07 novembro 2019

Conversa sobre muros


(Mais do que um Muro: fotos de 30 anos de vida ao longo da fronteira 
 dos Estados Unidos com o México)


«Tijuana, Baixa Califórnia, 2017. No lado mexicano do muro de fronteira entre o México e os Estados Unidos, as famílias cumprimentam outros membros da família do lado dos EUA.  Catelina Cespedes, Carlos Alcaide e Teodolo Torres vieram de Santa Monica Cohetzala em Puebla para encontrar os seus familiares do outro lado da parede.»


«Tijuana, Baixa Califórnia, 2016. No lado mexicano do muro de fronteira entre o México e os Estados Unidos, Hector Barajas,  def rente, está com outros veteranos do serviço militar dos EUA que foram deportados. Os nomes de seus companheiros militares que morreram estão escritos nas barras da parede. Isso acontece todos os domingos no  Parque da Amizade, nas praias de Tijuana.»



«Holtville, Imperial Valley, Califórnia, 2010. Migrantes encontrados mortos na fronteira entre os Estados Unidos e o México, na área do Vale Imperial e do Rio Colorado, estão enterrados num cemitério  em Holtville. As identidades de muitos não são conhecidas, e são enterrados como "John Doe" ou "Jane Doe". Os direitos dos imigrantes e ativistas religiosos fizeram cruzes para muitos dos túmulos de migrantes, a maioria dos quais dizem  "Não Esquecidos". Cerca de 450 corpos foram enterrados aqui a partir de 2010.»






Duas oportunas iniciativas editoriais

Tempo de (re)visitar
Orlando da Costa


(clicar para aumentar)

06 novembro 2019

De um décimo para um quinto com SMN

Só falta concluir
correctamente !



(clicar para aumentar)
"Ainda de acordo com os últimos dados disponíveis do IDGT, procedeu-se à análise da incidência do SMN nos  trabalhadores  por  conta  de  outrem  a  tempo  completo  por  sexo  e  por  setor  de  atividade.  Desta  análise  resultou que, em outubro de 2018, a proporção de mulheres e homens abrangidos pelo SMN foi de 26,8% e  de  17,9%,  respetivamente,  sendo  que  a  proporção  de  mulheres  abrangidas  não  sofreu  qualquer  variação  face a outubro de 2017 (26,8%), ao passo que nos homens ocorreu um acréscimo homólogo de 0,7 p.p.. " (relatório aqui


(título de uma infografia no «Público»)

04 novembro 2019

Também não sabe lidar com o Google

Um acto de caridade
para com Rui Tavares
(foto colocada por Manuel Pinho no Faebook)
Na sua crónica de hoje no «Público», Rui Tavares entretêm-se a equiparar o Brasil  de Bolsonaro à Venezuela de Chavez e Maduro e, a dado  passo, sentencia que Chavez «mesmo assim demorou alguns anos a até ameaçar retirar, e depois retirar mesmo licenças de emissão a rádios e  televisões da oposição.» 

Já nem vou lembrar que, no tempo de Chavez,  houve televisões privadas a secundar e «orientar» uma tentativa de golpe de Estado.Vou apenas fazer um link para um antigo post meu que dá um panorama das televisões, jornais e rádios da Venezuela. E, quanto à liberdade de manifestação, basta Rui Tavares ir ao arquivo da RTP e ver as manifestações que um muito isento repórter nos deu das ruas da VENEZUELA.




Tempos modernos

Chaplin faz cá falta


03 novembro 2019

Para o seu domingo

Nova versão de
«o direito de viver em paz»

«Nueva versión de la icónica canción de Víctor Jara, El derecho de vivir en paz, que se ha convertido en un himno en las masivas manifestaciones en Chile durante las últimas semanas. Artistas chilenos, junto con Joan Jara y la Fundación Víctor Jara han realizado una interpretación de la canción del cantautor chileno para retratar la lucha que se lleva a cabo por la dignidad, los derechos sociales y la solidaridad del país.»

El derecho de vivir, 
sin miedo en nuestro país.
En conciencia y unidad,
con toda la humanidad.
Ningún cañón borrará,
el surco de la hermandad,
el derecho de vivir en paz.
Con respeto y libertad,
un nuevo pacto social.
Dignidad y educación,
que no haya desigualdad.
La lucha es una explosión,
que funde todo el clamor,
el derecho de vivir en paz.
Es la paz nuestra canción,
es fuego de puro amor.
Es palomo palomar,
olivo del olivar.
Es el canto universal,
cadena que hará triunfar,
el derecho de vivir en paz.

02 novembro 2019

Não me custa reconhecer

Coisas em que
o «Público» dá cartas


No dia (hoje) do centenário
de Jorge de Sena o seu poema
  
Couraçado Potemkin




Entre a esquadra que aclama
o couraçado passa.
Depois da fila interminável que se alonga
sobre o molhe recurvo na água parda,
depois do carro de criança
descendo a escadaria,
e da mulher de lunetas que abre a boca em gritos mudos,
o couraçado passa.
A caminho da eternidade. Mas
foi isso há muito tempo, no Mar Negro.
Nos cais do mundo, olhando o horizonte,
as multidões dispersas
esperam ver surgir as chaminés antigas,
aquele bojo de aço e ferro velho.
Como os vermes na carne podre que
os marinheiros não quiseram comer,
acotovelam-se sórdidas na sua miséria,
esperando o couraçado.
Uns morrem, outros vendem-se,
outros conformam-se e esquecem e outros são
assassinados, torturados, presos.
Às vezes a polícia passa entre as multidões,
e leva alguns nos carros celulares.
Mas há sempre outra gente olhando os longes, a ver se o
fumo sobe na distância e vem
trazendo até ao cais o couraçado.
Como ele tarda. Como se demora.
A multidão nem mesmo sonha já
que o couraçado passe
entre a esquadra que aclama.
Apenas, com firmeza, com paciência, aguarda
que o couraçado volte do cruzeiro,
venha atracar no cais.
Mas mesmo que ninguém o aguarde já,
o couraçado há-de chegar. Não há
remédio, fuga, rezas, esconjuros,
que possam impedi-lo de atracar.
Há-de vir e virá. Tenho a certeza
como de nada mais. O couraçado
virá e passará
entre a esquadra que o aclama.
Partiu há muito tempo. Era em Odessa,
no Mar Negro. Deu a volta ao mundo.
O mundo é vasto e vário e dividido, e os mares
são largos.
Fechem os olhos,
cerrem fileiras,
o couraçado vem.
“Couraçado Potenkim”, Peregrinatio ad Loca Infecta, Lisboa, Portugal, 1969; ed. ut. Poesia III, Lisboa, Edições 70, 1989.