia ser golpe do Kaúlza. Era mesmo o 25 de Abril porque tinhamos lutado com o programa, mais coisa menos coisa. que me tinha sido comunicado. A liberdade definitiva e total só chegaria depois à uma damanhã de dia 27.
a

A nossa data

Marcha do MFA




Hoje, às 15 hs, cantar a
 Grândola e o Hino Nacional
nas varandas e janelas


Porque hoje é sábado ( )

Maya Keren

24 abril 2020

Não vás ao médico, não !

Dizem que é o Presidente
 de uma grande nação...
Público online
Trump : « primeiro eu vou injectar
desinfectante nos teus pulmões,
depois atingir o interior do teu corpo
 com raios ultra-violeta»
no papel da parede:  «Escola de Medina Trump»

Carlos Silva e UGT

Sempre um
 modelo de coerência



Seria terrível

Do que o 25 de Abril
de 1974 nos livrou

Só por causa das confusões esclareça-se que na notícia o primeiro-ministro rejeita as formas mais perigosas de controlo à distância.

23 abril 2020

Últimos cartuchos de uma polémica

A senhora ensandeceu ?


A senhora da «suspensão da democracia por seis meses». ou seja a dra. Manuela Ferreira Leite brindou-nos ontem na TVI24 como uma originalíssima solução alternativa para as celebrações do 25 de Abril na AR. Nem mais nem menos, expressamente inspirada pela cena do Papa sozinho a celebrar a Páscoa, perante uma Praça de S. Pedro vazia, propôs que o Presidente da República discursasse perante um plenário da AR vazio. 
Cansado da gastar cera com tão ruins defuntos, observo apenas que a República Portuguesa não é a Igreja Católica, que Marcelo Rebelo de Sousa não é o nosso Papa nem o nosso papá, que no Vaticano não há deputados e que a sua proposta seria um golpe profundo e de tremendas consequências na imagem do que é a democracia portuguesa. 
Tudo visto, recomendo apenas à dra. Manuela Ferreira Leite que passe a usar o champô H&S que, segundo a sua publicidade, «mantém a cabeça limpa».


Este post assenta que
 nem uma luva à senhora que
escreve isto no Expresso online



22 abril 2020

Vem aí um novo disco rachado

E, pronto, já cansados
da polémica sobre o
25 de Abril, agora
 voltam-se para o 1º de Maio

Quem assim escreve fala do que não sabe e prefere a especulação à informação responsável e fidedigna. E sobretudo omite que a CGTP já declarou em 14 de Abril o seguinte : «Esta Jornada Nacional de Luta terá um vasto conjunto de componentes de informação, denúncia e reivindicação, nos locais de trabalho e nas ruas, com muito ampla divulgação digitalE, não sendo possível realizar as manifestações e concentrações que juntariam muitos milhares de trabalhadores em todo o País, iremos dar expressão à indignação, protesto e reivindicações dos trabalhadores nas mais diversas formas. Estaremos na rua, garantindo as necessárias medidas de protecção e distanciamento.» E, em 19 de Abril, explicitou mesmo que «Como dissemos na nossa Declaração de 14 de Abril sobre o 1º de Maio, a CGTP-IN não irá realizar as manifestações, concentrações e desfiles.»
E não é preciso ser muito criativo para imaginar que tipo de acções poderá a CGTP organizar que respeitem aquele seu compromisso solene e que certamente serão em concreto divulgadas até ao 1º de maio já que ainda faltam oito dias. Não se afobem nem enervem.