Tão criativos que eles são !
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- André Lamas Leite no «Público»
Como se vê, entre os que fazem campanha contra a celebração do 25 de Abril na AR, há os que sentem a necessidade de oferecer soluções alternativas debaixo daquele principio de que há que ser criativo e que a situação da pandemia é a mais indicada (?) para isso.
Curioso é que todos o façam sem nunca se darem ao trabalho de contestarem de forma fundamentada e séria a evidência de que o modelo proposto para este ano garante perfeitamente regras de contenção e distanciamento (*). E sem que nos expliquem porque é que a AR pode reunir para decretar estados de emergência ou discutir projectos de lei sobre a pandemia e já não pode reunir para homenagear o 25 de Abril.
Nesse âmbito, vem agora por exemplo André Lamas Leite defender o modelo alternativo da salinha televisionada (não o Plenário) em que só usariam da palavra o PR e o Presidente da AR. Por mim, sentencio que as soluções ditas «criativas» raramente são inocentes. É que a AR é muito mais que o seu Presidente, é a representação nacional, por isso é plural e sobre o 25 de Abril há visões plurais pelo que impedir os discursos dos partidos seria uma intolerável amputação e deturpação.
Dito isto, não ignoro que. no essencial, nesta polémica sobre o 25 de Abril na AR o filme está feito com emoções e embirrações (fruto do longo confinamento ?) a prevalecerem sobre uma argumentação que, apelando à racionalidade, apela sobretudo ao respeito pelo lugar que o 25 de Abril deve ocupar na vida das instituições, do povo e do país.
(*) Deputados e convidados estarão a uma distância entre si porventura superior a que têm, nos seus locais de trabalho e transporte, as centenas de milhar de portugueses que vão trabalhar todos os dias.